Aquilo foi só um aquecimento, certo?

Confesso que este é talvez o post que mais criatividade exigiu de mim em termos de escrita porque, após ter visto jogos tão pobres, só mesmo com um vocabulário cativante em termos formais é que poderei fazer um texto minimamente interessante, tendo este um conteúdo tão pobre e entediante, ou não estivesse a debruçar-me concretamente sobre a primeira jornada do campeonato português. Não prometo que o consiga, mas vou dar o meu melhor e, sendo assim, cá vai.

Para os mais líricos, este campeonato poderia servir para marcar uma viragem em termos exibicionais. As equipas pareciam mais competitivas, o quadro de treinadores estaria à partida também ele relativamente rejuvenescido, apresentando técnicos diferentes e com sangue na guelra para dar aos planteis uma abordagem diferente aos desafios. Concluindo e resumindo, antes de particularizar, estavam reunidos os condimentos, segundo alguns diga-se, para que este campeonato começasse logo de início a empolgar os adeptos. Puro erro, claro.

O marasmo começou logo na sexta feira, com Leixões e Beleneneses a proporcionarem um espectáculo paupérrimo que culminou num empate a zero, resultado aliás repetido hoje por Setúbal e Guimarães e ontem no encontro que opôs a Naval à Olhanense. Já Leiria e Rio Ave empataram a uma bola, seguindo assim a lógica dos três crónicos candidatos ao título, mas destes falarei mais adiante . No fim de contas, só o Braga teve razões mínimas para festejar. Sem fazer um grande jogo, longe disso, os bracarenses lá derrotaram a Académica, mas também só o fizeram tardiamente e com um golo solitário.

Sporting, Porto e Benfica, não conseguiram também eles fugir a esta mediocridade de resultados. Três empates, todos a uma bola. O Sporting foi, deste trio, aquele que abriu as hostilidades, arrancando a ferros um empate com o Nacional, na Choupana, beneficiando de mais um autogolo. É justo, no entanto, que se diga que os leões eram aqueles cujo opositor representava um maior grau de dificuldade, mas isso por si só não chega para justificar tamanha inoperância dos jogadores e treinador, que mais uma vez optou incompreensivelmente por deixar Vukcevic no banco.

Seguiu-se o Porto em Paços de Ferreira e foi mais do mesmo. Má exibição dos tetracampeões, o brilhante voo de Falcao foi das poucas coisas que se aproveitaram naquele final de tarde na capital do móvel. Esperava-se e exigia-se mais dos campeões nacionais, sobretudo em virtude do muito público azul e branco que invadiu a Mata Real. O lado positivo foi que, mesmo jogando com dez, a equipa nunca perdeu a coesão táctica e teve personalidade que chegasse para alcançar o empate.

Faltava o Benfica que, com o cenário precedente e com a habitual euforia oriunda da pré-época, tinha tudo para ter uma entrada auspiciosa, em casa, frente ao Marítimo. Também aqui nada de novo sob o ponto de vista do resultado. Empate com um golo para cada uma das equipas, com uma diferença por comparação aos outros jogos: houve muita parra e pouca uva. Já li e ouvi várias opiniões sobre o jogo. Aquilo que eu vi deste Benfica não foi nada que não esperasse de uma equipa que se assume legitimamente como candidato ao título e nada, é justo que o diga, que não tenha visto no Benfica de Fernando Santos, Camacho ou Quique Flores. Estando a perder, os encarnados lançaram-se desenfriadamente no ataque, o que não é mais do que a obrigação de um clube que gastou rios de dinheiro em jogadores e que, ao contrário de Porto e Sporting, jogava perante o seu público.

Deseja-se agora que tudo isto não tenha passado de uma ambientação às competições oficiais e que os próximos encontros nos tragam pelo menos mais golos porque, quanto a mim, pedir bons jogos com emoção e intensidade até final com regularidade, é obviamente de mais para esta gente.

4 Passes de rotura:

Pedro Veloso 18 de agosto de 2009 às 03:49  

7 empates em 8...nenhuma equipa com 2 golos marcados...quando o Carvalhal consegue ter lata de negar ter usado um autocarro percebe-se que não há esperança

André Seixas 18 de agosto de 2009 às 03:51  

Duarte, concordo com tudo o que escreveste. De facto, o campeonato começou de uma forma bastante triste. Como adepto de futebol, segui logo o primeiro jogo desta época 09/10 (Leixões-Belenenses). Confesso que, no final da partida, estava com dores de cabeça devido à tremenda monotonia que foi o jogo, exceptuando um ou outro lance. Apenas 9 golos apontados na primeira jornada, quase tudo empates, e futebol pobrezinho, fazendo uma apreciação global. Considerei o jogo Benfica-Marítimo empolgante, já que se esperava que os lisboetas entrassem com uma vitória convincente e o jogo não tomou, de forma alguma, esse rumo. Como referiste, o Benfica produziu uma avalanche ofensiva, mas lá foi o reforço mais barato que deu o empate à equipa da casa. Diga-se, em abono da verdade, que o Marítimo pouco mais fez do que defender e gerir a vantagem que criou (o que é normal neste tipo de confrontos).
Quanto ao Porto, naturalmente, fiquei algo apreensivo, devido à exibição cinzenta: montes de passes errados; precipitações defensivas capazes de provocar ataques cardíacos às pessoas mais calmas; o Mariano parece que voltou à sua forma hiper trapalhona; o Farias esclareceu que é útil, mas apenas quando o Porto está a dominar um encontro e à procura de golos, bombeando bolas para a área a todo o segundo...
Também notei que já há casos de arbitragem para debater, como a expulsão do Hulk e os lances de penalty na Luz... Isto ajuda a prever uma época muito quente neste capítulo.
Em suma, há muita coisa que tem de ser melhorada e, como referiste, vamos esperar que isto seja apenas fruto da ambientação às competições oficiais.

Anónimo 18 de agosto de 2009 às 16:03  

Duarte, subscrevo tudo o que escreveste aqui.

1ª jornada para esquecer.

Tomás

Duarte 19 de agosto de 2009 às 11:33  

Ainda bem que todos concordam comigo porque de facto o início deste campeonato não podia ser mais desanimador.