Tiro no Pé

Depois da vitória do Vit. Guimarães na 6ªFeira, o Sporting entrou em campo no Sábado muito pressionado para ganhar os 3 pontos uma vez que o Vit. Guimrães somou 8 pontos e o Sporting tinha que ganhar para não perder o comboio do FC Porto/Sp.Braga/Vit. Guimarães (mais tarde viu-se que o comboio do FC Porto era mais veloz).

Paulo Sérgio fez apenas uma alteração no onze inicial em relação ao jogo da Figueira da Foz e, a que fez era previsível: João Pereira regressou à equipa para o lugar de Abel. Os reforços de última hora, Hildebrand e Tales de Souza foram apenas convocados para dar autógrafos na Loja Verde durante a tarde de Sábado.

Paulo Sérgio continuou a apostar num misto de 4-2-3-1 com 4-4-2 losango. Em alguns momentos do jogo aparecia Yannick a extremo esquerdo, Matías a nº10 e Valdés a extremo direito. Em outros momentos do jogo Yannick juntava-se a Liedson na frente, com Maniche e Valdés a derivaram para a posição de interiores.
Daúto, treinador do Olhanense, ciente da importância dos laterais leoninos na tática do Sporting, optou por um 4-5-1 com as linhas muito recuadas. Daúto, lançou um meio-campo muito sólido com três elementos com características mais defensivas: Vinícius, o bem-regressado ao futebol português Nuno Piloto e Delson (o tal jogador que foi expulso na Luz aos 8' na época passada). Jorge Gonçalves e Paulo Sérgio foram mais médios-alas do que extremos para controlar as subidas de Evaldo e João Pereira. Yontcha jogou sozinho na frente.

O Sporting entrou em campo com um ritmo mais lento do que aconteceu na Figueira da Foz na 3ª jornada. Era do lado direito do ataque do Sporting que íam aparecendo as iniciativas de ataque dos Leões, normalmente feitas por João Pereira que aparecia constantemente a subir no terreno, iniciando assim um duelo com Paulo Sérgio que iria durar até ao fim do jogo. Já do outro lado, Evaldo teve poucas hipóteses com Jorge Gonçalves. No meio-campo havia pouco a fazer, André Santos, Matías e Maniche assumiam o jogo, mas na área algarvia Liedson e Yannick davam poucas linhas de passe. Valdés aparecia no jogo aos fogachos pela direita com alguma clareza, mas sem sucesso. A tática de Daúto estava a funcionar perfeitamente.

Só aos 21' surgiu uma oportunidade digna de esse nome. João Pereira (quem mais?) ganhou a linha como tantas vezes costuma fazer e centrou para Liedson que atirou à barra de cabeça. Não era o golo mais fácil da carreira de Liedson, mas o Levezinho estava sozinho e tinha mais que obrigação de fazer o golo.

No final da primeira parte, o Olhanense começou a crescer e aos 38' deu-se o caso do jogo. Pontapé de canto cobrado por Paulo Sérgio, onde Jardel (bom central) cabeceou já sem oposição e com o jogo parado para o fundo da baliza. À primeira (e segunda) vista parece não haver nenhuma irregularidade no lance, mas o árbitro marcou falta de Yontcha sobre André Santos antes de Jardel cabecear. Nenhum jogador do Olhanense reclamou a decisão, nem Yontcha (o faltoso) nem mesmo Daúto. É um lance que ficará para o nosso especialista na arbitragem, Pedro Veloso, analisar durante a semana.

Foi sem surpresa que se chegou ao intervalo sem golos em Alvalade. Por um lado o Sporting parecia não ter pressa para marcar, pelo outro, a equipa Olhão preocupava-se em garantir o pontinho.

Na 2ª parte, Daúto trocou Delson (indisposto) por Lulinha e passou a jogar em 4-2-3-1. Lulinha (craque de FM's antigos), reforço de última hora do Olhanense, foi jogar para nº10. Os alas Paulo Sérgio e Jorge Gonçalves subiram no terreno jogando assim mais perto de Yontcha. Daúto tinha percebido claramente no fim da primeira parte que o Sporting não estava tão agressivo como o costume e que, por isso, se arricasse um bocado mais, talvez fizesse matasse o tão famoso borrego. Com a entrada de Lulinha, André Santos viu-se obrigado a recuar no terreno e passar a ter algumas preocupações defensivas (até aí não tinha tido).

O início da segunda parte foi mais do mesmo: horrível. Durante os quinze primeiros minutos não se jogou futebol. Moretto viu amarelo por perder tempo (mas curiosamente continuou a perder tempo até ao fim do jogo). Paulo Sérgio e Maniche viram o famoso amarelo português num lance em que Paulo Sérgio agrediu Maniche e o árbitro sem saber o que fazer deu amarelo a ambos (um clássico da nossa arbitragem). Paulo Sérgio já deveria ter visto o amarelo na primeira parte devido à sucessão de faltas sobre o incoformado João Pereira.

O resultado continuava em 0-0 e por isso Paulo Sérgio sentiu necessidade de mudar a equipa. Saleiro e Vukcevic entraram para o lugar dos desinspirados Yannick e Matías aos 64'.

Logo dois minutos depois de entrar em campo, Saleiro falhou um golo muito fácil na recarga de um remate de Maniche. Falhanços destes custam pontos, e o Sporting tem especialistas a falhar golos destes para dar e vender: Postiga, Yannick, Saleiro, etc..

A 10' do fim, Paulo Sérgio lançou a sua última cartada, Hélder Postiga, o avançado que não marca golos, para o lugar de Nuno André Coelho. Daúto respondeu com a entrada do central internacional moçambicano, Mexer para o lugar de Jorge Gonçalves.

Aos 85' o Sporting desperdiçou uma oportunidade de ouro: Vukcevic sobre a direita tira um adversário do caminho à Simão (só que do lado contrário) e disparou com muita força de pé esquerdo, Moretto defendeu para a frente e na recarga, Maniche, guloso como sempre, aplica o seu famoso remate à padeiro (rematar sem pensar um bocadinho) para a bancada.

Até ao fim do jogo, nenhuma oportunidade de registo, o Olhanense aguentou bem as investidas de ataque do Sporting.

O resultado final acaba por ser justo. A organização defensiva do Olhanense foi merecidamente premiada com um ponto. Já a ineficácia e a falta de clarividência do ataque leonino fez com que o Sporting desse mais um tiro no pé neste arranque de época. Assim não vamos lá!

No Sporting sinal mais para João Pereira que continua a ser o jogador mais dinâmico da equipa e que neste jogo carregou a equipa quase sozinho. Na minha opinião o João Pereira tem que ir à selecção!

No Olhanense sinal mais para Jardel (excelente central ex- Estoril) que ganhou praticamente todos os lances de cabeça e para Paulo Sérgio/Jorge Gonçalves pela importância que tiveram no esquema montado por Daúto.

O Sporting está agora a 5 pontos do líder FC Porto, o que começa a ser uma distância grande, uma vez que só se jogaram 4 jornadas e nenhum dos pontos perdidos foram contra um adversário mais forte.

7 Passes de rotura:

João 16 de setembro de 2010 às 14:35  

Haha muito me ri com o remate à padeiro do maniche! A técnica de remate dele é deliciosa e ora sai golão ou charuto para o quintal, é como tu dizes sem pensar (então quando diminui o tamanho da passada em corrida para armar a bomba também é um fartote).É sem dúvida o melhor reforço até agora.
Estou céptico numa boa prestação do SCP hoje sem ele, Liedson e com a alarmante notícia de poder jogar o Polga, Abel e o Torsiglieri à esquerda para poupar jogadores para o derby (não quero fazer qualquer juízo depreciativo para com o Torsi antes de ele se estrear, mas ele é central de raíz, logo ainda mais dificuldade teria na sua estreia). Frente ao aos MC do Lille, Gervinho e Hazard e Frau nao me parece que esta defesa os aguente, ainda por cima porque estão em grande forma. Por outro lado o ataque do sporting já anda fraco para dar garantias.

Quanto ao Olhanense continuo a lamentar a falta de soluções ofensivas, principalmente do pinheiro que também facilitaria a vida ao Liedson, principalmente depois do disparate do pongolle. O levezinho anda desinspirado como nos últimos inícios de época e como dizes o que lá temos não asseguram golos, apesar de Postiga e Saleiro serem os típicos avançados com escola (o falhanço do Saleiro fez lembrar o do caicedo no ano passado, falhas que se calhar teriam segurado Paulo bento apesar dele dizer que a decisão pessoal de saída era anterior aos mesmos). Eu estou satisfeito com o Paulo Sérgio e com a mudança que trouxe ao SCP mas neste momento penso que não pode fazer muito mais pela equipa, principalmente quando alguns jogadores estão em baixo e forma como Liedson, Vukcevic ou Valdés (apesar de já ter feito coisas interessantes em Itália desequilibrava muito mais). Penso que o SCP pode melhorar mas com as soluções que tem infelizmente não conseguirá atingir um grande nível exibicional, pelo menos constante, facto que está a ser evidenciado nas primeiras jornadas. Espero logicamente enganar-me! Quanto ao João Pereira concordo que possa ser chamado à selecção mas o problema é que tem lacunas defensivas frequentes.

Tomás Pipa 16 de setembro de 2010 às 15:57  

Achas o Maniche o nosso melhor reforço? Eu sinceramente acho que ele tem a imprensa do seu lado. Estão sempre a elogiar as suas exibições e a dizer que ele tem sido o motor do meio-campo do SCP, mas eu não acho nada disso. Até agora o melhor reforço tem sido NAC, mas mesmo assim, NAC não fez nada de especial.

Maniche é um jogador que está sempre ao bujardo.Eu até sou apologista de que os jogadores de chutem muitas vezes, mas o Maniche chuta sem pensar,tem uma técnica de remate muito deficiente. Claro que às vezes apanha a bola bem e saiem golos "à inglesa", mas normalmente não.

Para hoje, Torsiglieri à esquerda promete. Como central já me pareceu demasiado lento e sem rins, como será a defesa esquerdo? Cheira-me a expulsão na certa (Gervinho e Hazard caiem mt nas alas e de certeza que vão carregar no Torsi)

Em relação ao Saleiro e ao Postiga, eu acho que a escola que tiveram (a de avançados que a FPF dá) só lhes faz mal. É muito bonito fazer umas movimentações interessantes e umas tabelas etc, mas é mt mais giro ter um avançado que marque golos. Eu se fosse o Jean Paul (coordenador do futebol jovem do SCP), não deixava os nossos avançados ir às selecções jovens, uma vez que lá só desaprendem. O Pauleta raramente foi às selecções jovens e isso só lhe fez bem, e já agora, o Constantino também não deve ter ido.

O Abel é mau, mas tem uma característica que o ajuda: tem consciência das suas dificuldades. Ou seja, não é expulso, não tenta fintar e desfaz-se sempre da bola o mais rapidamente possível para não fazer asneira. Já o P.Silva tinha toda a confiança do mundo...

João 16 de setembro de 2010 às 18:32  

Acho que o maniche tem sido até agora o melhor reforço mesmo não sendo uma estrela e não tendo trazido uma qualidade inegável ao meio campo. NAC tem estado relativamente bem(com várias falhas defensivas) mas penso que era mais fácil arranjar um central que cumprisse o mesmo do que um reforço para o MC que rendesse de início com garantias o que o maniche rende, mesmo não seja nada por aí além.Além disse os disparate do pongolle diminuiu o fundo para transferências. Concordo inteiramente que tem a imprensa do lado dele, tal como Postiga (então este!) e muitas vezes o J.Moutinho. O maniche remata à cepo e isso é uqe é cómico.
Quanto aos avançados tenho a mesma opinião que tu, como já aqui disse algumas vezes eles não são alternativa fiável ao liedson,apesar do ano passado ter defendido a utilização do saleiro que se revelou positiva. Fiquei decepcionado por terem perdido o cavenaghi, se é que realmente o tentaram por empréstimo.

Pedro Veloso 17 de setembro de 2010 às 10:33  

Tomás excelente análise, concordo com tudo, e noto com agrado que agora já passaste do "obviamente foi falta" (no lance do golo) que me disseste na altura para o habitual comentário de quem é beneficiado (uma espécie de "não consegui ver bem o lance" lol).

Bem reparado o pormenor do remate à padeiro de Maniche, sempre foi assim, desde os tempos do Porto. Mas a verdade é que pelo menos arrisca e por isso às vezes saem bons golos. Embora ache que no lance em questão ele não podia pensar muito, a bola apareceu ali em boa posição, só tinha é que chutar (melhor do que o que fez, claro).

O falhanço de Saleiro é quase inacreditável. Esse rol de especialistas em falhanços (Postiga - grande golo ontem!, CS9, Caicedo, etc.) faz-me lembrar tempos idos do Nuno Gomes, que agora não se vêem porque é suplente. Apesar de, nos bons tempos, ter mais faro do que alguma vez esses terão. E assobiam os adeptos do meu clube o Cardozo...

Este jogo deu-me o prazer de rever uma das coisas que mais aprecio nos clubes pequenos da nossa Liga, que é o habitual xerife brasileiro no centro da defesa (neste caso 2 com o Jardel, mas Maurício é qq coisa - sempre com ar de mau, alivia para qualquer lado, bate as bolas paradas de qq sítio com zero de sucesso, fortíssimo no jogo aéreo. Escola de Argel e Lúcio, no fundo).

Tomás Pipa 17 de setembro de 2010 às 12:48  

lolol "Xerife brasileiro no centro da defesa".Isso merece um post!

Lembro-me já de vários para além do Mauricio e do Jardel claro. Valdomiro, Kaka (ex Académica), Paulão (qd era da Naval), Paulo Turra, Éder, Ávalos (argentino mas era do Corinthians), Marcos António,Nem e depois há outros que jogaram nos grandes mas também têm o perfil: Gladstone e Luisão!

Pedro Veloso 17 de setembro de 2010 às 13:00  

Lol grande lista, o exemplo mais perfeito era o Paulo Turra, fazia jus ao nome! E o Ávalos era pau de criar bicho

João 17 de setembro de 2010 às 13:47  

Para mim o Ávalos era o protótipo perfeito do Xerife, encaixava que nem uma luva no Boavista caceteiro do J.Pacheco!Ou passava o homem ou a bola.Depois no Nacional já estava mais calmo, facto que um jornal que não me recordo atribui uma a vez a estar mais maduro lol. A filosofia de jogo do M.Machado é que era diferente.
O Gregory por vezes também era, um bom jogador.Está agora no Gijon.