Candidatos (a) Surpresa

A Selecção Nacional da Sérvia prepara-se para disputar o seu primeiro Campeonato do Mundo como Nação independente, após ter falhado a qualificação para o Europeu de 2008 (onde esteve no grupo de Portugal), na altura sob a batuta de Javier Clemente. Depois de anos de grande confusão devido às guerras nos Balcãs durante a década de 90, a Sérvia surge agora como herdeira natural da Jugoslávia de Savicevic, Mihaijlovic, Jugovic, Drulovic, Pedrag Mijatovic e Savo Milosevic (não esquecendo claro Ivica Kralj e Ivan Dudic) e promete ser uma surpresa no próximo Mundial da África do Sul.

Inserida no Grupo 7 de Qualificação para o Mundial, a Sérvia demonstrou ser uma equipa de grande nível, terminando em primeiro lugar, à frente da poderosa França (a quem não ganhou nenhum dos jogos), Áustria, Lituânia, Roménia (decepcionante 5º lugar) e Ilhas Faroé. Joga principalmente em 4-2-2, com dois extremos muito ofensivos (normalmente Krasic e Jovanovic), embora nos confrontos mais complicados tenha também actuado em 4-3-3.

Ao comando desta emergente Selecção está a "velha raposa" Radomir Antic, somente o único treinador na história do futebol a ter treinado Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid (com quem foi campeão), além de Oviedo, Zaragoza de Celta de Vigo. Ao seu dispor, Antic tem uma lista de excelentes jogadores convocáveis para a grande competição que se aproxima. Provavelmente não tendo o talento da antiga equipa Jugoslava, esta Sérvia apresenta-se como uma equipa muito mais uniforme e coesa, que vai beneficiando de uma fornada de jogadores de grande qualidade que têm saído das camadas jovens dos principais clubes sérvios nos últimos anos. Contudo, da muita matéria prima que tem por onde escolher, só 23 serão convocados.

Começando nos guarda-redes, Vladimir Stojkovic (emprestado pelo Sporting ao Wigan) tem sido o dono da camisola número 1, que também foi usada por duas vezes durante a qualificação por Disljenkovic (Metalurg Donetsk). Embora Antic tenha estado recentemente em Portugal para observar Djuricic (U. Leiria) e tenha dito que este tinha boas hipóteses de ser convocado, o guarda-redes dos leirienses nunca foi chamado durante a qualificação, ao contrário do que aconteceu com Isailovic (Zaglebie Lubin). A outra hipótese será Brkic (FK Vojvodina).

Na defesa, o bom e velho amigo de Scolari e Quaresma, Dragutinovic (Sevilla), está lesionado e não deverá estar apto a tempo do Mundial, o que representa uma baixa de vulto para as "Águias", pois é um jogador capaz de ocupar qualquer lugar na defesa, além de ser bastante experiente. Assim, para o lugar esquerdo da defesa, as opções serão Kolarov (Lázio) e Obradovic (Zaragoza), sendo que Lukovic (Udinese) e Dusko Tosic (emprestado pelo Portsmouth ao Q.P.R.), tanto podem desempenhar esta função como a de defesa central.
Para o lado direito, as principais opções são Rukavina (1860 Munchen) e Ivanovic (Chelsea), sendo que alguns dos defesas centrais também poderão ser opção. Dusan Basta (Udinese) pode também entrar na corrida por um lugar ao sol, apesar de não estar nas preferências do Seleccionador.
Para o eixo da defesa, Antic tem ao seu dispor um vasto leque de jogadores, como Nemanja Vidic (Manchester United), Krstajic (Partizan), Igor Duric (Heerenven), Subotic (Borussia Dortmund), que foi ganhando espaço na equipa durante a fase de qualificação, Tomovic (Genoa), Vukovic (PSV) e ainda Milan Stepanov (Málaga emprestado pelo FC Porto), que apesar de nunca ter sido opção para Antic, pode beneficiar da lesão de Drago.

No meio-campo as opções são também bastante vastas. A Sérvia costuma utilizar dois médios centro com capacidades defensivas, mas que também saibam construir. Os principais candidatos a este lugar são o capitão Dejan Stankovic (Internazionale) e Milijas (Wolverhampton). Logo a seguir vêm Kuzmanovic (Stuttgart), que chegou a ser internacional sub-21 pela Suiça (onde nasceu), Bosko Jankovic (Genoa) e Kacar (Hertha Berlin). Com menos hipóteses aparecem ainda Ergic (Bursaspor), Nemanja Matic (Chelsea), Ninkovic (Dynamo Kyiv), Ilic (Partizan) e Petrovic (Partizan).

Entre o meio-campo e o ataque, dependendo da táctica que Antic escolher, aparecem os homens das alas. Como já disse, os habituais titulares são o goleador-mor desta equipa com 5 golos na qualificação, Milan Jovanovic (Standard Liége, já assinou pelo Liverpool) e Milos Krasic (CSKA Moscovo). Logo atrás, aparecem os jovens Zoran Tosic (Colónia por empréstimo do Man Utd) e a contratação mais cara de sempre entre clube holandeses, Miralem Sulejmani (Ajax). As restantes opções são Babovic (Feyenoord por empréstimo do Nantes) e a jovem promessa Ljajic (Fiorentina).

Já nos avançados, o gigante Nikola Zigic (Valência) e o experiente Marko Pantelic (Ajax) já têm o passaporte carimbado para a África do Sul. A eles deve-se juntar Lazovic (Zenit), que só não é uma certeza porque se lesionou recentemente, colocando a dúvida se estará apto a tempo. À procura de um lugar estão ainda Miunkovic (sem clube), Dejan Lekic (Crvena Zvezda) e a eterna promessa Mateja Kezman (PSG), que não é convocado para um jogo da sua Selecção desde 2006.

Na África do Sul, a Sérvia estará inserida num grupo (Grupo D) muito complicado, ao lado da histórica Alemanha, do Gana e da Austrália. Não sendo favorita, acredito que possa fazer um brilharete e surpreender os germânicos. O segundo classificado deste grupo irá enfrentar a equipa vencedora do Grupo C, provavelmente a Inglaterra, tornando-se ainda mais interessante a luta pela primeira posição do grupo. Resta saber se a Sérvia se confirma como a grande surpresa da competição que acredito que será.

Os meus 23 são: Stojkovic, Disljenkovic e Djuricic; Rukavina, Ivanovic, Obradovic, Kolarov, Vidic, Subotic, Lukovic e Tomovic; Stankovic, Milijas, Kuzmanovic, Jankovic e Kacar; Jovanovic, Krasic, Sulejmani e Tosic; Pantelic, Zigic e Lazovic.