Casos da Jornada (2) - Actualização
Classificação Ajustada dos grandes ao fim de 2 jornadas é assim a mesma que se verifica na realidade:
- Porto e Benfica 4 pts
- Sporting 1 pts
Já começaram as temporadas das principais potências futebolísticas europeias. Umas mais adiantadas que outras, todas elas prometem muitos e bons golos, espectáculo e emoção até bem perto do final.
Em Inglaterra, cingindo-me aos agora cinco grandes, já que o City atingiu, pelo menos monetariamente, esse estatuto, aposto no Chelsea para campeão. Têm uma equipa do outro mundo, com a vantagem de desta vez não serem brindados pela incompetência despudorada de Scolari na primeira volta, como sucedeu na época passada, e começarem a temporada com a qualidade e experiência de Ancelotti. O italiano não reúne, para mim, as valências de Guus Hiddink - treinador que admiro tão profundamente que até arrisco a dizer que, se não tivesse entrado a meio da procissão no último campeonato, teria dado o título de campeão aos blues - mas tem capacidades mais que suficientes para trazer de novo a glória a Stamford Bridge, principalmente em termos europeus, já que chegou a vencer duas champions com o Milan. O Manchester United, clube que respira vitórias e trabalho árduo, será o principal opositor dos Londrinos, mesmo sem Ronaldo e Tévez. Liverpool e Arsenal são, a meu ver, as grandes incógnitas. Os primeiros têm tendência para começar mal e acabar bem, com os gunners passa-se o inverso, algo que se está a confirmar uma vez mais. A ver vamos como acabam. Já o City, pese embora as muitas e boas contratações que fez e o facto de ter vencido os dois primeiros jogos, precisará de mais experiência e quiçá de um novo treinador para poder ambicionar o primeiro lugar.
Em Itália, o Inter foi dos três grandes o único que não venceu na primeira jornada. Penso que Mourinho tem este ano um plantel com mais alternativas do que no ano passado, mesmo sem Ibra. Porém a Juve principalmente e o Milan, com um Pato a prometer uma grande época a julgar pelo primeiro jogo, parecem estar muito mais fortes. Interessante é também constatar a Guardiolamania que se abateu sobre estes dois colossos que escolheram para técnicos duas das suas recentes glórias, sem que ambos tenham qualquer experiência como treinadores de equipas principais. Também aqui é difícil prever o que vai acontecer, embora esteja tentado a concordar com Marcello Lippi, para fúria do meu ídolo José Mourinho, e atribuir um certo favoritismo à Juventus. Muito embora pense também que a inexperiência de Ferrara pode muito bem fazer com que este não aguente o embate com os mind games do special one e o mesmo pode ser dito em relação a Leonardo. De resto, atenção também ao Génova que tem uma belíssima equipa fruto do enorme investimento que fez.
Aqui ao lado, em Espanha, parece claro que a discussão será entre Barça e Madrid, para não variar. O Barcelona abriu a época a vencer a supertaça espanhola e é para mim de longe o favorito. Joga um futebol único, tem um treinador inteligente com um plantel definido, mesmo que ainda cheguem Bruno Alves ou Chigrinsky. Por outro lado, o Real Madrid está longe de ter estabilidade, não se sabendo ainda se nomes como Van Der Vaart, Sneijder, Drenthe ou Robben irão ou não continuar. Evidentemente que as apresentações meagalómanas de Ronaldo e Kaká podem ter sabido bem ao comum dos adeptos que o que quer é notoriedade para o seu clube, mas isso por si só não garante resultados e não serve para fazer esquecer o "triplete" blaugrana, por mais efusivas e bombásticas que sejam as capas da Marca ou do AS. O Barça é favoritíssimo e considero - na verdade espero ardentemente, como todos os anos - que será o vencedor de "La Liga". Para o terceiro lugar é previsível uma disputa entre Atlético de Madrid, Sevilha, Villareal e Valência, com uma mínima vantagem para os colchoneros, é cá um feeling que eu tenho.
Em França e na Alemanha as coisas devem ser bem renhidas. Bordéus, Marselha e Lyon aparecem fortíssimos para esta nova época gaulesa. O Marselha reforçou-se muito, como é hábito. O Lyon conta com Michel Bastos, Cissokho, Gomis e um super Lisandro López. Já o Bordéus, campeão em título, continua uma máquina de bom futebol mantendo nomes como o genial Gourcuff (não me canso de elogiar este rapaz), Gouffran ou Chamakh, tudo sob a liderança irrepreensível de Laurent Blanc. Pela Bundesliga, o Bayern não acerta o passo e o campeão Wolfsburgo, de Dzeko, Grafite, Benaglio, Martins e companhia, perdeu o seu primeiro jogo frente ao também candidato Hamburgo. Para além destes três clubes, há também o Estugarda e o Werder Bremen que devem sempre ser levados em linha de conta para uma disputa destas.
Está lançada a nova época!
- De acordo com o resultado da discussão anterior, em relação aos casos da jornada, altera-se a contabilidade inicial e o saldo de Porto, tal como Benfica e Sporting, passa a ser nulo. Tal deve-se ao facto de haver também foras-de-jogo perigosos a favor do FCP - e não só o do Carlitos do Paços - que foram mal assinalados. Depois da jornada que se iniciou hoje em Olhão, apresentaremos nova análise e contabilidade actualizada: com jogos que se adivinham difíceis para os grandes, creio que tenhamos bastante matéria para análise.
- Jornada Europeia globalmente positiva para as cores lusas, ainda que com resultados escassos para SCP e Nacional. De realçar, como salientava hoje o José Manuel Delgado em A Bola, que estes dois clube mais o Benfica marcaram um total de 10 golos, contra bons opositores, mais do que o total de golos apontados na 1a jornada da Liga Sagres (mais o primeiro jogo da segunda). É a diferença de ter árbitros que protegem o espectáculo (ok, o húngaro de Alvalade não é para aqui chamado), avisam os guarda-redes contra perda de tempo aos 10 minutos, não aos 80 (não é, Artur Soares Dias?), e de ter treinadores que jogam o jogo pelo jogo em vez de lutar pelo pontinho da ordem.
- Nesta jornada, como disse, os grandes têm testes difíceis, em teoria mais o Sporting e Benfica, mas o Nacional - que achei muito fraquinho contra o SCP - pelos vistos apareceu em muito bom nível contra o Zenit e por isso também terá uma palavra a dizer no Dragão, mais a mais perante um Porto ainda à procura de se encontrar. Vamos ver, acho que vamos ter emoção.
- Lá por fora, destaque para o Chelsea: será que é este ano que varrem a Europa? Vou torcer por eles, esta equipa, até pelo azar que tem tido todos os anos, merece ganhar um título europeu. Gostava que jogadores de que gosto muito, como Terry, Lampard, Ballack ou Drogba o ganhassem até porque já não são jovens e já morreram na praia, então o Ballack...; além disso, este ano parece que temos Deco de volta a oferecer-nos magia...
Confesso que este é talvez o post que mais criatividade exigiu de mim em termos de escrita porque, após ter visto jogos tão pobres, só mesmo com um vocabulário cativante em termos formais é que poderei fazer um texto minimamente interessante, tendo este um conteúdo tão pobre e entediante, ou não estivesse a debruçar-me concretamente sobre a primeira jornada do campeonato português. Não prometo que o consiga, mas vou dar o meu melhor e, sendo assim, cá vai.
Para os mais líricos, este campeonato poderia servir para marcar uma viragem em termos exibicionais. As equipas pareciam mais competitivas, o quadro de treinadores estaria à partida também ele relativamente rejuvenescido, apresentando técnicos diferentes e com sangue na guelra para dar aos planteis uma abordagem diferente aos desafios. Concluindo e resumindo, antes de particularizar, estavam reunidos os condimentos, segundo alguns diga-se, para que este campeonato começasse logo de início a empolgar os adeptos. Puro erro, claro.
O marasmo começou logo na sexta feira, com Leixões e Beleneneses a proporcionarem um espectáculo paupérrimo que culminou num empate a zero, resultado aliás repetido hoje por Setúbal e Guimarães e ontem no encontro que opôs a Naval à Olhanense. Já Leiria e Rio Ave empataram a uma bola, seguindo assim a lógica dos três crónicos candidatos ao título, mas destes falarei mais adiante . No fim de contas, só o Braga teve razões mínimas para festejar. Sem fazer um grande jogo, longe disso, os bracarenses lá derrotaram a Académica, mas também só o fizeram tardiamente e com um golo solitário.
Sporting, Porto e Benfica, não conseguiram também eles fugir a esta mediocridade de resultados. Três empates, todos a uma bola. O Sporting foi, deste trio, aquele que abriu as hostilidades, arrancando a ferros um empate com o Nacional, na Choupana, beneficiando de mais um autogolo. É justo, no entanto, que se diga que os leões eram aqueles cujo opositor representava um maior grau de dificuldade, mas isso por si só não chega para justificar tamanha inoperância dos jogadores e treinador, que mais uma vez optou incompreensivelmente por deixar Vukcevic no banco.
Seguiu-se o Porto em Paços de Ferreira e foi mais do mesmo. Má exibição dos tetracampeões, o brilhante voo de Falcao foi das poucas coisas que se aproveitaram naquele final de tarde na capital do móvel. Esperava-se e exigia-se mais dos campeões nacionais, sobretudo em virtude do muito público azul e branco que invadiu a Mata Real. O lado positivo foi que, mesmo jogando com dez, a equipa nunca perdeu a coesão táctica e teve personalidade que chegasse para alcançar o empate.
Faltava o Benfica que, com o cenário precedente e com a habitual euforia oriunda da pré-época, tinha tudo para ter uma entrada auspiciosa, em casa, frente ao Marítimo. Também aqui nada de novo sob o ponto de vista do resultado. Empate com um golo para cada uma das equipas, com uma diferença por comparação aos outros jogos: houve muita parra e pouca uva. Já li e ouvi várias opiniões sobre o jogo. Aquilo que eu vi deste Benfica não foi nada que não esperasse de uma equipa que se assume legitimamente como candidato ao título e nada, é justo que o diga, que não tenha visto no Benfica de Fernando Santos, Camacho ou Quique Flores. Estando a perder, os encarnados lançaram-se desenfriadamente no ataque, o que não é mais do que a obrigação de um clube que gastou rios de dinheiro em jogadores e que, ao contrário de Porto e Sporting, jogava perante o seu público.
Deseja-se agora que tudo isto não tenha passado de uma ambientação às competições oficiais e que os próximos encontros nos tragam pelo menos mais golos porque, quanto a mim, pedir bons jogos com emoção e intensidade até final com regularidade, é obviamente de mais para esta gente.
Escrevo num momento em que acabo de ver o Nacional a empatar com uns meninos de verde que se passearam de uma maneira muito fraquinha pela choupana.
Sinto realmente que muito me irei rir este ano pelo menos com os meninos verdes!
As férias já acabaram e agora com o começo das várias ligas, estarei mais activo no settore.
O Pedro deu a ideia de contabilizar os “roubos de igreja” que naturalmente irão surgir! Acho uma óptima ideia.
As votações a decorrer no settore deram como flop da época o jogador do Benfica Saviola com mais um voto que Belluschi.
A verdade é que talvez tenha sido mesmo Matías Fernandez e Ramires os que menos demonstraram até então dentro de campo.
Sobre Saviola, se achava que não o seria, hoje ainda menos o acho, mas o tempo dirá se tenho razão ou se tenho que me resumir a tal frustração.
Sobre Ramires, tenho a certeza que apenas precisará de tempo.
A outra votação tinha a ver com a necessidade ou não de o Benfica se reforçar na baliza. Os leitores votaram que não, e se eu soubesse que a escolha recaia em Júlio César, também tinha votado que não. Veremos a qualidade do jogador ex-belenenses, pois muitos se insurgiram na contratação de Javi Garcia, e hoje ninguém nega a sua qualidade, e que assenta que nem uma luva no esquema de jogo de Jesus.
Entretanto decorre a partir de hoje outra votação no settore!
Vou me ausentar durante uma semana, e alguns dias, as férias merecidas estão a chegar! Continuem a visitar o settore! Abraço a todos!
Recordo dois momentos deste grande treinador. Primeiro, um vídeo da sua mítica conferência de imprensa na Luz, depois do Porto perder 2-0 em 93/94 e Fernando Couto ser celebremente expulso por agredir Mozer. Um must do futebol português, em que se vê a fibra e o espírito de ataque de Robson, e o esforço que ele fazia para falar português, de enaltecer. Depois, recordo um excerto de uma entrevista dele à Bola há uns tempos, em que as suas palavras sobre o SLB - quando treinava o Sporting! - me maravilharam: "Eis o clube onde devia estar, o glorioso Benfica, aquele que sempre admirei"
Um verdadeiro class act, como dizem os ingleses. Que Deus o guarde, Sir Bobby.
P.S. E o que anda a jogar o Benfica? Ah pois é...
Disseram-me há uns tempos que o jornalista João Gobern tinha dito na RTPN que o FC Porto tinha 55% de hipóteses de se sagrar campeão, o Benfica 45% e o Sporting 0%. Por norma não sou tão definitivo nem peremptório nas minhas análises, ainda para mais nesta altura do ano. Isto não faz, no entanto, com que seja impossível ter uma visão estritamente pessoal daquilo que tem acontecido até aqui com os três grandes clubes nacionais.
No que ao Sporting diz respeito, é sobre este clube que recai o meu post, não vejo grandes melhorias relativamente ao que tem sido feito desde que Paulo Bento tomou as rédeas do clube de Alvalade. Sou sincero, não tenho a menor simpatia pelo actual treinador leonino. Não gosto do estilo, da forma de comunicar, da maneira como dirige o plantel dentro e fora de campo. Reconheço-lhe o mérito de ter erguido, em 2005, um grupo de jogadores que estava de rastos, depois de uma época em que estiveram à beira de ganhar tudo e, no fim de contas, nem um título, para as vitrinas do eclético museu dos leões, conseguiram. Só que, ao fim de quatro épocas de trabalho, é exigível pela própria massa adepta que Bento, mais do que tentar, consiga o título. O plantel não sofreu grandes mudanças. Se é certo que as principais figuras se mantiveram, também é um facto que não houve entradas de relevo se exceptuarmos os nomes de Matias Fernandez e Caicedo.
A própria imprensa já não embarca nos elogios desmesurados que fez sempre nesta época ao treinador sportinguista. Noutros tempos, não muito longínquos, estar-se-ia nesta altura a elogiar o sistema de jogo dos leões. "Tacticamente perfeito", "coeso" e por aí fora. Enfim, uma relação profundamente platónica que parecia capaz de resistir a qualquer Bayern de Munique, perdão, quis dizer infidelidade. Agora a exigência é outra, o que só favorece o próprio clube e o campeonato, só não sei até que ponto será benéfico para a actual estrutura do futebol do Sporting.
Por outro lado, deu-se uma mudança de peso ao nível presidencial. Saiu Soares Franco entrou Bettencourt. Dois homens teoricamente da mesma linhagem, mas com modos de estar opostos. Soares Franco era um genttleman, uma pessoa que percebeu bem o futebol português e que não caiu em discursos desfazados da realidade. Bettencourt é mais jovem, dinâmico e dele se espera que devolva a paixão aos sportinguistas que, cada vez mais, se afastam do estádio. O seu grande mal é, a meu ver, ser demasiado populista e impulsivo. Com ele, não duvido que Paulo Bento estará mais permeável, mas também não sei até que ponto isso será negativo.
O primeiro jogo oficial, com o Twente, só dá mais força àqueles que desconfiam das capacidades do Sporting poder este ano discutir o título taco a taco com o Porto e provavelmente também com o Benfica. Em 90 minutos, o onze leonino não conseguiu sequer fazer um golo a uma equipa que, não sendo desconhecida, está longe de poder ser considerada sequer da "classe média" do futebol europeu. Na Holanda, os leões terão de jogar o tudo por tudo para conseguir seguir em frente na qualificação para uma prova que tão importante é para os clubes em termos desportivos e orçamentais.
Mesmo sem querer avançar com conjecturas permaturas, não considero que haja muitas razões para sorrir em Alvalade. Se as piores previsões se confirmarem, adivinha-se uma temporada muito dura para a nova direcção. Mas tudo isto não passam de suposições, ainda que, no caso do Sporting, faça mais sentido do que na maioria dos outros clubes, pois, para aqueles lados, a época já arrancou oficialmente e de forma pouco auspiciosa.