Recordando... Hristo Stoichkov

Ainda na senda do jogo de homenagem a Ivaylo Iordanov e numa altura em que muito se fala e compara o Barcelona de Guardiola com o de Joahn Cruyff, relembramos aquele que foi o melhor jogador de sempre da Bulgária, com quem Iorda teve a sorte de jogar no famoso Campeonato do Mundo de 1994.
Hristo Stoichkov, nasceu em Plovdiv em 1966. Iniciou o seu percurso no futebol no clube local, o Maritsa, com apenas 10 anos, chegando à equipa sénior, que disputava a segunda divisão búlgara, em 1981, com 15 anos. Depois de jogar ainda duas temporadas no Hebros, transefere-se a pedido de seu pai (preocupado com a indisplina do filho), que trabalhava no Ministério da Defesa, para o clube do exército búlgaro, o CSKA Sófia, fortemente apoiado pelo regime comunista. Durante o seu percurso no CSKA, vence por três vezes Campeonato e Taça e atige a incrível marca de 81 golos em 119 jogos. Na sua última época ao serviço do clube, foi Bota de Ouro Europeu, com 38 golos, os mesmo que Hugo Sanchez do Real Madrid. Desta fase da sua carreira, fica ainda a suspensão de quase um ano de que foi alvo, depois de se envolver em confrontos com o antigo guarda-redes do Belenenses Mahaylov (que viria a ser seu companheiro de Selecção), nessa altura ao serviço do Levski, na Final da Taça da Bulgária em 85. As consequências da batalha campal foram ainda maiores, com os dois clubes a terem que mudar temporariamente de nomes. Ao serviço do CSKA (ou Vitosha) foi companheiro de Penev (treinador da Bulgária em 1994), Kostadinov e Ivanov.
O título de melhor marcador europeu não passa despercebido aos grandes "tubarões" do futebol europeu e Hristo é contratado pelo Barcelona de Joahn Cruyff, uma constelação de estrelas considerada como uma das melhoras equipas de sempre. Contudo, o futebol espanhol era nesta altura dominado por um Real Madrid pentacampeão, face a um Barcelona ainda à procura de um sucessor para Maradona, Neeskens e Bernd Schuster. Quando chegou à Catalunha, Hristo encontrou jogadores como Zubizarreta, Busquets (pai do médio defensivo Sergio), Ferrer, Ronald Koeman, Amor, Bakero, Michael Laudrup, "Pepe" Guardiola e Beguiristain. Logo na primeira época com Stoichkov, o Barça é campeão, quebrando a série de títulos madrilenos, mas o jogador búlgaro continua a demonstrar a sua indisciplina dentro de campo, sendo suspenso por dois meses por pisar um árbitro. No Barça, Stoichkov desempenhava um papel semelhante ao de Messi, jogando próximo das alas, mas aparecendo muitas vezes na zona de finalização, como segundo avançado. Nos três anos seguintes, os blaugrana somam outros três títulos e Hristo ganha um lugar especial no coração dos catalães, tornando-se no grande ídolo da equipa, o que o motivou a dizer a famosa frase "Só há dois Cristos, um joga no Barcelona e o outro está no Paraíso" (Hristo=Cristo em búlgaro). Em 1992, o Barça vence a sua primeira Taça dos Campeões Europeus, derrotando na final a Sampdoria de Pagliuca, Toninho Cerezo, Mancini e Vialli por 1-0, com o famoso golo de Koeman no prolongamento. Na época de 1993/1994, fazendo parelha atacante com o "baixinho" Romário, Stoichkov vê o seu Barça perder a final da Liga dos Campeões para o AC Milan com uma humilhante derrota por 4-0. Contudo, no Verão desse ano, Stoichkov brilha ao serviço da sua Selecção, marcando 6 golos no Mundial dos EUA (melhor marcador em igualdade com o russo Salenko) e sendo considerado o melhor jogador europeu pela revista France Football. Na época seguinte as coisas não correm bem para o Barcelona, que perde o título para o seu grande rival de Madrid. Hristo incompatibiliza-se com o treinador holandês e ruma ao Parma por uma época, onde encontra Buffon, Couto, Sensini, Bennarrivo, Cannavaro, Dino Baggio, Zola e Pippo Inzaghi.
Na época de 1996/97 regressa ao clube catalão, agora treinado por Sir Bobby Robson (e José Mourinho), acompanhado de Fernando Couto, mas encontra uma realidade completamente diferente. A antiga Lei que limitava os jogadores estrangeiros nos clubes espanhóis já não se aplicava a jogadores europeus e o Barça era uma autêntica Torre de Babel. Hristo fica apenas uma época e meia em Camp Nou, vencendo a Taça das Taças e a Copa do Rei. Desta sua segunda passagem pelo clube fica o contacto com Vítor Baía, Abelardo, Popescu, Sergi, Laurent Blanc, o capitão Nadal, Figo, Luis Enrique, De La Peña, Ronaldo "fenómeno", Amunike (ex-Sporting), Giovanni, Hesp, Reiziger, Sonny Anderson, Rivaldo, Dugarry e Louis Van Gaal (como treinador).
No entanto, a meio da época de 1998, esta lenda búlgara torna-se num autêntico Globetrotter, começando por regressar ao seu clube, o CSKA, para depois rumar ao Al-Nassr (Arábia Saudita), Kashiwa (Japão), Chicago Fire e DC United (EUA), onde termina a carreira de jogador em 2003. Em 2004, inicia a carreira de treinador como seleccionador da Bulgária, mas não tem sucesso. Semeia conflitos com alguns importantes jogadores (como o capitão Styllian Petrov) e acaba por saír. Ruma então em 2007 ao Celta de Vigo, com o qual desce de Divisão e sai a meio da segunda época (é substituído por Lopez Caro, ex-Real Madrid). Já em 2009 assina pelo Sundowns da África do Sul, com o qual rescindiu em Março último, estando agora sem clube.
Hristo Stoichkov será para sempre lembrado como um jogador "virtuoso", com um enorme talento e um feitio complicado, a que ele chamava de personalidade forte. Marcou uma Era do futebol europeu, mas acima de tudo, é um marco na história do seu próprio país, que ainda hoje procura um sucessor (que não encontrou em Berbatov) para o seu grande ídolo dos relvados. Ao todo, ao serviço do seu país, fez 83 jogos e fez 37 golos. Os 6 golos que marcou no Mundial de 1994, muitos deles decisivos, são o exemplar perfeito de como uma pequena Nação com poucas tradiçoes futebolísticas a nível de grandes conquistas, pode surpreender numa competição deste tipo, principalmente se tiver ao seu serviço um craque ímpar, como foi o "Maradona Búlgaro".

14 Passes de rotura:

Thurram 30 de abril de 2010 às 13:38  
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Marco Horácio 30 de abril de 2010 às 13:56  

Thuram antes de mais devias era recordar como se escreve o nome dessa lenda do futebol atrás do qual escondes a tua frustração em não conseguires admitir quem és.

Manú 30 de abril de 2010 às 14:02  

João bom post, o settore sempre na linha da frente. de certeza que as visitas vao aumentar quando for o jogo do Iordanov pois temos muitos recordandos de jogadores que lá vao jogar.

Bela desculpa a do pai do stoichkov para o pôr numa equipa de maior nível!

os pais do ricardo rojas e do fernando aguiar também pediram ao milan e ao barça, respectivamente, que acolhessem os filhos pois estes era muito indisciplinados, mas os gajos nao caíram nessa!

acabou por ter sorte o CSKA pois acabou por lhe pigar o melhor jogador búlgaro de todos os tempos!

Manú 30 de abril de 2010 às 14:07  

e está claramente visto que jeito para treinar equipas é nulo.

Tomás Pipa 30 de abril de 2010 às 14:18  

lol pelo que nos apresentaste aqui, Stoitchkov como treinador é tão bom como Luís Campos.

Como jogador era um fora de série,um pé esquerdo fabuloso! Eu comecei a gostar de futebol em 93/94 e o Mundial dos EUA foi o primeiro que eu vi, foi por isso que os meus primeiros ídolos no futebol foram Stoitchkov e Roberto Baggio!

Lol,adoro a da personalidade forte..mesmo à BigBrother!uma pessoa frontal!

paulinho cascavel 30 de abril de 2010 às 14:49  

não me lembro de o ver jogar, por isso fui ao youtube ver uns vídeos e sinceramente... não me pareceu a lenda que dizem ser (tecnicamente), mas pareceu-me um grande finalizador.

está um excelente artigo, muito bem pesquisado. tenho ideia que às tantas o treinador do barça lhe disse, após ele perder o lugar no onze inicial, "vai-te embora do barça, porque jogadores como tu não devem ficar no banco". agora não me lembro é se foi o robson ou o cruijff.

ahah "maradona búlgaro"? não estarás a fazer confusão com o "maradona dos cárpatos", george hagi? de qualquer maneira, adoro estes nomes. como clayton, o "zahovic do arquipélago".

p.s. - tinha este link guardado há algum tempo para vos ser presenteado na altura oportuna. como referiste neste artigo a "dream team" de cruijff, acho que vale a pena passarem pelo "paradigma guardiola". é um blog sobre o barcelona, centrado apenas na vertente táctica da equipa blaugrana, sob a batuta de guardiola (o sucessor de cruijff como criador do novo "dream team"). nele podem encontrar preciosidades como vídeos de 10 minutos só do jogo de xavi contra o real, ou pormenores do jogo do barça como o valdés a fazer de libero. vale muito a pena passar por lá, é um excelente aprofundar de uma equipa que todos conhecemos e admiramos (mesmo que a odiemos, como é o meu caso). bom, aqui vai o link:

http://paradigmaguardiola.blogspot.com/

João S. Barreto 30 de abril de 2010 às 14:55  

Obrigado Paulinho. Maradona da Bulgária não é uma alcunha "oficial" mas também não fui eu que inventei. Se vires o recordando timofte verás que não me enganei. O problema destes vídeos é que so mostram os golos, mas ele era muito forte por exemplo nos centros e era rapidíssimo.

Não sei desse episódio com o treinador, sei que saiu da equipa de Cruyff porque foi para a rádio dizer "Ou Cruyff ou eu" e foi o elo mais fraco.

Obrigado por esse link, vou j+a investigar. Como tu, odeio o Barça, mas é muito interessante ( e linda) a maneira como joga.

Tomás é mesmo à Big Brother! Aquelas pessoas que só fazem merda e dizem constantemente como desculpa "sou uma pessoa sincera e humilde, digo as coisas na cara" lol

Anónimo 30 de abril de 2010 às 15:15  
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Anónimo 30 de abril de 2010 às 15:18  
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Sá Pinto 30 de abril de 2010 às 15:31  

adoro o ódio dele ao real!

Pedro Veloso 30 de abril de 2010 às 16:14  

Paulinho ele era um fora-de-série mesmo, muito parecido com o Futre, embora menos bom driblador mas melhor finalizador, marcava muitos golos.

Era um enfant terrible talvez só comparável a Cantona, e de facto odeia o Real!

Eu e alguns dos que cá escrevem (penso eu) conhecem pessoalmente um ex-lateral direito do Benfica do final dos anos 80/início dos anos 90, o José Carlos que é agora comentador da Sportv, que uma vez me contou que a carreira dele no SLB tinha acabado porque na champions de 91/92, num jogo em que o SLB tinha que ganhar no Camp Nou para ir às meias-finais, perdemos 2-1 e o Stoichkov fez gato sapato do Zé Carlos, que no 1º golo aliás mandou uma fífia monumental. Acho que a partir daí o Terceiro Anel, que gostava dele por ser bom jogador e ser da casa, nunca mais o perdoou e ele acabou por ser dispensado.

Paulinho excelente link que partilhaste. Estou como tu, odeio o Barça mas há que dar valor a quem o merece! Ver o Xavi é delicioso.

Pedro Veloso 30 de abril de 2010 às 16:20  

A propósito, ontem os defensores do Barça falaram muito nisto e eu tenho que concordar (embora também possa ser considerado como casmurrice): se repararem no último lance do jogo, um canto a favor do Barça, praticamente todas as equipas do mundo mandavam chuveiro para a área e confiavam na sorte, mas os gajos optaram pelo canto curto, fiéis aos seus princípios, com uma calma do caraças, por acharem que era mais racional e aumentava a probabilidade de sucesso. Tal como se recusaram a despejar bolas no desespero para a área. Sei que isto é um bocado lírico e se calhar ali o melhor é mesmo mandar um balão para a área, mas gostei de ver.

Limoeiro 1 de maio de 2010 às 19:45  

ahah ganda ze carlos do bombolo!

n sabia q o blanc tinha jogado no barça. interessante

Gabriel7 25 de julho de 2010 às 04:09  

After Maradona these are the top-10 of the last 20 years:Romário, Zidane, Ronaldinho Gaúcho Ronaldo Fenómeno, Roberto Baggio, Eric Cantona, Lionel Messi, Hristo Stoichkov, Rivaldo, Michael Laudrup.