Recordando...Gabriel Omar Batistuta

Um dos mais prolíferos avançados que tive o prazer de ver jogar nasceu a 1 de Fevereiro de 1969, na Cidade de Reconquista na Argentina.
Apareceu tarde no futebol, tendo deixado o basquetebol para se dedicar à vida de goleador apenas aos 17 anos.

Fez a sua primeira época sénior em 1988 ao serviço duma bela escola de goleadores, o Newell’s Old Boys, tendo lidado desde logo com o sucesso ao mais alto nível do continente sul-americano ao ajudar a sua equipa a conquistar um prestigiante segundo lugar na Libertadores. Ao serviço do seu primeiro clube realizou 24 jogos e facturou por apenas 7 vezes. Por esta altura também davam consigo os primeiros passos no clube nomes conhecidos como Roberto Néstor Sensini e Maurício Pochettino.

Fruto da sua boa prestação no clube de Rosário, partiu para a capital no ano seguinte para representar uma das duas maiores potências do futebol argentino, o River Plate. Esteve por lá apenas uma época (tempo suficiente para ser campeão argentino), na qual partilhou o balneário com Jorge Higuaín (pai do actual goleador merengue Gonzalo) e Leonardo Astrada, jogou por 21 vezes e marcou não mais que 4 golos.
Ainda à procura da afirmação total como grande nome do futebol do seu país, trocou o River pelo eterno rival Boca Juniors logo na época seguinte (90/91) e foi aí que começou a conhecer o sucesso individual, arrecadando o seu primeiro troféu de melhor marcador. Jogando na mesma equipa que o mítico careca-de-cabelos-compridos Navarro Montoya, ajudou o clube de D10S a chegar ao título com 13 golos em 34 jogos. Após transportar o título de campeão argentino de um rival da capital para o outro e de se ter afirmado em apenas 3 anos a jogar como profissional no seu país, El Rey León viu a sua enorme qualidade ser recompensada com a primeira chamada à Selecção Argentina, num duelo com o Brasil. Tal como em todos os clubes que passou na sua carreira, também na selecção alvi-celeste “pegou de estaca” e ainda nesse ano (1991) venceu a Copa América.

Como se não bastasse tudo o que de bom a sua dedicação e talento lhe tinham dado em tão pouco tempo, viu ainda a porta de entrada do futebol europeu ser-lhe gentilmente aberta pelo Calcio.
Chegou à Fiorentina de Dunga e Mazinho (treinada pelo ex-treinador do Marítimo Sebastião Lazaroni) com apenas 22 anos e um currículo que permitia até os mais cépticos estarem seguros que não falharia nesta nova e mais exigente etapa da sua carreira.
Assim foi. Apesar de na primeira época 1991/1992 ter tido alguns problemas de adaptação, na época seguinte, servido por Stefan Effenberg e Brian Laudrup, visou a baliza adversária por 16 vezes em 27 jogos – números de classe mundial, tendo em conta que foram conseguidos na exigente Serie A italiana.
No entanto, a sua afirmação individual não foi suficiente para evitar a despromoção da formação de Florença nessa mesma época.


Mas nem tudo era mau na sua carreira nesse momento. No verão de 1993 volta a juntar uma Copa América ao seu currículo, tendo contribuído para essa conquista com dois golos na final da competição, diante do México.


Comandado então por Claudio Ranieri, jogou a época de 93/94 no segundo escalão italiano, ano em que “nasceram” a seu lado Francesco Toldo e Cristiano Zanetti. Foi, no entanto, “sol de pouca dura” esta passagem pela Serie B. O título chegou com tranquilidade...
No seguinte defeso estava de volta ao confronto com os grandes italianos, e foi nessa época que conseguiu o sua primeira bota de ouro italiana, tendo apontado nada-mais-nada-menos que 26 tentos. Foi também na época de regresso à Serie A que chegou, vindo do S.L. Benfica, um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos, Rui Costa, com quem Gabriel viria tranquilamente a dividir o protagonismo.
Com a moral em alta, e como que para coroar este grande momento da sua carreira, vê o seu nome na lista de convocados para o (seu primeiro) Campeonato do Mundo (USA’94). Foi o melhor marcador da sua selecção na prova, tendo conseguido “molhar a sopa” por 4 vezes.

Mesmo tendo sido um dos melhores avançados da sua geração (se não mesmo o melhor) e tendo chovido diversas propostas pelo seu passe, Batigol optou por permanecer no clube Viola por 9 épocas, tendo ainda sido treinado por Giovanni Trapattoni e jogado com nomes conhecidos como Stefan Schwarz, Michele Serena, Márcio Santos, Sandro Cois, Andrea Sottil, Lorenzo Amoruso, Andrei Kanchelskis, Valerio Fiori, Moreno Torricelli, Davide Dionigi, o “Animal” Edmundo, Domenico Morfeo, Cristian Amoroso, Guillermo Amor, Tomàs Repka, Jörg Heinrich, Giuseppe Tagliatela, Daniele Adani, Alessandro Pierini, Paulo Okon, Angelo Di Livio, Abel Balbo, Pedrag Mijatovic e Enricho Chiesa.
Tal fidelidade, associada aos 168 golos apontados em 269 jogos que facturou com as cores da Fiorentina, valeu-lhe uma estátua oferecida pelos ferrenhos adeptos do clube.

Passados os nove anos de sucesso (mais individual que colectivo) em Florença, Batistuta decide finalmente subir um pouco na carreira e parte para a capital italiana para representar a AS Roma de Fabio Capello em 2000/2001, protagonizando a segunda mais cara transferência do futebol italiano.

Como um dos melhores avançados do mundo que era na altura, não fez mais que a sua obrigação ao facturar mais 20 golos e ajudar a Roma a conseguir o tão desejado título italiano que já fugia desde 82/83. Na época do título fez parte dum plantel verdadeiramente galáctico, que contava com Cafú, Vincent Candela, Walter Samuel, Aldair, Antônio Carlos (Zago), Marcos Assunção, Hidetoshi Nakata, Emerson, Damiano Tommasi, Vincenzo Montella, Marco Delvecchio e Francesco Totti.
Ficou por Roma mais um ano e meio, tendo ainda jogado com Christian Panucci e assistido aos primeiros passos de Antonio Cassano, do “desaparecido” Saliou Lassissi e de Alberto Aquilani.
Em duas épocas e meia deixou a sua marca habitual, com 30 golos em 63 jogos.

Já numa fase descendente da carreira, no mercado de Inverno da época de 2002/2003, troca a Roma pelo Inter a título de empréstimo, tendo vestido a camisola nerazurra apenas por 12 vezes e marcado, ainda assim, 2 golos.
Nesta passagem por Milão encontrou um daqueles plantéis sul-americanos do Inter que transbordavam estrelas mas não correspondiam às expectativas. Para além de reencontrar velhos conhecidos de Florença como Toldo, Serena, Adani e Cristiano Zanetti, jogou com nomes como Alberto Fontana, Ivan Córdoba, Javier Zanetti, Fábio Cannavaro, Gonzalo Sorondo, Marco Materazzi, Carlos Gamarra, Francesco Coco, Belözoğlu Emre, Sérgio Conceição, Javier Farinós, Andrés Guglielminpietro, Luigi Di Biagio, Stephane Dalmat, Buruk Okan, Matías Almeyda, Mohamed Kallon, Hernán Crespo, Álvaro Recoba, Obafemi Martins, Christian Vieri e Nicola Ventola.

Finda a experiência em Milão (que não durou mais que meia época), Bati faz como muitos outros e parte para o Qatar em busca dos petro-doláres, assinando contrato com o Al-Arabi, onde é campeão local logo na época de estreia, encontra o extravagante nigeriano Taribo West e reencontra Stefan Effenberg.


Nas (suas) duas (últimas) épocas ao serviço do clube catarense (2003-2005) conseguiu obviamente bastantes golos, tendo atingido a marca dos 25 golos em apenas 21 jogos.



Gabriel Batistuta é ainda hoje o melhor marcador da história da Selecção Argentina, com 56 golos apontados nas 78 internacionalizações a que teve direito. Na sua carreira internacional, participou, entre outras provas menores, em três Mundiais (EUA’94, França’98 e Coreia do Sul/Japão’2002).



Como ponto alto da sua carreira tem a conquista do 3º melhor jogador mundo FIFA em 1999, prémio que só não se repetiu e não foi melhor porque nunca fez questão de jogar mais anos em clubes de maior dimensão.
Em suma, Batigol conseguiu 249 golos nos 440 jogos oficiais que realizou a nível de clubes e é o 9º melhor marcador de sempre (!) da Serie A com 184 golos.
É realmente um matador na verdadeira acepção da palavra.



Nome completo: Gabriel Omar Batistuta
Alcunha(s): El Rey León, Batigol, Bati
Nacionalidade: Argentina
Data de Nascimento: 1 de Fevereiro de 1969
Carreira como jogador:

88/89 – Newell’s Old Boys 24(7)
89/90 – River Plate 21(4)
90/91 – Boca Juniors 30(13)
91/00 – Fiorentina 269(168)
00/03 – Roma 63(30)
03 – Inter 12(2)
03/05 – Al-Arabi 21(25)

Selecção Argentina: 78(56)

Títulos:

Campeão Argentino em 1990 e 1991
Vencedor da Serie B em 1994
Vencedor da Taça de Itália em 1996
Vencedor da Supertaça de Itália em 1996 e 2001
Campeão Italiano em 2001
Campeão Catarense em 2004

10 Passes de rotura:

Pablo Aimar 5 de abril de 2010 às 17:46  

Lo mejor delantero que he jugado en mi vida!

Pedro Veloso 5 de abril de 2010 às 18:21  

Grande post sobre um goleador que povoou o imaginário de todos nós quando éramos miúdos. Era fantástico, adorava sobretudo os remates cruzados, era grd bilhete com o pé direito. Um pouco como o Rui Costa, foi pena não ter saído para um clube maior.

Porque é que ele saiu do River pro Boca sabes?

E já agora quem é esse Lassissi? Não me lembro.

No post falas de outro jogador que adorava, o enfant terrible Effenberg

Manú 5 de abril de 2010 às 18:27  

Não sei porque saiu do River para o Boca, e olha que bem que procurei! se alguem encontrar alguma coisa que diga, tambem gostava de saber...

o Lassissi era um central/def.direito marfinense que era fortissimo no CM01/02 salvo erro. Era oriundo do Rennes e entrou em italia pela mao do parma, que o emprestou a sampdoria e a fiorentina antes da roma o ir buscar.

esteve 3 épocas na roma e depois desapareceu literalmente em 2004/2005 e voltou a apareceu no Nancy em 2005.

Depois disso foi so descer, Suiça, dps Sannois (fundado em 1989 lol) e agora nao sei nao encontro registos dele. Tem 31 anos actualmente

Manú 5 de abril de 2010 às 18:29  

penso que nem chegou a jogar na roma, pelo menos nao ha registos disso. mas no fm era mto forte mesmo.

tem duas internacionalizaçoes pela costa do marfim.

Manú 5 de abril de 2010 às 18:31  

e quem gostava de cm97/98 nao pode ficar indifrente a muitos dos nomes que jogaram com batigol na fiorentina!

nessa altura era a liga de eleiçao a serie A, jogadores fabulosos

Sá Pinto 5 de abril de 2010 às 19:56  

cm traz muita cultura! lassissi era grande jogador, um nigga daqueles grandes e mto bom.

Pedro Veloso 5 de abril de 2010 às 20:04  

lol pela descrição que fazem o lassissi quase parece o Zoro

João S. Barreto 6 de abril de 2010 às 00:23  

Grande ponta-de-lança Batistuta! Adorava aquela selecção com Ortega, Simeone, Redondo, Verón, etc...Um dos jogadores que mais gostei de ver jogar. Dupla inesquecível com Rui Costa.

Pedro Veloso 6 de abril de 2010 às 11:21  

Ortega ainda anda no River, tem tido graves problemas com o álcool. Tinha classe que nunca mais acabava

João 8 de abril de 2010 às 02:52  

Grande Batigol, grande post!Segundo o que descortinei, ele saiu do River porque teve vários conflitos com o Daniel Passarella, treinador da equipa de então. mais tarde voltou a tê-los quando foi treinado por ele na Selecção. Esteve assim meio ano no River e trocou-o pelo Boca.