Hitzfeld e Companhia


A Suiça está longe de ter uma das selecções mais faladas do Torneio que se avizinha, mas eu não a deixo de a incluir no lote das possíveis surpresas. Afinal de contas, estamos a falar de uma selecção orientada por Otmar Hitzfeld, e é por isso mesmo que sou forçado a dobrar a língua para falar da selecção helvética.

A Suiça não tem muita tradição no futebol, mas a verdade é que já por três vezes chegou aos ¼ Final de um Mundial (1934,1938 e 1954) e uma aos 1/8 Final (2006). Em 2009 foi campeã do Mundo de sub-17 onde na final bateu a Nigéria do nosso bem conhecido Rabiu Ibrahim. Tem feito também alguns brilharetes nos Europeus de sub-17 e sub-21 nos tempos mais recentes. O futebol suiço tem vindo a crescer e os mais atentos sabem disso.

Comecemos por falar da maior estrela desta selecção, não é guarda-redes, não é defesa nem médio, muito menos avançado, é mesmo o técnico alemão Otmar Hitzfeld.
Otmar Hitzfeld, filho de pais suiços, nasceu na fronteira entre a Suiça e a Alemanha, por isso podemos dizer que tem uma costela helvética. Hitzfeld é um dos treinador mais bem sucedidos da história do futebol europeu, ou não fosse ele o único a ter ganho a Liga dos Campeões (desde 1992) por duas equipas diferentes (Bayern e B.Dortmund). Este ano haverá outro, Van Gaal ou Mourinho.

Hitzfeld é um técnico habituado a ganhar, no seu curriculum como treinador conta já com três campeonatos suíços (1985,1990,1991) e sete (!) Bundesligas (1995,1996,1999,2000,2001,2003 e 2008), uma Taça Intercontinental, vários Taças e Supertaças nacionais, dois títulos de melhor treinador do mundo (1997 e 2001),etc... Como jogador também foi bi-campeão suíço e melhor marcador do campeonato suíço em 1973. Se uns coleccionam cromos e selos, outros coleccionam títulos, e Hitzfeld é um deles. Goste-se ou não, estamos perante um vencedor nato!

A Suiça qualificou-se facilmente para este Mundial, foi a 1ª classificada do Grupo 2 da zona Euro, um grupo sem nenhum colosso, mas com duas selecções sempre incómodas, a da Grécia e a de Israel. Ganhou os dois duelos com a Grécia (casa e fora), coisa que Portugal não faz. A Suiça não tem nenhum jogador de craveira mundial, mas é no colectivo que está o seu forte. Esta selecção é um misto de jogadores experientes com alguns jovens talentos que já brilharam nos Europeus de camadas jovens. Beneficia também da organização alemã que Hitfeld imprime e da natural organização defensiva italiana de que muitos jogadores têm no seu ADN, não fossem vários destes jogadores descendentes de italianos. Na frente, um toque exótico (Colômbia e RD Congo) para tentar fazer estragos.

Eis os candidatos às 23 vagas:

Para a baliza julgo haver poucas dúvidas. Benaglio, campeão alemão em 2008/2009 (Wolfsburgo) é um guarda-redes de grande qualidade e não deve ver a sua titularidade posta em causa. Leoni (Zurich) e Wölfi (Young Boys) devem completar as vagas que sobram para os guarda-redes. Jakupovic (Lokomotiv Moscovo) e Coltroti (Racing Santander) ainda acalentam algumas esperanças para a vaga de 3º guarda-redes.

Na defesa, os quatro titulares parecem estar já escolhidos. Grichting (Auxerre) deverá fazer dupla de centrais com o mais conhecido dos jogadores suíços, Senderos (Everton). Lichtsteiner (Lázio) será o lateral direito e experiente Magnin (Zurich) o lateral esquerdo. Spycher (Frankfurt) e Ziegler (Sampdoria) lutarão pela 2ª vaga como lateral esquerdo. Se Spycher é mais experiente e por isso deverá ser escolhido, mas Ziegler é mais atacante e tem sempre a vantagem de fazer estragos com o seu pé esquerdo nos lances de bola parada. Djourou (Arsenal) deverá ser o 3º central. Von Bergen (Hertha) leva vantagem sobre Nef (Triestina), Eggimann (Hannover) e Barmettler (Zurich) pela última vaga como central. A segunda vaga para lateral direito não sei se será ocupada por um lateral de raiz. Por um lado pode ser feita por um dos médios (Behrami) e pelo outro pode ser feita e bem por Djourou. Degen (Liverpool), apesar de não ter jogado na fase de qualificação é sempre um nome a ter em conta.

Para o meio-campo há algumas certezas. O virtuosista Barnetta (B.Leverkusen), os trincos Inler (Udinese) e Gelson Gernandes (St-Éttiene), Huggel (Basel), o nº 10 clássico Hakan Yakin (Luzern), o ala direito Behrami (West Ham)e o extremo Padallino (Sampdoria) têm os seus lugares garantidos. Os últimos dois lugares vão ser muito disputados pelo jovem kosovar Abdi (Le Mans), pelo também sérvio, e também jovem Dzemaili (Parma) e pelo o ainda mais jovem (1989) Valentin Stocker (Basel). Schwegler (Frankfurt), jovem criativo que joga na Bundesliga deverá ficar de fora por opção, tal como Regazzoni (Young Boys).

Na frente de ataque, poucas dúvidas. A dupla titular será formada pelo experiente (fará 35 anos este mês) avançado congolês, N’Kufo (Twente) que além de ter apontado 5 golos na fase de qualificação, ainda apontou mais 11 na Eredivisie e por Derdiyok (B.Leverkusen), um avançado que eu acredito que terá um excelente futuro (11 golos na actual Bundesliga). O experiente Alexander Frei (Basel), também com 5 golos na fase de qualificação e 13 no campeonato suíço, um dos abonos de família desta selecção suiça e a eterna esperança Johan Vonhlanthen (Zurich) com 10 golos na actual edição do campeonato suíço deverão ser as outras duas escolhas. Streller (Basel) pode ser a maior surpresa da convocatória. O gigante está afastado da selecção há algum tempo, mas os 21 golos no campeonato esta época, podem aguçar o apetite de Hitzfeld. Portanto, advinha-se dois avançados móveis que possam cair nas alas (Derdiyok e Vonlanthen) e dois mais fixos, verdadeiros pontas-de-lança para ser mais preciso (Frei e N’Kufo).

A Suiça está inserida no Grupo H juntamente com a campeã europeia em título, a Espanha, Chile (uma boa surpresa na zona de qualificação sul-americana) e as Honduras. Diz-se que lutará com o Chile por um lugar nos 1/8Final, mas creio que a Suiça será mais forte. Será interessante ver o duelo entre estas duas selecções, pois ambos os treinadores são muito bons (Bielsa vs Hitzfeld). Contra a Espanha, não vou pôr já de parte uma eventual surpresa. Se chegar aos 1/8 Final, a Suiça encontrará um adversário muito forte (Costa Marfim, Brasil ou Portugal).

A minha escolha: Benaglio, Leoni e Wölfi; Lichtsteiner, Spycher, Magnin, Senderos, Von Bergen, Grichting e Djourou; Behrami, G. Fernandes, Inler, Huggel, H.Yakin, Barnetta, Paddalino, Abdi e Stocker; N’Kufo, Frei, Vonlanthen e Derdiyok.

7 Passes de rotura:

João S. Barreto 8 de maio de 2010 às 16:26  

Tomás excelente post, também acho que esta Suiça pode ser uma surpresa pela sua qualidade colectiva.

Acho que o Ziegler é capaz de ser convocado, te feito um excelente campeonato na Samp (normalmente é o único estrangeiro titular). Gosto muito do Inler, que é turco, da Udinese. Grande trinco, provavelmente para o ano vai jogar num grande de Itália.

Tomás Pipa 8 de maio de 2010 às 16:32  

O Ziegler é uma das maiores dúvidas.

Pouco utilizado na fase de qualificação. Para defesa esquerdo, Magnin e Spycher são dois históricos, não acredito que os deixem de fora. Depois Ziegler também poderia ir a meio campo, mas isso, quer querem quer não, é levar 3 defesas esquerdos. Seria o mesmo que levar Duda,Peixoto e Coentrão disfarçado de extremo.Acabariam por ser 3 defesas esquerdos à mesma.

O Inler é muito bom, fez uma grande época mesmo!

Vonlanthen também fez uma boa época.

Pedro Veloso 9 de maio de 2010 às 02:25  

Tomás excelente mesmo! Acho que não te esqueceste mesmo.

Hitzfeld é mesmo o que dizes, há que dobrar a língua. Infelizmente desde há uns anos optou por uma carreira mais "calma". Adorava o grande Bayern que ele montou, finalista da Champions em 99 e vencedor em 2001.

Como é que o N'Kufo joga pela Suiça?

Tomás Pipa 9 de maio de 2010 às 12:01  

N'Kufo nasceu em Kinshasa,no antigo zaire e emigrou com os seus pais para a Suiça quando era puto. Formou-se como jogador na Suiça, jogou cerca de 10 anos na Suiça como profissional também. Para mim é legítimo! É um pouco como o Messi se jogasse por Espanha.

Pedro Veloso 9 de maio de 2010 às 15:35  

Eu para mim por acaso não é legítimo, não duvido que se sinta suiço tendo em conta a sua vida, mas o critério torna-se subjectivo (quantos anos a viver num país são necessários para que ele seja convocado?). Para mim o mais simples e objectivo (acho que o LMC também aqui o escreveu aqui uma vez) é apenas ser possível convocar quem tenha nascido no país ou seja filho de um pai ou uma mãe natural desse país.

Tomás Pipa 9 de maio de 2010 às 15:59  

Eu acho que quem se muda por razões extra-futebol e ainda criança, pode ser naturalizado (aí excluía Liedson,Senna,Pepe e Deco por exemplo).

O N'Kufo provavelmente não conhece nenhum congolês sem ser família ou jogador de futebol

Anónimo 15 de junho de 2013 às 15:04  

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