Recordando...Vítor Paneira

"Lá vai Paneira com o seu estilo inconfundível, mas não! É Veloso!". Esta frase, imortalizada pelo Mestre Gabriel Alves, remete a uma das mais sólidas alas direitas "made in Portugal" que o Terceiro Anel já viu passar no relvado da Luz. No jogo de amanhã não estarão só búlgaros e ex-estrelas do Sporting CP, estarão também antigos adversários de Iorda, entre eles o ex-médio direito do SL Benfica que aqui relembro.

Vítor Manuel da Costa Araújo, "Paneira" para os amigos, nasceu em Calendário, Famalicão, a 16 de Fevereiro de 1966. Começou a sua ligação ao futebol no futsal, tendo depois começado a jogar futebol propriamente dito no GD Riopele, aos 16 anos. Destacou-se e rumou ao maior clube "lá da terra", o Famalicão, estávamos no ano de 1985. Na época 86/87 transfere-se para o Vizela, na altura na Segunda Liga portuguesa e participa no Torneio de Toulon, treinado por Ruy Seabra e António Oliveira. No entanto, já no Famalicão havia captado a atenção do SL Benfica e faz a sua segunda época no Vizela por empréstimo dos "encarnados".
É assim que em 1988/89 dá o grande salto e chega ao seu clube do coração, o Benfica (vice-campeão europeu) que na altura possuía um plantel de luxo, com alguns nomes como Bento, Silvino, Ricardo Gomes, Hernani (o do futebol de praia), Álvaro, Veloso, Mozer, Chalana, Valdo, Shéu, Diamantino, César Brito, Vata e Magnusson. Toni era o treinador. Paneira conquista o seu lugar a pulso e é campeão logo na primeira época ao serviço das águias. No "Glorioso", formou uma dupla de grande qualidade com o "Capitão" (António) Veloso no flanco direito. Foi um profissional humilde que sempre recusou os vedetismos. Como jogador, caracterizava-se por uma enorme criatividade e velocidade, mas principalmente pelos seus centros milimétricos que abastaceram os muitos e bons avançados que o Benfica teve durante a sua passagem. Fez também vários golos (43 ao todo) e foi ainda Campeão mais duas vezes (90/91 e 93/94), ganhou uma Taça de Portugal (92/93) e uma Supertaça Cândido de Oliveira. Foi finalista vencido da Champions de 89/90 contra o AC Milan e falhou uma penalidade decisiva nas meias-finais da Taça das Taças em 93/94, frente ao Parma.

Foi dispensado aos 28 anos por (adivinhem) Artur Jorge, quando este decidiu desmantelar o Super-Benfica à entrada para a época 95/96. Uma pena, pois foi do melhor que o Benfica teve nesta fase muito conturbada da sua História.
Em 1990 protagonizou um episódio caricato, mas também complicado, quando teve de cumprir 75 dias de prisão por ter sido considerado desertor.
Além dos jogadores acima referidos, jogou também com Aldair, Fernando Mendes, José Carlos, Paulo Madeira, Paulo Sousa, Pacheco, Thern, Neno, Schwarz, Rui Bento, Kulkov, Dominguez, o "menino" Rui Costa, Yuran, Isaías, Abel Xavier, Hélder, Mostovoi, João Vieira Pinto, Futre, Preud'Homme, Paulo Bento, Claudio Canniggia, Akwá e Edilson. Foi um dos meninos queridos de Eriksson, que o utilizava também várias vezes como lateral direito, à semelhança do que Jorge Jesus faz hoje com Fábio Coentrão. Foi também muito cobiçado por Juventus, Sampdoria e FC Porto.
Apesar da forma como saíu da Luz, o número 7 nunca vai ser esquecido pelos benfiquistas, não só pelo que deu ao clube enquanto jogador, mas também pelo que fez depois disso, nomeadamente quando recusou o convite de Santana Lopes para rumar ao Sporting CP, preferindo o V. Guimarães.



Em Guimarães, fez 4 épocas de grande qualidade e tornou-se num símbolo do clube, actuando primordialmente como médio organizador de jogo, face à sua grande capacidade criativa. Chegou a ser capitão de equipa no Afonso Henriques. Continuou a ser presença assídua na Selecção Nacional (ao todo sumou 44 internacionalizações), chegando a ser convocado para o Euro 96 em Inglaterra, no qual não fez nenhum minuto, porque Figo não deixou. No "berço da Nação" reencontrou José Carlos e Neno. Jogou também com o actual porta-voz do FC Porto Nuno Espírito Santo, Fernando Meira, Quim Berto, Tanta, N'Dinga, Zahovic, Capucho, Gilmar, Emerson, Soderstrom, Riva, Pedro Espinha, Auri e Milovanovic. Grandes anos estes do Vitória!
Ruma então à Académica de Coimbra, outro histórico português, já com o fim da carreira em vista. Fez duas épocas no clube onde despontava João Tomás e retirou-se, dedicando-se à profissão de treinador. Merecia um final diferente.

Da sua curta carreira, conta já com passagens por Serzedelo, Ribeirão, Moreirense, Marco, Vila Meã e Famalicão. Actualmente orienta o Boavista, procurando trazer o clube de volta à grandeza de outros tempos.

20 Passes de rotura:

Manú 5 de maio de 2010 às 11:41  

joão bom post.
lembro-me de pouco do paneira, mas contam os sábios da minha família que era o mestre de "ir a linha" e centrar com precisão.

essa história do artur jorge cada vez mais me convenço (para nao dizer que tenho uma certeza muito convicta) que ele foi la posto pelo PdC para arruinar o Benfica. a quantidade imensurável de disparates que o rei artur fez foi digna de luis campos!

Anónimo 5 de maio de 2010 às 12:29  

«O Benfica bateu no domingo um recorde, porventura mundial, de tempo de jogo em superioridade numérica ao longo de uma temporada, chegando a 342 minutos (cinco horas e 42 minutos de jogo) com mais um (por vezes, dois) jogador em campo. O que corresponde a 13 por cento do tempo total da competição. E Fucile foi o 17.º jogador adversário a ver o cartão vermelho em partidas do líder.»

Leva pra Lisboa 5 de maio de 2010 às 12:29  

É verdade que o FC Porto jogava "apenas" pela honra e prestigio mas, para além da vitória, destaco uma serie de outros "pequenos" objectivos que foram alcançados:

1) Garantia da invencibilidade do FC Porto em casa neste campeonato (12V, 3E);
2) Imposição ao SLB da maior derrota desta época a nível interno;
3) Terminou um ciclo sem derrotas do SLB a nível interno, incluindo a ilusão dos encarnados fazerem a segunda volta do campeonato sem conhecerem o gosto amargo da derrota;
4) Terminou um ciclo de dois anos em que o FC Porto não ganhava ao SLB;
5) Aumentou mais um ano o número de épocas em que o SLB não vence no Dragão;
6) Aumentou mais um jogo o número de vitórias alcançadas pelo FC Porto desde que o Hulk regressou do degredo imposto pelo dr. Ricardo Costa;
7) O Cardozo não marcou;
8) O SLB voltou a não festejar o título antecipadamente e muito menos no estádio do Dragão.

Pedro Veloso 5 de maio de 2010 às 12:31  

Grande jogador, extremo à antiga que, nestes tempos pós-Lei Bosman, teria certamente jogado num grande do futebol europeu.

Não tenho gostado muito dos comentários dele na Sportv, acho-os estranhamente pouco simpáticos para com o Benfica, mas se calhar está a ser apenas imparcial e eu estou a ser injusto.

Meu Deus, a equipa da final da Taça de 1993 (2a foto do texto):

Neno; Veloso, Mozer, William e Schwarz; P.Sousa,Paneira,R.Costa e Futre; J,Pinto e R.Águas. Ainda tínhamos nessa época Isaías, Yuran, Mostovoi, Kulkov, Pacheco...

Off-topic:
http://www.maisfutebol.iol.pt/fcporto/cardozo-falcao-benfica-fc-porto-maisfutebol/1160227-1304.html

Agora comparem com a diferença de classe do Fernando, Fucile, Hulk, etc., os tais que parece terem sempre problemas em ver o SLB jogar...

Tomás Pipa 5 de maio de 2010 às 12:49  

V.Paneira, um grande extremo! Lembro-me pouco dele no SLB, mas lembro-me perfeitamente dele como sendo uma bandeira do Vitória de Guimarães! Tinha mesmo muita classe e fazia uma dupla temível com Capucho!Para mim era um P.Barbosa um bocadinho pior.

Não me lembro nada desse Milovanovic

Anónimo 5 de maio de 2010 às 13:46  

Agora é só recordandos para eskecer os 3 do dragão!! vergonha de blog!!

Tomás Pipa 5 de maio de 2010 às 13:51  

Anónimo,tu deves ser cego. Alguém esqueceu os 3 do Dragão?

Há 4 posts sobre esse jogo! Aliás, nunca houve tantos posts sobre um jogo neste blog!

João S. Barreto 5 de maio de 2010 às 14:18  

Veloso era mesmo uma equipa de sonho, principalmente no meio-campo. E apenas com 3 estrangeiros no onze titular! O elemnto que destoa é sem dúvida William lol

Pedro Veloso 5 de maio de 2010 às 15:06  

O William não era mau João, mas claro que ao lado da lenda Mozer qualquer um destoa.

Leva para Lisboa, boa lista, sem ironia (por mais que me doa cada ponto que enumeraste).

Anónimo 5 de maio de 2010 às 16:40  

Falou-se pouco sobre o FC Porto-Benfica de domingo passado. Do jogo propriamente dito. Falou-se muito do antes e do depois, da violência, da troca de gentilezas entre os dois clubes, mas falou-se pouco do jogo que o FC Porto ganhou por 3-1 com apenas 10 jogadores em campo. Ora, há algumas coisas para dizer sobre um jogo que desmentiu algumas ideias pré-concebidas sobre Jesualdo Ferreira. Uma é que não sabe motivar os jogadores. Não me lembro de ver muitas equipas mais motivadas que o FC Porto frente ao Benfica no domingo. Outra é a de que lhe falta ambição. Não me lembro de ver nenhuma equipa tão ambiciosa que fosse capaz de reagir a uma expulsão e a um golo em menos de cinco minutos, reassumindo logo a seguir as rédeas do jogo. E finalmente a de que demora a reagir às incidências do jogo. Não me lembro de ver um treinador reagir tão rápida e eficazmente à expulsão de um jogador (entrada de Miguel Lopes para compensar a saída de Fucile) e, depois, à necessidade de gerir a vantagem no marcador em desvantagem numérica (entrada de Rodríguez para libertar a velocidade de Hulk). Para lá do antes e do depois, para lá da violência que todos repudiam, houve um grande jogo de futebol. E uma lição do professor.

Manú 5 de maio de 2010 às 16:53  

caro anónimo,

com todo o respeito pelo trabalho do jesualdo nao acho que tenha sido nada de extraordinario a entrada de miguel lopes em campo quando o fucile foi expulso. acho que até a minha avó que nada percebe de futebol faria aquela alteração, é lógico, para nao dizer quase matemático.

quanto à motivação na minha opiniao há ali dedo de pinto da costa que deve ter discursado para todo o plantel e uma motivação própria inerente ao orgulho próprio de cada jogador, que nao queriam ser humilhados daquela forma.

na minha opiniao jesualdo sempre foi contestado no porto, entre outras coisas, exactamente por nao conseguir mostrar a superioridade do porto contra os seus adversarios directos (entao contra o sporting de paulo bento dizem que até usava fraldas). nao acho que tenha havido mão de jesualdo neste jogo sinceramente, qualquer equipa de qualquer treinador estaria extremamente motivada naquele jogo. as coisas acabaram por correr de feição ao porto que no cômputo geral foi melhor e conseguiu tirar partido do nervosismo da equipa do benfica.

agora em relaçao ao jesualdo, sinceramente acho que ele no porto nunca fez mais que o normal. ganhou campeonatos contra equipas que foram sempre piores que ele e quando apanhou equipas melhores (nomeadamente este ano) claudicou.

João 6 de maio de 2010 às 02:17  

Recordo com saudade essa grande equipa do Guimarães!Lembro-me de ouvir frequentemente benfiquistas a amaldiçoar a sua dispensa. Não sabia que tinha sido alvo do SCP, mas compreendo em o interesse da altura. Essa da tropa é de génio, nunca tinha ouvido falar!Cumps

Anónimo 6 de maio de 2010 às 15:52  

oh manu, e o jesus o q fez? ganhou campeonato contra equipas melhores foi?? perdeu e ganhou?? lolol a cegueira é tanta!!

Manú 6 de maio de 2010 às 16:53  

anónimo o jesus ainda nao ganhou nada, mas caso venha a ganhar será numa liga em que há concorrência à altura. coisa que o jesualdo nunca conseguiu.

repara que o benfica se for campeão fará um mínimo de 74 pontos (caso empate) e um máximo de 76 (caso ganhe) - caso nao ganhe fará 73 pontos.
e fará isto contra um braga com 70, 71 ou 73 pontos (em caso de derrota, empate ou vitoria, respectivamente).

o jesualdo nos 3 campeonatos que fez com 16 equipas (e 30 jornadas) venceu-os com 69 pontos (contra um segundo lugar com 68 pontos), 75 pontos (contra um segundo lugar com 55 pontos; e neste acabaram por ser apenas 69 pontos devido aos 6 pontos retirados por corrupção) e 70 pontos
(contra um segundo lugar com 66 pontos).

por isso repara que este benfica de jesus, para alem de ter concorrencia à altura (coisa que jesualdo so teve um ano, e foi pela negativa como a diferença de pontos mostra), apenas nao chegava para o porto de jesualdo no ano em que fizeram 75 pontos (e em que a concorrencia nao apertou nem um bocadinho.

nao acho que seja cegueira nenhuma o que estou a dizer, porque olhando para os numeros vemos que jesualdo nada fez de extraordinario (basicamente aproveitou as beneces concedidas pela concorrencia) e é criminoso dizer (como por exemplo o meu ex colega de blogue diz) que este campeonato ganho à ultima jornada (quer seja o braga ou o benfica) nao passa de uma coisa indifrente do genero do jesualdo em 06/07.

LMC 7 de maio de 2010 às 12:11  

Manu,
Em 06/07, o Jesualdo foi jogar o último jogo a um ponto do Sporting, e até começou a perder.Portanto, só foi campeão a meio do jogo.
Foi muito mais renhido que este.

Anónimo 7 de maio de 2010 às 13:57  

ainda bem q ha alguem q sabe ver bola... este manu so ve po lado dele! fdx

Manú 7 de maio de 2010 às 14:41  

nao é uma questão de ver só para o meu lado. estou a singir-me aos factos.

os pontos que jesus e domingos fizeram chegavam para ganhar dois dos três campeonatos que o jesualdo ganhou (com 16 equipas).

nao digo que jesualdo nao tenha ganho campeonatos renhidos, mas sempre que ganhou algo renhido isso estava nivelado por baixo.

LMC 7 de maio de 2010 às 19:18  

Manu,
Tu só dás argumentos estúpidos.

Manú 8 de maio de 2010 às 18:31  
Este comentário foi removido pelo autor.
Manú 8 de maio de 2010 às 18:33  

Luís (LMC) aqui no Settore já é recorrente e famosa a tua admiração pelo FC Porto, mas nao te conhecia essa vassalagem ao jesualdo.

dizes que dou argumentos estupidos e mas nem os rebates. os numeros que eu apresentei mostram que a ideia que estou a defender nao é de todo infundada.
e repara que é pouco consensual entre os adeptos do porto a qualidade inequivoca do jesualdo. nunca ouvi nenhum portista elogiá-lo muito, porque de facto ele nunca fez nada de extraordinário ao serviço deles.