Recordando...André Cruz

Chegou ao Sporting já com 31 anos, mas 2 épocas e meia de grande nível fizeram com que o seu nome ficasse ligado para sempre à história do Sporting. André Cruz foi um defesa-central elegantíssimo, com uma técnica anormal para um defesa, era especialista em bolas-paradas e em lançamentos longos de pé-esquerdo a partir da defesa.

André Cruz formou-se no Ponte Preta, uma equipa de São Paulo. Com 19 anos começou a despontar no Ponte Preta assumindo titularidade e brilhando no Paulistão. A grande época pelo Ponte Preta valeu-lhe a convocatória para os Jogos Olímpicos de Seul, onde se deu a conhecer ao Mundo liderando a defesa do Escrete e ganhando a medalha de prata ao lado de nomes como Jorginho, Bebeto e Romário.

Em 1989 foi convocado pela primeira vez para a selecção A do Brasil e ganhou a Copa América. André Cruz começava-se a afirmar como sénior. Em 1990 André Cruz foi anunciado como reforço do Vasco da Gama que já havia contratado Bebeto de uma forma menos ética ao Flamengo. Após um golpe de mercado, o Mengão desviou André Cruz do São Januário e dá-lo a conhecer aos adeptos.
Fã declarado do Mais Querido do Brasil e admirador de Zico rapidamente se tornou num dos preferidos da Gávea. André Cruz brilhou no Cariocão e na Copa do Brasil (que ganhou) no primeiro semestre de 1990, fazendo 26 jogos e marcando 5 golos (4 de livre-directo). No Verão de 1989 começou a ser cobiçado por clubes europeus e aceitou uma proposta milionária dos belgas do St. Liège. Brilhou quatro épocas na Bélgica ao lado de nomes como Marc Wilmots, Philippe Léonard, Emmanuel Duah, Aloisi e Henk Vos. Na Bélgica ganhou apenas a Taça em 1993, mas chegou a capitão do St. Liège e foi nomeado o melhor defesa do campeonato. Marcou 13 golos em quatro épocas, o que é bastante positivo para um defesa central.

No Verão de 1994, André Cruz mudou-se para San Paolo, a casa do Napoli. Mais uma vez chegou e pegou de estaca. Ficou três épocas em Nápoles e transferiu-se para o AC Milan que tentava roubar o Calcio à Juventus. Em Milão apareceram as lesões, ficando meia-época parado. No Natal de 1998 foi emprestado pelo AC Milan ao St. Liège. Mais uma vez as lesões não deixaram André Cruz brilhar no seu regresso a Liège. Na segunda passagem por Liège, André Cruz apenas jogou 10 partidas para o campeonato, mas mesmo assim ainda marcou um golo, de livre directo pois claro.

No Verão de 1999 assinou pelo Torino, uma equipa que luta pela manutenção na Série A, onde na 1ª volta fez 13 jogos e marcou 1 golo. Insatisfeito pela falta de ambição do clube de Turim, André Cruz pediu para sair e transferiu-se, desta feita para o José Alvalade, a casa do Sporting, no célebre mercado de inverno de 1999. Chegou pela mão de Luís Duque (o adminitrador da SAD leonina na altura) ao mesmo tempo que Mbo Mpenza e o seu compatriota César Prates.

Na sua primeira semana em Lisboa, foi o logo num dos derbys mais bonitos do mundo, o de Lisboa. No Estádio da Luz, o Sporting empatou a zero bolas mas, deu logo para ver que André Cruz era reforço. Fez um final de época estrondoso em Alvalade, marcando vários golos muito importantes. Em Alvalade, perante os seus adeptos, contra o então penta-campeão, o FC Porto, André Cruz marcou de livre-directo a Vítor Baía um dos livres mais bonitos da história do Sporting. Essa vitória permitiu ao Sporting aumentar a distância para o segundo classificado e arrancar para o título. Na última jornada desse célebre campeonato português, o Sporting precisava de ganhar em Vidal Pinheiro ao Salgueiros (uma equipa muito forte no seu "quintal") para ser campeão 18 anos depois de o ter sido pela última vez. Temia-se que os jogadores leoninos acusassem a pressão e não ganhassem o jogo. André Cruz mostrou toda a sua classe nesse jogo, marcando dois golos de livre-directo e ajudando assim o Sporting a sagrar-se campeão.

Em 2002, pela mão de Bölöni, André Cruz fez uma dupla memorável com o irlandês Babb e foi novamente campeão português ao lado de nomes como João Pinto, Pedro Barbosa, Mário Jardel, Quaresma, Hugo Viana ,Beto ,Paulo Bento e Rui Jorge.

Saíu do Sporting após ter sido campeão, já com 34 anos, para regressar ao seu Brasil. Ainda jogou mais três épocas. Duas no Góias e uma no Internacional.

Retirou-se em 2004 e será recordado para sempre como um dos centrais mais elegantes da história do Futebol. Quem gostou de Zidane, terá obrigatoriamente que ter gostado de André Cruz.

Nome completo: André Alves da Cruz
Alcunha: -
Nacionalidade: Brasileira
Data de Nascimento: 20 de Setembro de 1968

Carreira como jogador:
1987-1989 Ponte Preta 14(0)
1990 Flamengo 26(5)
1990-1994 St. Liège 107(18)
1994-1997 Napoli 83(13)
1997-1998 Milan 13(1)
1998 St. Liège 10(1)
1999 Torino 13(1)
1999-2002 Sporting CP 78(9)
2002 Goiás 16(1)
2003 Internacional 12(1)
2004 Goiás 7(0)

Selecção Brasileira: 33 jogos e 1 golo

Competições internacionais:

Campeonato do Mundo de sub-20 1987
Jogos Olímpicos 1988
Copa América 1989 e 1995
Campeonato do Mundo 1998

Títulos:
Vice-Campeão Olímpico 1988
1 Copa América 1989
1 Copa do Brasil 1990
1 Taça da Bélgica 1993
Vice-Campeão da Copa América 1995
Campeão Italiano em 1999
Campeão Português em 2000 e 2002
1 Supertaça de Portugal 2001
1 Taça de Portugal 2002
Campeão Gaúcho em 2003

19 Passes de rotura:

paulinho cascavel 28 de janeiro de 2010 às 18:16  

bom jogador!

o que mais me lembro dele é aquele jogo em 2000 em alvalade onde tentou marcar para aí 5 livres do mesmo sítio, e aos 80 e tal minutos o sabry marcar à primeira. nesse jogo o benfica foi totalmente massacrado, mas soube muito bem essa vitória.

essa referência ao zidane... não exageremos! falta-lhe estatuto para dizeres que ele foi "um dos centrais mais elegantes da história do Futebol". nunca foi titular num grande europeu, nem era titular absoluto da selecção do brasil. era um bom central com excelentes pés, vá lá.

Tomás Pipa 28 de janeiro de 2010 às 18:25  

Paulinho, ser um dos centrais mais elegantes da História do futebol não quer dizer um dos melhores defesas da história do futebol. Lúcio,Gallas,Terry,Puyol etc são mais eficazes mas por terem outras características. Dos elegantes André Cruz está no topo.

LMC 28 de janeiro de 2010 às 18:33  

Teve azar no AC Milan,se não teria ido mais longe.
Nesse primeiro derby em que ele jogou, mais uma vez fomos à luz ser roubados, com um golo perfeitamente legal do Mpenza a ser anulado por um alegado fora de jogo! (...desculpem mas não podia deixar de dizer isto...eheh)
Era sem dúvida um grande jogador,tinha um pé esquerdo que não precisa de mais adjetivos.
O jogo que mais me lembro dele foi um Beira Mar Sporting no antigo Estádio Mário Duarte ( o pai do poeta/deputado/candidato a candidato à Presidência da República Portuguesa Manuel Alegre ). O Sporting perdia por 1-0, num jogo em que Juninho Petrolina brincava literalmente com toda a defesa leonina, e eis senão quando André Cruz mete duas batatas em dois livres directos.

O jogo em Paranhos também foi espetacular,foi a minha primeira deslocação fora de Lisboa para ir ver a bola, com 12 anos!

Pedro Veloso 28 de janeiro de 2010 às 19:01  

Grande post tomas. André Cruz é como dizes, central elegantíssimo e um senhor a todos os níveis, até no comportamento e educação. Depois, era canhoto, o que mais aumentava a classe.

Teve azar com as lesões mas na altura também era demasiado puto (e não havia sportv lol) para lhe ter acompanhado a carreira a par e passo antes de chegar ao Sporting, pelo que não sei bem o nível a que chegou.

Juninho Petrolina!! Tenho saudades desse gajo Luis!

Paulinho, no outro dia estava a rever umas imagens desse jogo do Sabry, e há dois momentos que me marcam: um, bem bom, é o do golo, a calar Alvalade e instalar um silêncio sepulcral (que na semana seguinte deu origem a imensas anedotas, já não me lembro bem como eram), permitindo fugir ao rótulo de cabeçudos; outro é o dos festejos do golo, em que numa imagem se consegue misturar rojas, uribe, sergio nunes e andrade, essa equipa metia dó...

paulinho cascavel 28 de janeiro de 2010 às 19:05  

eu sei que não! mas não o ponho ao lado, nem sequer perto, de um maldini, de um nesta, de um cannavaro, de um beckenbauer, de um baresi, de um bobby more, etc.

para mim os centrais mais elegantes do mundo têm que ter mais que técnica, têm de ser os melhores nas funções originárias de um central. na minha opinião a elegância de um central não se revela só nos bons pés, mas também no seu sentido posicional e de antecipação, na segurança que transmite à defesa, enfim, naquela classe quase sobrenatural característica dos nomes do primeiro parágrafo...

por isso, se centrais elegantes são poucos (e o andré cruz era, sem dúvida, um central elegante), os mais elegantes do mundo são ainda mais raros, porque para além de terem boa técnica são dos melhores centrais do mundo.

mas é claramente um desentendimento por causa de conceitos, para ti os centrais mais elegantes do mundo provavelmente têm outras características.

paulinho cascavel 28 de janeiro de 2010 às 19:15  

LMC,

aqui está o vídeo desse jogo

http://www.youtube.com/watch?v=ms6WRHsLfqE

mas o sporting nunca esteve a perder, marcou primeiro, depois o beira-mar empatou, e a 10 mins do fim andré cruz resolveu. o homem marcava livres incríveis! também andava no youtube o livre ao porto, não sei se ainda lá está.

"Paulinho, no outro dia estava a rever umas imagens desse jogo do Sabry, e há dois momentos que me marcam: um, bem bom, é o do golo, a calar Alvalade e instalar um silêncio sepulcral (que na semana seguinte deu origem a imensas anedotas, já não me lembro bem como eram), permitindo fugir ao rótulo de cabeçudos; outro é o dos festejos do golo, em que numa imagem se consegue misturar rojas, uribe, sergio nunes e andrade, essa equipa metia dó..."

lembro-me de no fim do jogo a claque do benfica mostrar uma faixa (que esteve guardada o jogo todo até ao golo, claro) a dizer "há 18"! e no dia seguinte pus o cachecol do glorioso e lá fui todo contente para o colégio gozar com os meus amigos lagartos. uma semana depois levei na cabeça como nunca tinha levado, caiu-me tudo em cima.

e sim, que péssima equipa! esqueceste-te do chano, veterano espanhol que envergava a 10! está aqui o video:

http://www.youtube.com/watch?v=fBFRzacoIKQ

repara no fim os angolanos a ver o jogo!

Manú 28 de janeiro de 2010 às 19:17  

excelente trabalho de pesquisa!

João S. Barreto 28 de janeiro de 2010 às 22:36  

Tomás bom recordar este jogador! As contratações de Andre Cruz, Cesar Prates e Mpenza fizeram parte do investimento mais bem sucedido no mercado de Natal de que me lembro. Embora hoje coloque, sem duvida, o Andre Cruz num nivel acima dos outros, todos os 3 foram importantissimos na conquista do titulo pelo SCP, que foi fundamentalemnte construido na segunda metade do campeonato. Dessa equipa, os jogadores que mais admirava eram sem duvida o Duscher e o Vidigal, grande dupla!

Tomás Pipa 29 de janeiro de 2010 às 03:42  

Chamapal, nesse jogo que falas, o 0-0, Mpenza não jogou, o André Cruz foi o único dos reforços a jogar. Anularam um golo limpo ao Ayew. Depois fomos espetar 3-1 à Luz para a Taça, já com os reforços todos e não foi 4 porque anularam um golo limpo e lindo ao Mpenza. Estás a fazer confusão.

Tomás Pipa 29 de janeiro de 2010 às 03:47  

André Cruz para mim, é um bocado o género do Miguel Veloso a central. Excelente pé esquerdo,que eu gostava de ter visto a interior esquerdo ou mesmo a número 10.

Centrais elegantes para mim são aqueles que conseguem ser bons sem ter que dar frutas e limparem tudo de cabeça. André Cruz não dava porrada,não ganhava as bolas de cabeça porque antecipava-se e dominava de peito!Era raro vê-lo a apanhar amarelos.Batia cantos,batia livres em jeito.Era outro nível.

Outro central mt forte era o Gamarra,esse gajo não fazia faltas.Claro que tb gosto de Maldini,mas nunca o achei um centralão(acho que fazem mais do que ele é).Posso estar a dizer um disparate, mas para mim o Ricardo Carvalho é superior ao Maldini,a diferença estão nos 20anos de Milan e os títulos inerentes a isso.

André Cruz não foi um titular indiscutível é um escrete,fez 33 jogos o que é bastante bom. Foi +- o que é o Luisão hoje,convocado regularmente,mas não titular, ou o que foi durante anos o Beto ou Meira na selecção Portuguesa.

Outro central elegantíssimo e semalhante ao André Cruz foi o Mihaijlovic.Este dava um pouco mais de porrada,mas também tinha grande classe. Quem se lembra de ele ter feito um hat-tricks de livres-directos uma vez?Acho que foi a única vez que vi!

LMC 29 de janeiro de 2010 às 04:38  

Tomás pois devo ter feito confusão...Estava mesmo crente que tinha sido assim, até fui ver esse jogo à antiga luz com o Girão,lembraste do gajo?Estava todo excitado com o Sabry, acho que foi a estreia dele.

Percebo o teu conceito de central elegante.O meu é o mesmo!

João nessa primeira época o Cesár Prates fez toda diferença, lembro-me de ele ter tirado o lugar ao Saber, que nessa altura era muito apreciado.Depois é que vieram as saudades do Brasil e da farofa, e ficou um jogador banal, que alimentava um ódio grande na curva.Lembro-me de estar mos a ganhar 1-0 ao AC Milan em alvalade e precisarmos de ganhar 2-0, e ele falhou 5 cruzamentos seguidos.Ou de ter falhado um golo no fim do Vit.Setubal Sporting, que nos tinha dado o título.
Essa equipa do Sporting(2000) era a meu ver muito mais entusiasmante do que a que foi campeã em 2002.
A de 2002 era uma equipa de sonho, com Jardel em forma, JVP em forma, as jovens promessas Hugo Viana e Quaresma, os "manos" Paulo e Rui ali no meio campo, uma defesa segura com André Cruz e Babb com o apoio de Beto ( que nessa época jogou a lateral direito, devido ao péssimo rendimento do Cesár Prates ). A equipa de 2000 era uma equipa de combate, que não sendo muito superior às outras ganhava pela sua humildade e capacidade de luta.Com Acosta a fazer o canto do cisne ( 22 golos com 34 anos acho eu) e a dupla no miolo como o João muito bem disse, Vidigal ( um autêntico tractor) e Aldo Duscher ( que classe!).
Nessa equipa jogou também De Fransceschi, um jogador espetacular, que depois de ter sido campeão em Portugal foi enfiar-se na 2a Liga Italiana para nunca mais sair da mediocridade.
E obviamente o ENORME Peter Schmeichel.

João S. Barreto 29 de janeiro de 2010 às 12:06  

Tens razão LMC, embora seja benfiquista, tb gostava mais da equipa do SCP de 2000, valia mais pelo todo, não era tão dependente de individualidades, leia-se Jardel.

Tomás o Gamarra foi dos melhores centrais que já passaram no futebol português, na altura era até considerado um dos melhores do mundo. Pena que se foi embora logo no mercado de inverno (acho eu), ficou pouco tempo. Também me lembro bem desse hatrick do Mihaijlovic, na altura ainda era da Lazio!

Para mim o conceito de central com classe nao tem tanto que ver com as cacetadas que dão, para mim os centrais com classe são aqueles que fazem um corte em esforço e saem a jogar de cabeça levantada, tipo David Luiz, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade...

Pedro Veloso 29 de janeiro de 2010 às 12:41  

Pa não comparem, 99/00 era uma boa equipa, como dizem valia pelo colectivo, mas 01/02 era outro nível, sou benfiquista e havia alturas que saltava do sofá de excitação. Sobretudo com o Super Mário claro, mas também com JVP, Niculae antes da lesão, Barbosa, Hugo Viana, Quaresma...

Central com classe é o que dizem, se bem que depois há uma fronteira ténue entre ter classe e sair a jogar, e enterrar por não querer jogar feio.

Mihajlovic era fora-de-série a marcar livres, também me lembro desse hat-trick!

Pedro Veloso 29 de janeiro de 2010 às 12:48  

Lembram-se disto?

No jogo da lesão do Niculae, SCP com dez e Jardel a resolver nos descontos. Fenomenal

http://www.youtube.com/watch?v=MB2PHJnINZA

LMC 29 de janeiro de 2010 às 17:56  

Um grande golo do SuperMário!

Veloso não queria dizer isto aqui, mas nessa época do Sporting saiu uma reportagem sobre a Juveleo!Lembro-me de me teres dito que gostavas de ter nascido Sportinguista...Isto é verdade o Tomás e o Manel podem provar!!!

Tomás Pipa 29 de janeiro de 2010 às 18:55  

Lol,confirmo!

Manú 29 de janeiro de 2010 às 23:40  
Este comentário foi removido pelo autor.
Manú 29 de janeiro de 2010 às 23:40  

nao me lembro disso e duvido que isso tenha sido dito!

João 30 de janeiro de 2010 às 00:10  

Um dos melhores momentos de Mário jardel. E o Bossio teve lugar de 1ª fila!