De Cara Lavada

Uma das maiores expectativas em torno do Campeonato do Mundo em Junho próximo está sem qualquer dúvida torno desta renovada Inglaterra.Sendo uma selecção sem grandes resultados em fases finais de Campeonatos do Mundo (apenas merecem destaque a vitória em 1966 e o 4º lugar m 1990), a Inglaterra parece apostar muito neste novo projecto iniciado depois de consumado o falhanço na qualificação para o Euro 2008.
Com o italiano Fabio Capello ao leme, naturalmente tudo parece dar resultado e a Inglaterra é hoje em dia uma selecção que parece estar a aproveitar bastante mais a grande qualidade e o estatuto da Premier League, bem como os resultados das equipas inglesas a nível europeu (nomeadamente na Champions League), para se tornar ela própria o colosso que há algum tempo apenas ameaça ser.Para esta melhoria penso também muito estar a contribuir a recente reformulação das camadas jovens dos clubes ingleses, há bastantes valores emergentes no futebol inglês hoje em dia e o Seleccionador Inglês parece estar a saber lapidá-los e aproveitá-los com conta, peso e medida.

Depois de um honroso 4º lugar em Itália (1990), de uma ausência nos E.U.A. (1994), de uma despedida nos oitavos-de-final do França’98, e depois da “era Sven-Göran Eriksson” – em que Scolari não os deixou ir mais longe que os quartos-de-final quer na Coreia do Sul em 2002 (frente ao Brasil dum então emergente Ronaldinho e um galáctico Ronaldo), quer na Alemanha em 2006 (frente a um Portugal de Luís Figo, Deco e Cristiano Ronaldo) -, os adeptos ingleses esperam ansiosamente e acreditam mais que nunca que 2010 seja o ano (e que sua “colónia” a África do Sul seja o país) em que repetirão a (única) vitória alcançada nesta prova (Inglaterra’66).

Antes de começar a apresentar os jogadores convocáveis (na minha óptica), queria deixar uma palavra de apreço ao David (Beckham) e ao Michael (Owen). Duas grandes estrelas do futebol mundial que vêm as lesões tirá-los do último Campeonato do Mundo que poderiam jogar.
Embora Capello tivesse dado a entender que não contava com Owen, eu quero acreditar que ele o ia levar, pois o sua qualidade (quem não se lembra daquele jovem franzino que partiu a loiça no França’98), profissionalismo e espírito de sacrifício (não é qualquer um que consegue atravessar de cabeça levantada o calvário de lesões do qual ele foi vítima) mereciam a recompensa de jogar um Mundial.
Já Beckham parecia ter o passaporte praticamente emitido para partir em direcção ao Hemisfério Sul quando o seu tendão de Aquiles decidiu traí-lo cobardemente. Um jogador que teve uma carreira revestida de mediatismo mas que nunca deixou que isso prejudicasse o seu profissionalismo e qualidade (muito ao jeito do que se está a passar com CR9), que estava em forma e merecia claramente esta convocatória. Infelizmente há que saber lidar com injustiças deste tipo no futebol.

Falando do que realmente interessa, Fabio Capello tem ao seu dispor um leque de jogadores de grande qualidade e serão diversas as saudáveis dores de cabeça que terá para escolher apenas 23 jogadores.

Começando pela baliza, o treinador italiano não escondeu ao longo dos jogos de qualificação quais eram os seus preferidos. Ben Foster (Man Utd), David James (Portsmouth) e Robert Green (West Ham) foram os únicos utilizados e devem ser os 3 convocados por Don Fabio. No entanto, há ainda Paul Robinson (Blackburn), Scott Carson (WBA) e Joe Hart (emprestado pelo Man City ao Birmingham) que são três nomes na calha caso haja alguma lesão ou uma mudança de planos do treinador.

Na defesa, e começando pelo lado direito, Glen Johnson (Liverpool) deverá ser o natural candidato ao lugar na equipa inicial. Para seu suplente, na minha opinião, há 3 nomes a ter em conta: Micah Richards (Man City), Wes Brown e Gary Neville (Man Utd). Embora o último já não esteja no seu melhor momento, a sua liderança e experiência pode ser tida em conta por Capello.
Do lado esquerdo o lugar está certamente reservado para Ashley Cole (Chelsea), sendo que como segunda opção deverá ser chamado Leighton Baines (Everton), partindo do princípio que Wayne Bridge (Man City) não voltará mesmo a vestir a camisola da Selecção Inglesa (por razões publicamente conhecidas).
No centro da defesa a titularidade também está praticamente decidida, com Rio Ferdinand (Man Utd) e John Terry (Chelsea) a voltarem a formar uma das melhores duplas de centrais que a história do futebol já teve oportunidade de ver. Convocados serão também certamente Matt Upson (West Ham) e Joleon Lescott (Man City), ficando Phil Jagielka (Everton) e Ledley King (Tottenham) de reserva. Wes Brown e Micah Richards podem também ser opção para esta zona do terreno, caso Fabio Capello não queira prescindir de nenhum dos dois em detrimento do outro, o que duvido.

Avançando para o meio campo, e não esquecendo a defesa, a abundância de qualidade faz-me perguntar como é que nunca ninguém conseguiu fazer mais desta equipa (?).
No miolo do terreno, com Frank Lampard (Chelsea) como cabeça de cartaz, e partindo do princípio que o Mister Capello alinhará com dois médios centros (num 4-4-2 que tem tanto de clássico como de inglês), a restante vaga no onze inicial será certamente preenchida por Gareth Barry (Man City). Jemaine Jenas (Tottenham) e Michael Carrick (Man Utd) deverão ser as outras duas opções para estas posições, estando na calha, ainda que sem grandes esperanças, Tom Huddlestone (Tottenham) e Jimmy Bullard (Hull).
E não, não me esqueci de Steven Gerrard (Liverpool). O capitão do Liverpool deverá ter lugar reservado na esquerda do meio campo, equilibrando a equipa e compensando o maior pendor ofensivo do extremo direito que jogar. Para fazer os raids na ala direita há diversos candidatos. Shaun Wright-Phillips (Man City), Theo Walcott (Arsenal) parecem estar na linha da frente na luta pelo lugar (Aaron Lennon (Tottenham) sai desta corrida por lesão).
Como opções para jogar nas alas há ainda o mágico Joe Cole (Chelsea), Ashley Young, James Milner e Stewart Downing (Aston Villa). David Bentley (Tottenham) e Kieron Dyer (West Ham), embora não acredite que ainda venham a ser chamados, também poderiam ser boas opções devido à grande qualidade dos livres do primeiro e à polivalência do segundo.

Na frente de ataque há duas vagas na equipa titular. Sendo que a estrela da companhia Wayne Rooney (Man Utd) já tem o lugar reservado, a dúvida prende-se com quem será o seu colega. Fabio Capello mostrou achar que o estilo de jogador que melhor complementa o astro inglês é um jogador possante e mais fixo. Partindo do princípio que não serão alterados os planos à última da hora, Emile Heskey (Aston Villa) e Peter Crouch (Tottenham) serão os candidatos naturais a essa vaga, sendo que Capello nunca escondeu a sua grande admiração pelo futebol do primeiro. Jermaine Defoe (Tottenham) também agrada bastante ao técnico italiano, pelo que deve ter presença garantida nos 23. Carlton Cole (West Ham) também chegou a ser utilizado na qualificação e ainda deve alimentar alguma esperança na chamada. Por fim, as boas épocas de Gabriel Agbonlahor (Aston Villa) e Darren Bent (Sunderland) também decerto que não serão esquecidas caso haja uma vaga de última hora.
Tudo isto, nunca esquecendo que Walcott é uma opção bastante válida e provável para jogar na frente de ataque.

De salientar que, com a ausência confirmada de Bekcham, a Inglaterra terá mais uma vez uma convocatória apenas com jogadores que jogam no seu país.
Veremos se será desta que todas estas vantagens que se diz que o futebol inglês tem e o facto de ter um dos melhores conjuntos de jogadores do Mundo se traduzem num título numa grande competição. Acredito que sim.

A minha convocatória: Robert Green, David James, Ben Foster; Glen Johnson, Wes Brown, Ashley Cole, Leighton Baines, Rio Ferdinand, John Terry, Matt Upson, Joleon Lescott; Michael Carrick, Frank Lampard, Gareth Barry, Jermaine Jenas, Shaun Wright-Phillips, Theo Walcott, Steven Gerrard, Joe Cole; Wayne Rooney, Emile Heskey, Peter Crouch, Jermaine Defoe.
Aceitam-se sugestões.

13 Passes de rotura:

Tomás Pipa 20 de abril de 2010 às 18:44  

Vão ser os campeões do mundo na minha opinião.

Em relação à tua convocatória, troco o Neville pelo Brown.

Jenas por Milner e talvez Joe Cole por Agbonlahor.

João 20 de abril de 2010 às 18:54  

Bom post manú!Adiciono só os nomes de Adam Johnson (agora do M.City) que está a fazer uma grande 2ª volta e o Gary Cahill do Bolton.

LMC 20 de abril de 2010 às 19:04  

Grande post Manú!
Os meus sinceros parabéns!

Há que dizer que em 1966 só não fomos campeões por duas razões :
1- O jogo entre PORTUGAL e Inglaterra foi transferido para outro estádio, e a selecção das quinas teve de fazer 11 horas de comboio no dia antes do jogo.
2-O árbitro foi escandaloso na referida meia final.
Não é que já não tenhamos vingado essa malandrice, mas um campeonato do mundo era um campeonato do mundo.E quem parava aquele Eusébio?

João 20 de abril de 2010 às 19:28  

Exacto LMC, isso quase nunca é referido. Mas a Inglaterra sempre "viveu" desse título e tem um e Portugal nenhum infelizmente, por mais vinganças que tenhamos feito. Portugal em 66 devia ter protestado, foi óbvio que foi golpada. Mas naquela altura era mania portuguesa aceitar tudo por cordialidade. O Benfica jogou várias finais europeias em campos do adversário(!), sendo provavelmente a do Inter a que mais coroou essa prática estúpida porque o campo estava impraticável e teve influência no frango do Costa Pereira. Escusado será dizer que os finalistas seguintes ao Benfica não repetiram essa bondade.
Para ser honesto em relação ao mundial de 66, falta dizer que fomos beneficiados no jogo contra o Brasil porque a defesa varreu o escrete e o Pelé foi totalmente massacrado de tão ceifado que foi.Já jogava lesionado e de baixa de vez ficou. Outros tempos, outro futebol, aí tivemos uma ajudinha mas isso acontece e merecemos tudo o que lá atingimos.

paulinho cascavel 20 de abril de 2010 às 22:10  

eu tenho quase a certeza que o capello vai levar o ashley young, que está a fazer uma grande época.

no jogo de portugal contra a inglaterra o eusébio levou fruta do nobby stiles a torto e a direito! e como portugal tinha mais pontos que a inglaterra o jogo deveria ter sido em goodison park, mas foi transferido escandalosamente para wembley! enfim, uma das muitas vergonhas que constantemente se passam nos mundiais da fifa para beneficiar as grandes equipas e as equipas da casa.

mas tal como diz o joão, no jogo contra o brasil o pelé também foi massacrado...

João S. Barreto 20 de abril de 2010 às 23:01  

Muito bom Manu. Para mim a Inglaterra é também um dos favoritos, fez uma boa caminhada na classificação e tem um dos melhores treinadores do Mundo.

LMC 21 de abril de 2010 às 03:39  

Aliás, não sei se estou errado mas acho que no jogo contra Portugal o Pelé até saiu de maca.Quem lhe deu a fruta foi o João Morais, o celébre lateral direito leonino que marcou o canto olimpico na final da taça das taças.
Sei que o Nobby Stiles dava pau de criar bicho , e não só secou o Eusébio no jogo em questão, como em 68 contra o Benfica repetiu a graça...

Mac 21 de abril de 2010 às 04:14  

É uma grande selecção de facto! E tem um treinador galáctico! Capello para mim e acho que para quase toda a gente está no Top 10 de treinadores mundias!

Não gosto apenas dos guarda-redes!

Mas estarão pelo menos nos semi-finalistas na minha opinião!

Pedro Veloso 21 de abril de 2010 às 10:22  

Manú grande análise, acho que não te esqueceste de nada.

Gosto do carinho com que referes David e Michael, antigos companheiros no DDS lol.

A Inglaterra tem uma grande equipa mas a diferença está agora no banco...Fabio está talhado para ganhar por onde passa e vamos a ver se isso não volta a acontecer. Acho que é a única (salvo termos uma super-Argentina) que pode parar Brasil ou Espanha. E atenção que se ganham o Mundial o Rooney pode ser o melhor do mundo este ano.

Quanto a sugestões, eu sei que idealmente, para complementar o Rooney, é melhor um tipo forte, mas acho que de longe o melhor dos outros avançados é o Defoe, não sei é se combinam bem.

Na convocatória tirava se calhar o Joe Cole e entrava o Adam Johnson, que, como o meu irmão recordou acima, está muito bem no City. Além disso, é canhoto, o que dá jeito.

Tomás Pipa 21 de abril de 2010 às 15:17  

Mac, para mim Capello é top5.

Don Fabio,Mourinho,Lippi,Hiddink e Fergunson.

Veloso,fico ofendido se não achas a Itália de Lippi capaz de parar Espanha e Brasil

Sá Pinto 21 de abril de 2010 às 21:31  

calamity james para mim era de ficar em casa.

João S. Barreto 21 de abril de 2010 às 22:06  

Sá Pinto concordo, o guarda redes é o grande problema para a Inglaterra, talvez até mais grave do que aquele que Portugal tem na mesma posição.

Hugo 22 de abril de 2010 às 04:13  

Tem um grande treinador mas um enorme ponto fraco na baliza. Qualquer um desses 3 mencionados é terrível.
A situação do Terry não veio ajudar nada, pois tem jogado pessimamente.
No lugar do Wright Phillips deve ir o Ashley Young ou o Adam Johnson.
Para o lugar do Lescott que não vale metade do que custou, talvez vá o Cahill do Bolton