Casos da Jornada (2) - Actualização

Depois de discutidos os casos da 2ª jornada, altera-se o veredicto inicial de acordo com o penalty não assinalado a favor do Braga por falta de Carriço sobre Meyong. Não é um lance fácil, menos evidente que o do Moisés certamente, mas teria que ser marcado também porque a falta existe de facto. Quer se queira quer não, o camaronês foi abalroado com a bola jogável. E um bom árbitro está lá para assinalar isso. Este será sempre o critério, qualquer que seja o clube envolvido. Contabilizar penalties em que existe a falta de facto -não é toquezinhos de tanga que só se marcam no basket.

Classificação Ajustada dos grandes ao fim de 2 jornadas é assim a mesma que se verifica na realidade:
- Porto e Benfica 4 pts
- Sporting 1 pts

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Um olhar lá por fora

Já começaram as temporadas das principais potências futebolísticas europeias. Umas mais adiantadas que outras, todas elas prometem muitos e bons golos, espectáculo e emoção até bem perto do final.

Em Inglaterra, cingindo-me aos agora cinco grandes, já que o City atingiu, pelo menos monetariamente, esse estatuto, aposto no Chelsea para campeão. Têm uma equipa do outro mundo, com a vantagem de desta vez não serem brindados pela incompetência despudorada de Scolari na primeira volta, como sucedeu na época passada, e começarem a temporada com a qualidade e experiência de Ancelotti. O italiano não reúne, para mim, as valências de Guus Hiddink - treinador que admiro tão profundamente que até arrisco a dizer que, se não tivesse entrado a meio da procissão no último campeonato, teria dado o título de campeão aos blues - mas tem capacidades mais que suficientes para trazer de novo a glória a Stamford Bridge, principalmente em termos europeus, já que chegou a vencer duas champions com o Milan. O Manchester United, clube que respira vitórias e trabalho árduo, será o principal opositor dos Londrinos, mesmo sem Ronaldo e Tévez. Liverpool e Arsenal são, a meu ver, as grandes incógnitas. Os primeiros têm tendência para começar mal e acabar bem, com os gunners passa-se o inverso, algo que se está a confirmar uma vez mais. A ver vamos como acabam. Já o City, pese embora as muitas e boas contratações que fez e o facto de ter vencido os dois primeiros jogos, precisará de mais experiência e quiçá de um novo treinador para poder ambicionar o primeiro lugar.

Em Itália, o Inter foi dos três grandes o único que não venceu na primeira jornada. Penso que Mourinho tem este ano um plantel com mais alternativas do que no ano passado, mesmo sem Ibra. Porém a Juve principalmente e o Milan, com um Pato a prometer uma grande época a julgar pelo primeiro jogo, parecem estar muito mais fortes. Interessante é também constatar a Guardiolamania que se abateu sobre estes dois colossos que escolheram para técnicos duas das suas recentes glórias, sem que ambos tenham qualquer experiência como treinadores de equipas principais. Também aqui é difícil prever o que vai acontecer, embora esteja tentado a concordar com Marcello Lippi, para fúria do meu ídolo José Mourinho, e atribuir um certo favoritismo à Juventus. Muito embora pense também que a inexperiência de Ferrara pode muito bem fazer com que este não aguente o embate com os mind games do special one e o mesmo pode ser dito em relação a Leonardo. De resto, atenção também ao Génova que tem uma belíssima equipa fruto do enorme investimento que fez.

Aqui ao lado, em Espanha, parece claro que a discussão será entre Barça e Madrid, para não variar. O Barcelona abriu a época a vencer a supertaça espanhola e é para mim de longe o favorito. Joga um futebol único, tem um treinador inteligente com um plantel definido, mesmo que ainda cheguem Bruno Alves ou Chigrinsky. Por outro lado, o Real Madrid está longe de ter estabilidade, não se sabendo ainda se nomes como Van Der Vaart, Sneijder, Drenthe ou Robben irão ou não continuar. Evidentemente que as apresentações meagalómanas de Ronaldo e Kaká podem ter sabido bem ao comum dos adeptos que o que quer é notoriedade para o seu clube, mas isso por si só não garante resultados e não serve para fazer esquecer o "triplete" blaugrana, por mais efusivas e bombásticas que sejam as capas da Marca ou do AS. O Barça é favoritíssimo e considero - na verdade espero ardentemente, como todos os anos - que será o vencedor de "La Liga". Para o terceiro lugar é previsível uma disputa entre Atlético de Madrid, Sevilha, Villareal e Valência, com uma mínima vantagem para os colchoneros, é cá um feeling que eu tenho.

Em França e na Alemanha as coisas devem ser bem renhidas. Bordéus, Marselha e Lyon aparecem fortíssimos para esta nova época gaulesa. O Marselha reforçou-se muito, como é hábito. O Lyon conta com Michel Bastos, Cissokho, Gomis e um super Lisandro López. Já o Bordéus, campeão em título, continua uma máquina de bom futebol mantendo nomes como o genial Gourcuff (não me canso de elogiar este rapaz), Gouffran ou Chamakh, tudo sob a liderança irrepreensível de Laurent Blanc. Pela Bundesliga, o Bayern não acerta o passo e o campeão Wolfsburgo, de Dzeko, Grafite, Benaglio, Martins e companhia, perdeu o seu primeiro jogo frente ao também candidato Hamburgo. Para além destes três clubes, há também o Estugarda e o Werder Bremen que devem sempre ser levados em linha de conta para uma disputa destas.

Está lançada a nova época!

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Casos da Jornada (2)

Nesta 2ª jornada, como se previa, o facto de os grandes defrontarem três equipas de linha média/alta, que normalmente criam sempre muito problemas, resultou em jogos quentes, com polémica q.b.

Sporting-Braga:
- Penalty claro como a água, nas barbas do Olegário, por mão de Moisés, logo nos minutos iniciais. Teria que ser marcado, com amarelo correspondente (há quem peça o vermelho mas já acho exagerado)
- Na 2ª parte, Carriço carrega Meyong em falta. O lance é discutível, na altura pareceu-me um choque normal e a maioria dos especialistas não considera falta. Eu depois de rever várias vezes creio que o é, pois a bola (ainda) estava jogável e o central leonino só se preocupa em acertar no camaronês. Mas claramente dou o benefício da dúvida ao árbitro.
O resto dos lances não teve influência no resultado final. As outras quedas nas áreas foram perfeitamente legais, nomeadamente a do Matias “que-pensa-que-é-maradona-e-quer-furar-por-onde-não-pode-e-tem-um-bigodinho-cómico” Fernandez.
No saldo geral, creio que se pode afirmar, em virtude desta análise, que ao SCP lhe foi retirado um ponto.

Vitória de Guimarães-Benfica:

Pela primeira vez na vida, o meu consócio Pedro Proença se lembrou de tratar com mínimo respeito o clube do qual é afiliado, e conseguiu marcar um penalty claro a nosso favor. Teve outras decisões muito tendenciosas, como o amarelo ao javi aos 27 min depois de o Nuno Assis já ter três ou quatro faltas e não ver nada, e dar pontapé de baliza na defesa do Nilson ao remate do Aimar isolado é só para irritar. Mas pronto, em termos de decisões-chave:

- Primeira parte, choque de Douglas com Luisão na área perfeitamente legal- Penalty de Flávio Meireles é claro, e o amarelo também visto que há intencionalidade (e é isso que conta para questões disciplinares). Era o segundo, e como tal esse tipo que passa sempre impune finalmente foi expulso contra nós. Infelizmente, Tacuara voltou a falhar.
- Há depois um lance do Targino que passa pelo Luisão, que o tenta ainda derrubar, ficando isolado. Depois, perdeu tempo ao ajeitar para o pé esquerdo, e o D.Luiz cortou. Nelo Vingada contestou o facto de o Proença ter dado a lei da vantagem, mas era o que se impunha porque i) era fora da área; ii) o Targino ficou completamente sozinho, bola dominada, depois é que perdeu tempo. Se o Proença tivesse parado o jogo naquelas circunstâncias, os vitorianos ter-se-iam passado porque lhes tirava a possibilidade de marcar com um tipo isolado, só que como depois o extremo falhou quiseram voltar atrás. Assim não vale...
- Bem, agora vem o melhor. Conseguiram os vitorianos – e não só... – dizer que a falta sobre o Coentrão que deu origem ao livre do golo do Ramires...não existiu. Se a lei agora tiver passado a dizer que não se marcam faltas quando jogadores do SLB são puxados por trás, então é mal marcado. Mas ao que consta o International Board ainda não se decidiu por essa alteração.
- Finalmente, expulsão de Nuno Assis. Aqui sinceramente acho que há excesso de zelo. Os árbitros em Portugal continuam sem saber o que é uma picardia normal ou algo grave, nem o Coentrão nem o Assis levavam, por mim, amarelo. Para o Assis foi o segundo.
Em resumo, resultado não foi desvirtuado pela arbitragem.
Porto-Nacional
Foi um jogo em geral mais morno que os anteriores, mas do nada surge um lance muito polémico.

Falta de Cléber na área por mão – é penalty, algo infeliz porque a bola ressalta no pé, mas ele está a aumentar a extensão do corpo e impede a bola de ir para a baliza. Depois, duas expulsões por excesso de palavras. Os especialistas da arbitragem – sobretudo os ex-árbitros – adoraram a manifestação de autoridade do João Ferreira. Eu por princípio – e até pelo que se discutiu aqui a semana passada em relação a jogadores do Porto, Moutinho, Postiga, etc. – acho que há situações e insultos que o árbitro não deve deixar passar em claro, agora há momentos em que ele também tem que perceber que os jogadores reajam um pouco mais a quente. Sobretudo quando ele tinha marcado canto e só depois – com toda a propriedade – mudou a conselho do auxiliar. É normal que a mudança tenha enervado os jogadores.

Portanto, em termos arbitrais ( e no jogo jogado também) resultado justo.

Conclusão:Sporting deveria ter mais um ponto, Benfica e Porto na mesma.

Classificação Ajustada dos grandes ao fim de 2 jornadas seria assim:
- Porto e Benfica 4 pts
- Sporting 2 pts

Como anunciado, podem discordar até ao início da próxima jornada, e o veredicto será revisto caso se justifique.

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Eu avisei...



Que este ano vamos rir muito com os verdinhos!

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Um regalo





Ele é, porventura, demasiado brinca na areia mas tem laivos de génio. Às vezes parece brincar com os adversários; já o tinha feito por exemplo no jogo com a Académica (a expulsão do Paulo Sérgio surge num lance em que leva um túnel daqueles que custam) e hoje voltou a abrir o livro com pormenores deliciosos. Foi, além demais, decisivo nos dois golos (como tinha sido na primeira jornada) e na forma como geriu sempre muito bem os tempos de jogo. Cheguei a pensar que o Jorge Jesus o contratasse para a Luz, mas com Ramires, R.Amorim ou Martins talvez se tenha achado que eram jogadores a mais para o lado direito. Também não seria muito fácil ir buscá-lo ao Braga. Mas é cada vez mais um craque com todas as letras. E até sabe o que é ser campeão em Portugal.


Alan de seu nome...

P.S. Craque ainda é também um senhor chamado Hugo Viana, que tenha visto só falhou um passe hoje (mesmo estando ainda notoriamente fora de forma) e continua a ser o protótipo de um jogador inteligente. Torço para que ainda vá a tempo de ter a carreira que prometeu



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Breves: Contabilidade Arbitral e Outras

- De acordo com o resultado da discussão anterior, em relação aos casos da jornada, altera-se a contabilidade inicial e o saldo de Porto, tal como Benfica e Sporting, passa a ser nulo. Tal deve-se ao facto de haver também foras-de-jogo perigosos a favor do FCP - e não só o do Carlitos do Paços - que foram mal assinalados. Depois da jornada que se iniciou hoje em Olhão, apresentaremos nova análise e contabilidade actualizada: com jogos que se adivinham difíceis para os grandes, creio que tenhamos bastante matéria para análise.

- Jornada Europeia globalmente positiva para as cores lusas, ainda que com resultados escassos para SCP e Nacional. De realçar, como salientava hoje o José Manuel Delgado em A Bola, que estes dois clube mais o Benfica marcaram um total de 10 golos, contra bons opositores, mais do que o total de golos apontados na 1a jornada da Liga Sagres (mais o primeiro jogo da segunda). É a diferença de ter árbitros que protegem o espectáculo (ok, o húngaro de Alvalade não é para aqui chamado), avisam os guarda-redes contra perda de tempo aos 10 minutos, não aos 80 (não é, Artur Soares Dias?), e de ter treinadores que jogam o jogo pelo jogo em vez de lutar pelo pontinho da ordem.

- Nesta jornada, como disse, os grandes têm testes difíceis, em teoria mais o Sporting e Benfica, mas o Nacional - que achei muito fraquinho contra o SCP - pelos vistos apareceu em muito bom nível contra o Zenit e por isso também terá uma palavra a dizer no Dragão, mais a mais perante um Porto ainda à procura de se encontrar. Vamos ver, acho que vamos ter emoção.

- Lá por fora, destaque para o Chelsea: será que é este ano que varrem a Europa? Vou torcer por eles, esta equipa, até pelo azar que tem tido todos os anos, merece ganhar um título europeu. Gostava que jogadores de que gosto muito, como Terry, Lampard, Ballack ou Drogba o ganhassem até porque já não são jovens e já morreram na praia, então o Ballack...; além disso, este ano parece que temos Deco de volta a oferecer-nos magia...

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Um olhar sobre os grandes e... os Casos da Jornada (1)

Também ia escrever um post sobre a qualidade da Liga, mas como o Duarte já o fez direcciono antes o meu olhar antes para a análise das partidas dos três grandes e dos seus casos. Tudo na mesma entre eles depois da 1ª jornada da Liga Sagres. O estranho é que estejam em igualdade...mas com um ponto.





- No Sábado, o Sporting empatou na Choupana com o Nacional. Num jogo de fraca qualidade, a equipa de Paulo Bento – na bancada – fez (mais) uma primeira parte paupérrima; o técnico voltou a tentar mudar de sistema e jogar mais aberto do que o losango habitual, num 4-3-3 com Rochemback, Moutinho e Veloso a meio campo, Djaló a extremo-direito e Liedson e Postiga alternando o eixo do ataque com a faixa esquerda. Para tal abdicou da criatividade de Matias Fernandez, que entrou demasiado tarde no jogo e ainda produziu alguns resultados. Do Nacional também não se pode dizer maravilhas: forte defensivamente, como é seu timbre (praticamente a jogar com cinco defesas) e apanágio das equipas de Manuel Machado, tentava explorar o contra-ataque através de João Aurélio e Amuneke mas sem grande sucesso. Os processos são semelhantes aos da época passada mas sem Alonso, Nené ou mesmo Mateus perde-se muito da qualidade extra da equipa. A verdade é que controlou o jogo no meio campo com relativa facilidade, em especial graças à magnífica exibição de Leandro Salino, e acabou por obter um golo mais ou menos caído do céu – que no caso do Sporting normalmente, e ontem mais uma vez, se pode traduzir por “Polga”.

No segundo tempo, mais Sporting e menos Nacional. Os verdes melhoraram, em especial com as entradas de Vukcevic e Matias e com o consequente regresso ao losango habitual, que os jogadores conhecem muito melhor. O Nacional falhou a chance de matar o jogo e depois, como sempre acontece nas equipas portuguesas que continuam a usar velhas tácticas do ferrolho sem ponta de lança para segurar jogo e os centrais adversários na frente (a capacidade de retenção de bola do Amuneke e do esloveno que entrou, o Pecnik, roçou o miserável), recuou em demasia; grande pressão do Sporting, ainda que desorganizado (incrível ver como certos jogadores têm que fazer três e quatro posições diferentes por jogo, eu sei que polivalência é um princípio apreciável mas não em demasia...), com um golo (bem...de pura sorte, mais uma vez) e uma ou outra oportunidade para chegar à vitória. Não se vê como o Sporting neste momento pode sequer atrapalhar a Fiorentina, a não ser pelo facto de a Fiore ter menos ritmo competitivo.

- Domingo, Porto e Benfica. Em Paços de Ferreira um jogo interessante, na minha opinião, e ainda à luz do dia a lembrar tempos idos do futebol tuga. O Porto continua a anos-luz do que pode fazer, pese embora a táctica ter sido mais adequada do que na Supertaça, com a saída do Varela e entrada de Farías para o eixo. O Paços complicou e muito, também se apanhou a ganhar com muita sorte mas depois jogou de igual para igual, bem organizado tacticamente e de novo com William e Cristiano a causarem problemas na frente. Poucas jogadas bem construídas pelo Porto na 1ª parte, e aquelas que surgiram foram sobretudo iniciativas individuais (brilhantes) do Belluschi. Vai ser difícil para o Porto adaptar-se à realidade de Belluschi vs Lucho, jogadores muito diferentes, e não sei até que ponto o rendimento colectivo do meio-campo se irá aproximar da máquina que era, mas que o ex-Olympiakos nos vai oferecer momentos de puro deleite, vai. E atenção, não é nenhuma vedeta no mau sentido da palavra, é um jogador muito objectivo, produtivo e inteligente. Por outras palavras, se vai resultar enquanto peça do relógio não sei, é uma questão mais do foro táctico – o Porto pode eventualmente perder colectivamente, ou até talvez não, a ver vamos - mas individualmente será sempre um grande destaque. E se se fala muito de como o Porto bem vende, este é um caso em que posso estender os elogios à compra: 5 milhões parece-me baratíssimo para a qualidade do argentino. Voltando ao jogo, além desses momentos de Belluschi pouco fez o Porto, sobretudo porque a meio-campo está com dificuldades em garantir recuperações de posse da bola tão rapidamente como fazia na época passada, com os problemas de controle do jogo a isso inerentes. Raúl Meireles - para mim provavelmente o melhor jogador do último campeonato - está muito longe da forma habitual e mesmo Fernando....com isso a equipa ressente-se, mas mais tarde ou mais cedo o nível vai voltar a elevar-se. Não podia deixar passar em claro – por razões óbvias – é o péssimo jogo do Álvaro Pereira...acho que vai haver ali problemas.

A segunda parte foi marcada pela expulsão do Hulk. Vai haver muitos problemas com Hulk esta época, porque os árbitros não lhe perdoam ele reclamar publicamente de muitas faltas que não são marcadas (e ele tem toda a razão, diga-se), e vai ser preciso muito trabalho psicológico para ele não perder a cabeça constantemente (e já agora, para se tornar menos individualista, melhorou muito nesse capítulo mas o processo de decisão ainda está muito verdinho...). O Porto fez, como grande equipa que é, o que lhe competia, não se atemorizou e continuou a tentar, dentro do possível, tomar conta do jogo. O Paços também creio que tenha recuado excessivamente, fazendo-se valer da superioridade numérica para ter algumas boas ocasiões (não muito flagrantes) de elevar a contagem. E a verdade é que quem marcou foi mesmo o Porto, num golo à ponta de lança do Falcao, um lance inadmissível contudo do ponto de vista defensivo: dois defesas deixaram que o Fucile, sozinho na direita, conseguisse centrar e depois os centrais não saltaram e ficaram a ver jogar. Acaba por ser um resultado justo, durante a segunda parte parecia que o Paços ia mesmo ganhar mas as equipas campeãs (e o que me custa escrever isto sobre um rival) aparecem, mesmo que joguem mal, precisamente nestas alturas. Daqueles jogos em que se ganha um ponto em vez de perder dois.

Quem perdeu dois...foi o Benfica. Perdeu dois porque falhou, e falhou, e falhou...Agora estou mais calminho mas nunca bradei tanto aos céus como neste jogo. Eu nunca gosto de me desculpar com o azar e mesmo desta vez há falhanços mais por azelhice do que azar (sobretudo os do Cardozo, de que muito gosto mas que esteve muito mal). Mas outros só indo à bruxa. Comparável só o empate a zero com o Boavista em 06/07, jogo em que mandámos três aos ferros e o Peçanha de então se chamava William Andem. Como disse o Jorge Jesus, a sorte procura-se, mas o Marítimo não procurou, teve mesmo vaca.

Primeira parte algo monótona, Marítimo com o autocarro de dois andares a lembrar ao Benfica que uma coisa é jogar com equipas internacionais na pré-época, que jogam o jogo pelo jogo, outra é jogar em Portugal, em que para aí dez em dezasseis equipas só procuram destruir e jogar com o relógio. Não são desculpas nem nenhuma novidade e passa-se o mesmo contra Sporting e Porto, só estou a constatar. Infelizmente o futebol bonito que temos jogado creio que só se vai ver a espaços e sobretudo na Liga Europa, pelo que disse. Mas a equipa mostrou na segunda parte que tem um potencial fortíssimo e que saberá encontrar soluções várias, mesmo para contrariar este tipo de jogo.

Numa das raras incursões atacantes dos maritimistas o David Luiz comete penalty, já depois da lesão do Carlos Martins e do livre à barra do Aimar, e golo para o Marítimo. E o Benfica, embora tivesse reagido bem e pudesse ter empatado até ao intervalo, continuou a sentir dificuldades; nessa fase só o Coentrão parecia estar tranquilo. O descanso fez bem, a equipa veio transfigurada e a segunda-parte foi um...massacre como não se vê muitos por aí. As substituições foram bem feitas, desequilibraram a equipa do Marítimo e geraram oportunidades atrás de oportunidades, um penalty falhado e uma exibição monumental de Peçanha. Weldon e Nuno Gomes entraram muito bem, e mesmo com este azar e Peçanha incríveis, com um Cardozo minimamente normal teríamos ganho por dois ou três. Um reparo ao Jesus, já agora: se, até como ele, JJ, salientou, o Tacuara estava naturalmente em baixo depois das viagens longuíssimas e jogo a meio da semana pelo Paraguai, deveria ter começado no banco. É para isso justamente que serve a nossa abundância de pontas-de-lança. Outro reparo é a aposta em Sidnei: gosto dele mas continua excessivamente...brasileiro. Com isso digo tudo. Deve sair do onze, até para permitir entrar o Shaffer ou o César, quero um defesa-esquerdo de raiz à esquerda, sobretudo agora que também à direita estamos menos agressivos com a lesão do Maxi.

Nota ainda para o anti-jogo do Marítimo, com que o Artur Soares Dias pactou excessivamente; embora aqui a crítica seja toda para os atletas, se simulam lesões claro que o árbitro não é médico mas...o árbitro também não é parvo e deve tentar punir quem está a fazer fita. É que eu juro que nunca tinha visto no mesmo jogo tantas paragens para assistência, e em TODAS bastou o tipo chegar fora de campo para ficar logo bom. Acontece em todos os jogos, mas de facto roçou o escândalo. É um nojo de atitude profissional: não sou ingénuo, quando jogava à bola queimava tempo como todos, mas isto é demais.

Em resumo, depois de ler os blogues e caixas de comentários dos jornais online encontrei os habituais comentários gozões, que já esperava, sobre o Benfica ser sempre campeão de pré-época e depois dar em flop. Quem só viu o resultado pode pensar isso, quem o viu sabe que este ano não vai ser assim. Nunca mais vamos ter tanto azar e se a equipa, treinando com o JJ há apenas mês e meio, já é capaz de fases tão avassaladoras (com boas jogadas, não é desespero com chuveirinho), o futuro será promissor. Mesmo com as particularidades do nosso futebol. E também por causa da mobilização dos adeptos. Durante a segunda parte no estádio vi um inferno que estava perdido, chamem-me lírico (lol) mas naqueles momentos a seguir ao golo do empate acho que o Terceiro Anel voltou a ser o velho Terceiro Anel, que esmagava os adversários e empurra a equipa para a baliza adversária, como o pressing final nos descontos demonstrou.


CASOS DA JORNADA






- Nacional – Sporting:
Erros sem influência no resultado. Só o João Moutinho poderia ter sido expulso na primeira parte mas o segundo amarelo seria sempre muito penalizador, sobretudo quando o primeiro tinha sido ridículo. Se ele fosse expulso era um disparate.

- Paços de Ferreira – FC Porto
Este já foi um jogo mais...picante.
- Vamos aos casos: Primeiramente, a expulsão do Hulk, correcta, por acumulação (embora ele tenha sido, segundo o relatório do Carlos Xistra, mesmo expulso). Há quem considere que ele deveria ter sido logo expulso na primeira parte por 2 vezes, mas não concordo: aquela mão na cara do F.Anunciação é uma mão normal de quem está a proteger a bola, o gesto não é ostensivo nem estava a olhar para o jogador do Paços; depois, há uma simulação a meio campo, em que eu acho que apesar de tudo ele leva um toque. E não sendo grosseira seria falta de bom senso expulsá-lo por aquilo.
Depois, há um lance do Falcao que centra e a bola bate no braço do Anunciação na área. Este tinha os braços completamente junto ao corpo, com as mãos atrás das costas (como os defesas fazem muitas vezes para evitar fazer penalty), e a bola foi-lhe ao braço. Eu acho que ele não se mexeu de todo, nem vi quase ninguém falar do lance, só o Guilherme Aguiar (que nisto não me merece a mínima consideração, conseguiu dizer que a tesoura do Hulk nem para amarelo era) é que diz que ele se mexeu todo mesmo assim para lhe dar com o braço. Não é nada.

Temos depois 2 foras-de-jogo mal marcados, um para cada lado, mas com um impacto totalmente diferente...na primeira parte há um marcado ao Hulk, ele nem sequer dominou bem e portanto o lance não se pode dizer com nenhuma segurança, até porque a defesa já se estava a reposicionar, que ia dar em alguma coisa. Já o do último minuto (bastante mais claro até pela forma como se desenrolou o lance) é daqueles que ninguém acredita que foi não intencional: jogador do paços na cara do golo, até fintou o helton e depois é que abranda quando era só encostar, por isso para todos os efeitos é um golo que o Paços ia fazer e lhe foi anulado.
Como esta era a última jogada do jogo, o Porto tem um ponto a mais do que devia.

- Benfica – Marítimo:
Outro jogo quente.
- Penalty do David Luiz bem marcado, ele estava a olhar para outro lado mas isso não interessa, desvia a bola com a mão.
- Paradinha do Alonso. Já pode ser feita.
- Penalty do Saviola bem marcado, falta escusada do Miguelito, há aproveitamento do Saviola mas que houve falta, houve. Também não deu em nada. Devia ter sido repetido por dois jogadores lá entrarem, mas não vou estar a dizer que ele marcava à segunda.
- Penalty do Briguel. Não acho falta ( e o jeito que dava...), é bola no braço e não o contrário. Além disso, não é daqueles lances em que o defesa de propósito tem os braços abertos para aumentar a extensão do corpo, é um carrinho normal em que ele não pode cortar os braços.
- Cardozo e David Luiz. Não acho que nenhum deva ser expulso: Cardozo foi uma falta ostensiva, claro, mas para parar um ataque como tantas vezes como se faz, não por maldade como aqueles toquezinhos no joelho, entrada de pitons levantados ou tesouras por trás, e ninguém costuma ser expulso assim. Também não era lance de perigo. O do David Luiz então não percebo, quando muito amarelo e nem isso, é uma disputa normal nos ares e uma fita descomunal do Briguel como se viu bem nas imagens televisivas (foi só sair do campo e reentrar).
- Anti-jogo do Marítimo. Sinceramente, nunca tinha visto tanto. Num jogo a sério o Peçanha era expulso (ver amarelo aos 85 min é só para gozar com as bancadas) e alguns jogadores do Paços tinham visto segundo amarelo. Como disse sei que um árbitro não é médico e que no caso do guarda-redes o árbitro tem que parar sempre o jogo se ele estiver caído, mas há que ter o mínimo de bom senso e algumas vezes foi demasiado ridículo, só o árbitro fingiu não ver.
Mas descontando isto, e como prometi que só contaria lances graves, acaba por ficar ela por ela. Acho que no cômputo geral com um bom árbitro que deixasse o jogo correr (a propósito, 5 min de compensação apenas??) o Benfica teria ganho, mas para ser consensual creio que se pode dizer que pela arbitragem o resultado é justo.


Como disse no comentário em que lancei a ideia da contabilidade dos erros, isto é passível de ser alterado até á próxima jornada por maioria de opiniões - só as fundamentadas, claro. Para já, Sporting e Benfica saldo nulo, Porto um ponto a mais do que o devido. Mas digam de vossa justiça:)

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Aquilo foi só um aquecimento, certo?

Confesso que este é talvez o post que mais criatividade exigiu de mim em termos de escrita porque, após ter visto jogos tão pobres, só mesmo com um vocabulário cativante em termos formais é que poderei fazer um texto minimamente interessante, tendo este um conteúdo tão pobre e entediante, ou não estivesse a debruçar-me concretamente sobre a primeira jornada do campeonato português. Não prometo que o consiga, mas vou dar o meu melhor e, sendo assim, cá vai.

Para os mais líricos, este campeonato poderia servir para marcar uma viragem em termos exibicionais. As equipas pareciam mais competitivas, o quadro de treinadores estaria à partida também ele relativamente rejuvenescido, apresentando técnicos diferentes e com sangue na guelra para dar aos planteis uma abordagem diferente aos desafios. Concluindo e resumindo, antes de particularizar, estavam reunidos os condimentos, segundo alguns diga-se, para que este campeonato começasse logo de início a empolgar os adeptos. Puro erro, claro.

O marasmo começou logo na sexta feira, com Leixões e Beleneneses a proporcionarem um espectáculo paupérrimo que culminou num empate a zero, resultado aliás repetido hoje por Setúbal e Guimarães e ontem no encontro que opôs a Naval à Olhanense. Já Leiria e Rio Ave empataram a uma bola, seguindo assim a lógica dos três crónicos candidatos ao título, mas destes falarei mais adiante . No fim de contas, só o Braga teve razões mínimas para festejar. Sem fazer um grande jogo, longe disso, os bracarenses lá derrotaram a Académica, mas também só o fizeram tardiamente e com um golo solitário.

Sporting, Porto e Benfica, não conseguiram também eles fugir a esta mediocridade de resultados. Três empates, todos a uma bola. O Sporting foi, deste trio, aquele que abriu as hostilidades, arrancando a ferros um empate com o Nacional, na Choupana, beneficiando de mais um autogolo. É justo, no entanto, que se diga que os leões eram aqueles cujo opositor representava um maior grau de dificuldade, mas isso por si só não chega para justificar tamanha inoperância dos jogadores e treinador, que mais uma vez optou incompreensivelmente por deixar Vukcevic no banco.

Seguiu-se o Porto em Paços de Ferreira e foi mais do mesmo. Má exibição dos tetracampeões, o brilhante voo de Falcao foi das poucas coisas que se aproveitaram naquele final de tarde na capital do móvel. Esperava-se e exigia-se mais dos campeões nacionais, sobretudo em virtude do muito público azul e branco que invadiu a Mata Real. O lado positivo foi que, mesmo jogando com dez, a equipa nunca perdeu a coesão táctica e teve personalidade que chegasse para alcançar o empate.

Faltava o Benfica que, com o cenário precedente e com a habitual euforia oriunda da pré-época, tinha tudo para ter uma entrada auspiciosa, em casa, frente ao Marítimo. Também aqui nada de novo sob o ponto de vista do resultado. Empate com um golo para cada uma das equipas, com uma diferença por comparação aos outros jogos: houve muita parra e pouca uva. Já li e ouvi várias opiniões sobre o jogo. Aquilo que eu vi deste Benfica não foi nada que não esperasse de uma equipa que se assume legitimamente como candidato ao título e nada, é justo que o diga, que não tenha visto no Benfica de Fernando Santos, Camacho ou Quique Flores. Estando a perder, os encarnados lançaram-se desenfriadamente no ataque, o que não é mais do que a obrigação de um clube que gastou rios de dinheiro em jogadores e que, ao contrário de Porto e Sporting, jogava perante o seu público.

Deseja-se agora que tudo isto não tenha passado de uma ambientação às competições oficiais e que os próximos encontros nos tragam pelo menos mais golos porque, quanto a mim, pedir bons jogos com emoção e intensidade até final com regularidade, é obviamente de mais para esta gente.

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O ínicio da Liga Sagres

Escrevo num momento em que acabo de ver o Nacional a empatar com uns meninos de verde que se passearam de uma maneira muito fraquinha pela choupana.
Sinto realmente que muito me irei rir este ano pelo menos com os meninos verdes!
As férias já acabaram e agora com o começo das várias ligas, estarei mais activo no settore.
O Pedro deu a ideia de contabilizar os “roubos de igreja” que naturalmente irão surgir! Acho uma óptima ideia.

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De Aveiro a Pequim


O fim-de-semana que passou trouxe-nos o arranque do calendário oficial de futebol em vários dos principais países europeus. Alguns, como França e Alemanha, tiveram mesmo a primeira jornada dos respectivos campeonatos. Na Bundesliga o destaque maior vai para o Wolfsburgo, que sem perder nenhuma pedra fundamental e acrescentando Martins será grande candidato a revalidar o título, até porque o Bayern me parece demasiado remodelado (e o Van Gaal é muito, digamos, imprevisível...). Mas é sempre uma liga com muitas surpresas, boas equipas, e há cerca de seis a oito clubes que podem aparecer sempre como potenciais vencedores. Em França creio que vamos ter uma época interessante, os clubes reforçaram-se bem, sendo que Bordéus e o novo Marselha do histórico Deschamps (uma lenda local), seguidos pelo Lyon, aparecem como favoritos. Destaque ainda para o Paulo Duarte, que, valendo-se da competência mas também certamente de óptimos contactos (a começar pelo facto de ser genro de João Bartolomeu, presidente histórico do União de Leiria), está a conseguir construir uma carreira surpreendente, desde a selecção do Burkina Faso ao Le Mans, que quase bateu o pé este domingo ao Lyon (Lisandro empatou de livre fora de horas).

Contudo, para mim o maior interesse passou por outros destinos, aqueles onde se jogaram as supertaças portuguesa, inglesa e italiana.

Começando pela última, disputada de forma sui generis em Pequim, foi um jogo deveras surpreendente, não só pelo ritmo já apresentado por Lázio e Inter, como pela abundância de oportunidades e jogo aberto, cada vez mais, como sabemos, características arredadas da Serie A. O Inter acabou por perder com muito azar face à avalanche de produção ofensiva que conseguiu, permitindo dois golos contra a corrente do jogo. Mas jogou bem: Etoo enquadrou-se de forma excelente e combinou muito bem com Milito; Stankovic rematou muitas vezes em zonas perigosas; Cambiasso garantiu muita posse de bola a meio campo; a defesa, com a inclusão de Lúcio e com mais rotinas, parece-me poder ser fortíssima, em termos de poder físico o Inter será comparável ao Chelsea, para mim nesse aspecto a equipa mais sólida do mundo. Pontos negativos pareceram-me Thiago Motta - que, pese embora a grande época no Génova nunca achei que tivesse nível para o Inter nem creio suprir o grande défice da equipa, a falta de um criativo a meio campo - e algum afunilamento do jogo pelo centro face ao maior retraímento do Maicon do que é habitual (embora o Etoo tenha compensado algumas vezes porque cai muitas vezes na ala). Se Mourinho tivesse Diego, por exemplo, seria candidato à Champions, assim talvez não. A Lazio, por seu turno, não creio que venha a lutar por mais que pelo apuramento para a Liga Europa: o ataque formado por Zarate e Rocchi, com o apoio de Matuzalém - grande jogo - é bom, mas o resto da equipa banal (à excepção de Pandev, que não jogou, do lateral-esquerdo sérvio Kolarov e o guarda-redes uruguaio Muslera, todos jogadores acima da média).

Em Wembley, Chelsea e Man. Utd reeditaram confrontos recentes, com a lotaria dos penalties a sorrir aos blues desta vez. Não gostei muito do jogo, creio que não foi muito bem jogado, embora a bom ritmo, pelo que ainda é muito cedo para tirar ilações. O Chelsea começou mal, mas melhorou na segunda parte e, se tirar o Mikel da equipa e jogar com Ballack ou Deco (e, já agora, nunca deixar o Bosingwa no banco, preferindo um central adaptado como o Ivanovic) creio ser o grande candidato ao título. Não podem é continuar a sofrer golos decisivos no fim. Pareceu-me também haver bom relacionamento dos jogadores com Ancelloti, visível nos festejos, o que é um bom indicador. Nota também para bons jogos de Nani e Ricardo Carvalho.
Finalmente, o que mais nos diz respeito. A vitória do Porto na Supertaça Cândido de Oliveira, frente ao Paços de Ferreira, que infelizmente os coloca cada vez mais perto do SLBenfica em número de títulos oficiais. Vitória nada fácil, mas merecida, dos dragões. O Paços começou muito bem, podia ter marcado a abrir, mas como tantas vezes acontece com as equipas pequenas -mormente no rescaldo de uma jornada europeia - não conseguiu manter o ritmo durante o jogo de forma constante. O Porto foi tomando conta do jogo, embora sem que o meio-campo tenha garantido de forma sustentada e contínua o controle do jogo, ao contrário do que é habitual: Fernando e Raúl Meireles estiveram abaixo daquilo que sabem, falharam muitos passes, e a fluidez de jogo ressentiu-se.

Por outro lado, a linha de ataque da primeira parte é um erro de casting no meu entender, sobretudo em jogos em que o Porto tem que jogar em ataque continuado. Discordo de quem considera que o Varela é solução ao nível de um Porto europeu, pára muito o jogo com piques inconsequentes e não arrancou um único cruzamento decente. Por outro lado, o Hulk não pode estar preso no centro do ataque, porque lhe manieta a capacidade de explosão e ele não é goleador, e o jogo do Belluschi carece, na minha opinião, de um apoio fixo na área. Um ataque com Rodriguez/Mariano, Hulk e Falcao/Farias no eixo será sempre melhor opção na maior parte dos jogos do campeonato português. A defesa continua muito forte, sendo que aqui o Fucile me parece estar neste momento mais vulnerável que o Álvaro Pereira. Gostava de ter visto Valeri, de quem tenho lido excelentes referências. De qualquer forma, o Porto tem grande margem de crescimento, e o seu nível actual, ainda que muito abaixo do que pode vir a ser, é sempre, como alguém disse, um mínimo alto. Quem me dera defrontá-los já, porque à 14a jornada vai estar incomparavelmente mais forte.

Última nota para um aspecto que me entristece, que é o facto de as supertaças italiana e inglesa terem tido casa cheia e em Aveiro apenas 15 mil pessoas terem aparecido. Obviamente posso aproveitar para salientar as diferenças (gigantescas) de capacidade de mobilização dos adeptos benfiquistas face aos outros, mas sinceramente preocupa-me mais este fenómeno de desertificação do futebol português. Ainda ontem estava a visitar este blog de jogos antigos, o Nacional Maior. Além de me deliciar com autênticas pérolas antigas do nosso futebol, desde o meio campo de luxo do Gil Vicente de Tuck, Caccioli (o Lombardo português) e Drulovic ao tempo em que o Salgueiros e Paços de Ferreira tinham carradas de jugoslavos fugidos da guerra e o Farense búlgaros a brilhar no velhinho São Luís às ordens do Paco Fortes, permite ver os estádios sempre cheios em grandes jogos do tipo Salgueiros-Famalicão ou Tirsense-Guimarães. As claques usam muitas vezes o slogan "ódio ao futebol moderno" e neste aspecto tenho que concordar, o futebol perdeu muito do seu encanto puro.

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Votações encerradas

As votações a decorrer no settore deram como flop da época o jogador do Benfica Saviola com mais um voto que Belluschi.
A verdade é que talvez tenha sido mesmo Matías Fernandez e Ramires os que menos demonstraram até então dentro de campo.

Sobre Saviola, se achava que não o seria, hoje ainda menos o acho, mas o tempo dirá se tenho razão ou se tenho que me resumir a tal frustração.
Sobre Ramires, tenho a certeza que apenas precisará de tempo.

A outra votação tinha a ver com a necessidade ou não de o Benfica se reforçar na baliza. Os leitores votaram que não, e se eu soubesse que a escolha recaia em Júlio César, também tinha votado que não. Veremos a qualidade do jogador ex-belenenses, pois muitos se insurgiram na contratação de Javi Garcia, e hoje ninguém nega a sua qualidade, e que assenta que nem uma luva no esquema de jogo de Jesus.

Entretanto decorre a partir de hoje outra votação no settore!

Vou me ausentar durante uma semana, e alguns dias, as férias merecidas estão a chegar! Continuem a visitar o settore! Abraço a todos!

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Sir Bobby Robson


O falecimento de Sir Bobby Robson é, sem dúvida, uma perda para o futebol mundial e para todos os que adoram o desporto-rei. Senhor de um profissionalismo e elegância ímpares, soube construir uma carreira de sucesso em vários países, entre os quais o nosso. Em Portugal foi bicampeão pelo FCPorto mas foi dos poucos que deixou saudades nos adeptos dos três grandes, pelo futebol ofensivo e de grande qualidade que as suas equipas praticavam. "Attack, attack, attack", as palavras que regiam a sua cartilha. No nosso país conseguiu também o triste feito de ser despedido pela única vez na carreira, humilhação (e suicídio para o Sporting, que tinha um plantel de sonho e era líder do campeonato na altura) levada a cabo por Sousa Cintra que Sir Bobby nunca esqueceu. Como disse José Eduardo Bettencourt, uma daquelas precipitações à Sporting!




Recordo dois momentos deste grande treinador. Primeiro, um vídeo da sua mítica conferência de imprensa na Luz, depois do Porto perder 2-0 em 93/94 e Fernando Couto ser celebremente expulso por agredir Mozer. Um must do futebol português, em que se vê a fibra e o espírito de ataque de Robson, e o esforço que ele fazia para falar português, de enaltecer. Depois, recordo um excerto de uma entrevista dele à Bola há uns tempos, em que as suas palavras sobre o SLB - quando treinava o Sporting! - me maravilharam: "Eis o clube onde devia estar, o glorioso Benfica, aquele que sempre admirei"

Um verdadeiro class act, como dizem os ingleses. Que Deus o guarde, Sir Bobby.

P.S. E o que anda a jogar o Benfica? Ah pois é...


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Que Sporting?

Disseram-me há uns tempos que o jornalista João Gobern tinha dito na RTPN que o FC Porto tinha 55% de hipóteses de se sagrar campeão, o Benfica 45% e o Sporting 0%. Por norma não sou tão definitivo nem peremptório nas minhas análises, ainda para mais nesta altura do ano. Isto não faz, no entanto, com que seja impossível ter uma visão estritamente pessoal daquilo que tem acontecido até aqui com os três grandes clubes nacionais.

No que ao Sporting diz respeito, é sobre este clube que recai o meu post, não vejo grandes melhorias relativamente ao que tem sido feito desde que Paulo Bento tomou as rédeas do clube de Alvalade. Sou sincero, não tenho a menor simpatia pelo actual treinador leonino. Não gosto do estilo, da forma de comunicar, da maneira como dirige o plantel dentro e fora de campo. Reconheço-lhe o mérito de ter erguido, em 2005, um grupo de jogadores que estava de rastos, depois de uma época em que estiveram à beira de ganhar tudo e, no fim de contas, nem um título, para as vitrinas do eclético museu dos leões, conseguiram. Só que, ao fim de quatro épocas de trabalho, é exigível pela própria massa adepta que Bento, mais do que tentar, consiga o título. O plantel não sofreu grandes mudanças. Se é certo que as principais figuras se mantiveram, também é um facto que não houve entradas de relevo se exceptuarmos os nomes de Matias Fernandez e Caicedo.

A própria imprensa já não embarca nos elogios desmesurados que fez sempre nesta época ao treinador sportinguista. Noutros tempos, não muito longínquos, estar-se-ia nesta altura a elogiar o sistema de jogo dos leões. "Tacticamente perfeito", "coeso" e por aí fora. Enfim, uma relação profundamente platónica que parecia capaz de resistir a qualquer Bayern de Munique, perdão, quis dizer infidelidade. Agora a exigência é outra, o que só favorece o próprio clube e o campeonato, só não sei até que ponto será benéfico para a actual estrutura do futebol do Sporting.

Por outro lado, deu-se uma mudança de peso ao nível presidencial. Saiu Soares Franco entrou Bettencourt. Dois homens teoricamente da mesma linhagem, mas com modos de estar opostos. Soares Franco era um genttleman, uma pessoa que percebeu bem o futebol português e que não caiu em discursos desfazados da realidade. Bettencourt é mais jovem, dinâmico e dele se espera que devolva a paixão aos sportinguistas que, cada vez mais, se afastam do estádio. O seu grande mal é, a meu ver, ser demasiado populista e impulsivo. Com ele, não duvido que Paulo Bento estará mais permeável, mas também não sei até que ponto isso será negativo.

O primeiro jogo oficial, com o Twente, só dá mais força àqueles que desconfiam das capacidades do Sporting poder este ano discutir o título taco a taco com o Porto e provavelmente também com o Benfica. Em 90 minutos, o onze leonino não conseguiu sequer fazer um golo a uma equipa que, não sendo desconhecida, está longe de poder ser considerada sequer da "classe média" do futebol europeu. Na Holanda, os leões terão de jogar o tudo por tudo para conseguir seguir em frente na qualificação para uma prova que tão importante é para os clubes em termos desportivos e orçamentais.

Mesmo sem querer avançar com conjecturas permaturas, não considero que haja muitas razões para sorrir em Alvalade. Se as piores previsões se confirmarem, adivinha-se uma temporada muito dura para a nova direcção. Mas tudo isto não passam de suposições, ainda que, no caso do Sporting, faça mais sentido do que na maioria dos outros clubes, pois, para aqueles lados, a época já arrancou oficialmente e de forma pouco auspiciosa.

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