Recordando...João Vieira Pinto

Cedo se tornou num ídolo nas hostes Benfiquistas! Admirado por muitos, idolatrado no terceiro anel, ficou conhecido pelo Menino de Ouro! Jogava com o número 8 nas costas… jóia da coroa… João Vieira Pinto!
Deu os primeiros pontapés numa bola no Bairro do Falcão local onde nasceu, na Campanhã. Aos oito anos, apresentou-se nas Antas com a esperança de aprender, na escola de Oliveira e Gomes, “…Alguém olhou para mim com desconfiança dizendo quase em jeito de gozo, que voltasse mais tarde…” diz o próprio.
Na época de 83/84 ao menino João, o Boavista acenou com passe social e dinheiro para os seus estudos, ao Águias com bolas e equipamentos desportivos! A equipa e o jovem jogador aceitaram e dois dias depois, face a uma investida portista, “vingou-se” e rejeitou a equipa azul e branca.

Bem cedo começou a impressionar, assinou o seu primeiro contracto profissional aos 14 anos e no seu último ano de júnior chegou a equipa principal então orientada por Raúl Àguas. Jogou ao lado de Nelo e Isaías que mais tarde reencontraria no Benfica.

Foi uma das estrelas na vitória de Portugal no Campeonato Mundial de Sub20 em Riade no ano de 1989. A sua performance levaria o Atlético de Madrid do carismático presidente Jesus Gíl e Gíl a contratá-lo. Não teve sorte por terras espanholas, e passado um ano voltou ao Boavista para vencer a Taça de Portugal! O clube axadrezado era orientado por Manuel José e tinha também nas suas fileiras nomes conhecidos como Bóbó, Marlon Brandão, Fernando Mendes, Pedro Barny e já em final de carreira Carlos Manuel.
Em 91 jogou voltou a jogar o Campeonato Mundial Sub 20 em Lisboa, competição em que foi eleito Melhor Jogador e viu a sua prestação convencer Jorge de Brito. O então Presidente do Benfica desembolsou 500 mil contos pela jovem promessa de Valentim Loureiro. João Pinto a par de Brassard foram os únicos a conquistar esta competição por duas vezes.
Rui Àguas, Pacheco, Futre, César Brito, Ìsaias, Paneira, Neno, Mozer, Veloso e Paulo Sousa eram nomes sonantes numa equipa orientada por Tomislav Ivic que contava com Jesualdo Ferreira como seu adjunto quando João Pinto chegou á Luz.
Tornou-se capitão dos encarnados em 1995 e carregou o Benfica e a braçadeira durante 5anos! O brilhantismo, genialidade, agilidade, e os rasgos de pura magia tornaram-no num dos maiores ícones do clube e, num dos maiores jogadores da chamada “Geração de Ouro”.

Entre outros momentos guardo a exibição inesquecível em Alvalade em que apontou 3 golos, aquele golo de cabeça a David Seaman no europeu frente á Inglaterra, e aquele momento de pura magia em que sentou 4 dos melhores centrais do mundo num jogo frente á poderosa selecção Alemã…

Na fase de apuramento para o Mundial dos Estados Unidos, num jogo contra a Escócia, João Pinto viu a sua carreira ameaçada por um Pneumotórax, felizmente conseguiu recuperar.
Foi e será sem dúvida uma figura emblemática do Benfica, que a pouco e pouco lhe vai sabendo perdoar (ainda que tenha sido empurrado) a traição e a dor de ter visto o seu “Menino de Ouro” partir para o outro lado da 2ª circular.
Tenho a certeza que será reconhecido por todos os Benfiquistas, pelo seu profissionalismo, pela forma como deu o “corpo as balas” nas épocas mais negras do Benfica, pela humildade e pela seriedade que demonstrou enquanto de águia ao peito. O Benfica deve mais a João Pinto do que o próprio ao Benfica!
O filho prodígio de um clube com o qual tinha assinado um contrato para a vida, foi empurrado para fora do mesmo no verão do ano 2000 quando 7 anos antes jurou amor e fidelidade ao clube depois de rejeitar o Sporting numa investida que Sousa Cintra fez ao Benfica, acabando ainda por conseguir levar Pacheco e Paulo Sousa.
Vale e Azevedo “tornou-o” no único jogador sem clube a disputar o Europeu de 2000 organizado pela Bélgica e Holanda. Semanas mais tarde declinou várias propostas do estrangeiro, novamente uma do F.C.Porto e assinou pelo Sporting.

Foram seus treinadores no Benfica para além de Ivic, Artur Jorge, Paulo Autuori, Manuel José, Graeme Souness e Jupp Heynckes. Partilhou o balneário com o falecido Robert Enke, Poborsky, Paulo Madeira, Calado, Preud´Homme, Brian Deane, Gamarra, Ìsaias, Rui Costa, Helder e Abel Xavier Paulo Bento, e Ricardo Gomes.
De águia ao peito realizou um total de 302 jogos e marcou por 90 vezes.

No Sporting teve como treinadores Augusto Ìnácio, Manuel Fernandes, Lazlo Boloni e Fernando Santos. Na sua segunda época fez com Jardel uma temível dupla que teve como ponto alto a conquista do campeonato nacional. Jardel nesse ano foi o melhor marcador do campeonato e apelidou João Pinto de “pai da equipa”. Fez uma grande época efectuado quase todos os jogos, facturou por 9 vezes, espalhando também toda a sua classe por Alvalade. Na sua passagem pelo Sporting jogou ao lado de nomes como, Sá Pinto, Pedro Barbosa, Mpenza, Acosta, Iordanov, César Prates, André Cruz, Peter Schmeichel, Paulo Bento, Quaresma, Nicolae, Pepe, Liedson e Cristiano Ronaldo.
Ao serviço do clube leonino efectuou 142 jogos e marcou por 32 vezes.
A nível de selecção também o pequeno João Pinto foi grande! Esteve presente nas principais competições, e foi sempre figura de proa ao lado de Figo e Rui Costa! Finalizou a sua participação nas selecções nacionais com 81 internacionalizações e 23 golos.

Além de um jogador talentoso, João Pinto ficou também conhecido pelo seu comportamento intempestivo dentro de campo. As “suas batalhas” com o jogador do F.C.Porto, Paulinho Santos duraram anos e ambos foram expulsos por diversas ocasiões após se terem envolvido em agressões. João Pinto sofreu varias lesões nesses confrontos entre as quais, um nariz partido e um maxilar fracturado.
O momento mais negro e que antecipou a fase descendente da sua carreira, seria a agressão ao árbitro argentino Ángel Sánchez, depois de este ter dado ordem de expulsão numa sequência de lances bastante polémicos, num jogo da fase de grupos do Mundial da Coreia e do Japão em 2002, que lhe valeu a expulsão do jogo e suspensão de toda a sua actividade desportiva por 6 meses.

João Pinto nunca conseguiria recuperar desse incidente e em 2004, após o final do seu contrato com o Sporting voltou ao Boavista pela mão de João Loureiro, embora tivesse estado perto de assinar contrato com os sauditas do Al-Hilal.

Após duas boas épocas no clube boavisteiro rumou a Braga onde efectuou mais duas épocas.
A 22 de Julho de 2008 optou por terminar a sua carreira. João Pinto foi quanto a mim um jogador genial que marcou o futebol Português. Ainda assim o primeiro talento a despontar da Geração de Ouro Portuguesa, deixou a sensação de ter passado ao lado de uma carreira muito mais grandiosa se tivesse optado por outros voos.
Nome completo: João Manuel Vieira Pinto
Alcunha: "Menino de Ouro"
Nacionalidade: Português
Data de Nascimento: 19 de Agosto de 1971
Clubes:
2006/08- Braga 33 jogos/ 3 golos
2004/06- Boavista 62 jogos /13 golos
2000/04- Sporting 142 jogos / 32 golos
1992/00 -Benfica 302 jogos / 90 golos
1991/92 - Boavista 43 jogos / 8 golos
1990/91 - Atl.Madrid ?? jogos / ?? golo
1988/90 - Boavista 19 jogos / 2 golos

Palmarés:
2 Campeonatos de Portugal (Benfica/Sporting)
2 Campeonatos do Mundo Sub20
1 Supertaça Portugal
4 Taças de Portugal (Benfica 2/ Sporting 1/Boavista 1)

9 Passes de rotura:

Manú 14 de janeiro de 2010 às 02:44  

realmente o vale e azevedo parecia que estava a gozar com o benfica.

João 14 de janeiro de 2010 às 02:59  

Esse é outro artista Manú!Grande post nº 10.

João S. Barreto 14 de janeiro de 2010 às 03:27  

Excelente numero dez! grande jogador, todos os benfiquistas e tambem portugueses devem muito respeito a este jogador que deu tudo pelas camisolas que vestiu. Teve também outra lesão importante no joelho ou na perna na sequencia de uma saida violenta do costinha num sporting benfica (penso que para a taça) que ficou empatado 1-1, o golo do benfica sendo marcado por dimas. nao me lembro ao certo que lesao foi. Nao me canso de rever os 3 golos contra o sporting, é ate hoje o jogador a ter conseguido uma nota mais alta n'ABOLA com esse hatrick. O dia em que saiu do benfica foi dos mais tristes da minha vida e gostava de vê-lo um dia inserido na estrutura benfiquista, como estou certo que ele gostaria.

João S. Barreto 14 de janeiro de 2010 às 03:33  

p.s.:penso que foi 1-1, não tenho 100% a certeza, foi há anos!

Pedro Veloso 14 de janeiro de 2010 às 10:32  

Não foi João, foi 1-2 na Luz para o campeonato em 94/95. Jogo da expulsão errada do Caniggia pelo Coroado e dum golaço do Balakov, chapéu ao Preud'homme.

Grande post Numero Dez. JVP é de facto um jogador muito querido da massa associativa, embora algumas coisas tenham dividido os benfiquistas.

Desde logo, quando no Verão Quente de 93 seguiu as pisadas de Pacheco e Paulo Sousa e assinou pelo Sporting. Explicou numa entrevista recente ao Record que foi induzido em erro pelo que se dizia na CS, que o SLB ia falir, etc. Depois o Jorge de Brito foi resgatá-lo a Torremolinos, praia espanhola: o JVP diz que se arrependeu, percebeu que o Benfica não estava tão mal como dizia e ligou ao falecido presidente para ir buscá-lo lá.

Claro que foi um episódio controverso, até porque Rui Costa (e Paneira) reza a lenda que teve a mesma hipótese de fugir para o rival e terá rasgado a proposta na cara de Sousa Cintra (isto já deve ser tanga lol)e ganharam estatuto de heróis ao contrário do JVP.

De qualquer forma, com a época seguinte (93/94, aqui é que foi o título Numero Dez, não em 95)e sobretudo com a épica exibição em Alvalade, e também com as épocas subsequentes numa equipa medíocre, tudo se esqueceu e JVP foi elevado a símbolo do clube. Um exemplo de classe e garra, deixava tudo em campo apesar de massacrado. Sem dúvida, o jogador que mais vi porrada levar em Portugal, numa década em que tudo se permitia e não se puniam entradas duras (não só cá, noutros países também)como hoje.

Depois, em 2000, mais um episódio triste. A saída vergonhosa dele do Benfica. De facto o rendimento não vinha sendo bom e já havia grande saturação, mas quando muito vendíamo-lo, não se escorraça alguém que tanto deu à camisola. Não o censuro por ter ido para o Sporting, ele não queria ir para o estrangeiro e tinha o direito de continuar a jogar ao mais alto nível (o Porto, seu clube do coração em criança, nunca terá sido hipótese real, apesar de ter tentado, porque o empresário era o Veiga).

Talvez pudéssemos tê-lo feito regressar no fim do contrato com o Sporting mas já tinha 33 anos.

Uma coisa que gosto muito nele é que não se lhe nota ponta de ressentimento para com o meu clube e seus adeptos. Critica quem o tramou claro, mas durante estes anos tem sido impecável com a instituição, inclusive agora nos comentários na televisão e O Jogo. Muita gente acredita que em breve entrará na estrutura do clube pela mão do Rui Costa.

Futebolisticamente foi um génio, talvez o mais talentoso da geração de ouro (às vezes vejo jogos daqueles anos pela selecção e aquilo é que é partir rins, como nessa jogada em que o Kopke evitou o golo)e na noite de temporal de 14 de Maio de 94 fez de facto a melhor exibição individual em grandes jogos que já vi em Portugal.

paulinho cascavel 14 de janeiro de 2010 às 13:40  

o meu primeiro grande ídolo!

levou a equipa às costas anos a fio.
saiu da maneira que todos conhecemos, com o vale e o heynckes sempre em cima dele, até que o dispensam.

dos melhores que já vi jogar no benfica.

mas nunca o perdoarei pela escolha que fez. tinha todas as possibilidades de ir para onde quisesse (tinha ainda 28 anos), e foi sair para o maior rival do clube que capitaneou durante 5 anos. achei vergonhoso, e se bem que isto é futebol profissional, nunca esperei uma destas do joão pinto, ainda por cima depois de se ter retractado pelo que ia fazendo em 94.

assobiei-o sempre que veio à luz e vou assobiá-lo se alguma vez voltar.

Pedro Veloso 14 de janeiro de 2010 às 16:35  

Também me custou muito Paulinho, e parece difícil de aceitar,mas dado o tratamento que teve da parte do SLB consigo - a custo - compreender a decisão dele.

Alfredo Barbosa 14 de janeiro de 2010 às 21:47  

Portista desde pequenino!

Tomás Pipa 15 de janeiro de 2010 às 14:02  

Lol!Veloso,tu sabes os termos todos: "Verão Quente de 93" lolol..está ao nível da "Primavera Marcellista"

Para mim passou ao lado de uma grande carreira,se é que não a teve.Por onde passou foi sempre titular e fez sempre 30 jogos para cima por época. Muito do género de Nedved,Seedorf e L.Figo,a outro nível claro.

Por todos os clubes onde passou foi profissionalíssimo e deixem-me que vos diga que gosto de ouvir os seus comentários.

Parabéns Número10!