El clásico!

Sábado jogou-se o maior clássico da Liga Espanhola! O Barcelona chegava ao Barnabéu em igualdade pontual e em grande momento de forma, com “confiança e vontade de pôr tudo em pratos limpos”. Já o Real vinha de 12 jogos sem perder e, a avaliar pela semana de descanso nas pernas, menos desgastado, o que poderia desempenhar factor importante no desenrolar do jogo. Contudo, o Barcelona foi praticamente passear à capital, mantendo a posse de bola e controlando o jogo durante grande parte dos 90 min.

O Barça efectuou algumas alterações relativamente ao jogo de Londres, com Daniel Alves a extremo direito, Maxwell no lugar do lesionado Abidal e Messi no lugar de Bojan Krkic. Puyol e Piqué voltaram também ao 11.

O Real optou pelo retorno de Sérgio Ramos no lugar de Metzelder e num meio campo com Xabi Alonso, Marcelo e Gago em detrimento de Granero e Diarra.

O início da partida revelou-se dividido para ambos os lados, com Ronaldo a distribuir jogo e a fazer boas jogadas do lado merengue mas sem criar oportunidades de golo.

Aos 12´ ficou por marcar penalty após derrube de Messi por Albiol na área.Começava aqui a má exibição da defesa Madrilena.

O Barça rapidamente se encarregou de tomar o controlo da partida, circulando a bola ao seu estilo “tiki-taka” único e mágico, com destaque para Xavi, incrivelmente “solto”. O Real fazia jogadas espaçadamente quando tinha a bola mas sem criar perigo (Xabi Alonso tentou de meia distância) e o Barcelona com uma calma e mestria foi pautando o jogo com segurança, sem criar lances de perigo mas à espera da oportunidade.Esta chegou aos 33’ com uma grande jogada: Messi passa a Xavi, que lhe devolve picando a bola in extremis por cima da defesa do Real. O argentino domina-a após passar a defesa merengue em corrida, contorna Albiol e perante um Casillas desamparado marca o 40º golo da época. Notável a forma como Keita arrastou a defesa merengue, contribuindo para a falha de marcação a Xavi (constante em toda a partida) e mais uma vez com Albiol a ficar mal na fotografia, passado em velocidade e driblado.

O Real tentou responder jogando por Ronaldo e Marcelo em velocidade e em trocas de bola. Xabi Alonso falhou boa oportunidade de cabeça após centro do português e Higuaín, isolado por Gago, desferiu remate estratosférico para a Plaza de Lima.

Ao intervalo não houve alterações nas equipas e o Real voltou a pressionar com os mesmos protagonistas. Ronaldo continuou o duelo com a defesa catalã, passando-a ocasionalmente e tentando assistir Higuaín. Marcelo ainda falhou uma boa oportunidade no culminar de uma boa jogada. Contudo, o Barça continuava a controlar o jogo e aos 55’ Xavi - novamente solto de marcação…- , isolou Pedro que fugiu de Arbeloa e finalizou com classe perante Casillas. Segundo remate do jogo dos catalães à baliza do real com 100% de eficácia.



Pellegrini decidiu então substituir Marcelo por Guti, que 2´após isolou soberbamente Van der Vaart. Incrivelmente, o holandês rematou fraco contra Valdés, gorando-se assim a oportunidade de relançar o jogo. Até ao fim do jogo o Real acelerou um pouco e Ronaldo, através de vários livres e um sprint de meio campo estragado por Valdés, não foi suficiente para reduzir o marcador. Guti tentou ainda de meia distância e Raúl (que havia substituído Van der Vaart) ainda viu golo bem anulado por mão na bola de Benzema, que entrara por Higuaín.

O Barcelona limitou-se a gerir a partida mas ainda dispôs de duas grandes oportunidades por Messi, a passe de Xavi. Na primeira, o argentino driblou Albiol e o guardião madrileno fez a primeira – e grande - defesa da noite; a segunda foi lance de natureza idêntica ao golo inaugural, mas desta vez o albiceleste precipitou-se após receber a bola e Casillas fez grande defesa por reflexo.


O jogo terminou com o Real a pressionar sem argumentos e o Barça a controlar. Iniesta, entrado na segunda parte por Maxwell, ajudou à posse de bola e aos dribles em espaço impossível, o que muito enervou vários jogadores madrilenos como Sérgio Ramos. Apesar de ter sido para mim o melhor da defesa castelhana, no término do jogo esteve visivelmente frustrado e muito nervoso, distribuindo fruta em várias ocasiões. Surpreendentemente, terminou em campo.

O Barça não precisou de se esforçar muito para ganhar a este Real. Controlou, geriu o jogo e aproveitou bem as falhas da defesa opositora, não demonstrando fadiga pela partida de meio da semana com o Arsenal. Numa defesa que esteve quase sempre bem, Milito (substituído por Marquez no fim por lesão) foi para mim o melhor e uma surpresa já que fez uma exibição irrepreensível. Já todos sabemos da sua classe mas esperaria menos ritmo competitivo para quem esteve inúmeros meses parado. Keita, Messi e Pedro Rodriguez estiveram em grande plano pelas constantes movimentações e penetrações na defesa madrilena. Por fim, Xavi mostrou toda a sua classe com uma exibição soberba. Geriu a posse de bola, orientou o ataque, criou oportunidades e assistiu para os golos. Todos os lances perigosos tiveram a sua chancela. Sou daqueles que defendo que Xavi é o melhor jogador do Barcelona. Messi é de outro mundo, mas beneficia em muito do meio campo do Barça. Esta equipa sem Xavi e, em muitos casos, Iniesta, é muito mais fraca do que quando Messi está ausente. Xavi nunca faz maus jogos, raramente falha passes, antes inventa uns incríveis, e por isso compreendo bem Mourinho quando referiu que o escolheria para melhor jogador do mundo.


Consequentemente, considero que Pellegrini cometeu alguns erros capitais neste jogo (segundo a imprensa espanhola sai no fim da época; Benítez e Mourinho são os principais candidatos ao lugar). O primeiro surgiu-me antes antes do início do mesmo, quando vi que o chileno não providenciou qualquer marcação especial a Xavi. Não consigo perceber como não jogou Lassana Diarra, claramente o mais apto para essa função! Com o decorrer do jogo, não percebo como Diarra não entrou ao intervalo! Para mim, logicamente o segundo erro. Xavi esteve literalmente “à vontade”durante os 90’ e, consequentemente, em todo os lances de perigo que criou. E a melhor forma de limitar o Barça é fazer pressão e não deixar trocar a bola. O terceiro erro foi retirar Marcelo (penso que a sua inclusão foi uma boa escolha), já que foi o melhor do Real juntamente com C. Ronaldo. Ameaçaram frequentemente em técnica e velocidade. O quarto erro foi não retirar Gago, que esteve anónimo. Penso que seria muito melhor opção ter trocado o argentino por Guti, que se revelou nova boa escolha do treinador. Quanto a Benzema está irreconhecível e apenas conseguiu inviabilizar o golo de Raúl. Uma época para esquecer do melhor marcador merengue da pré-época. Deste modo, considero que as boas opções de Pellegrini pecaram por defeito.


Do Real, realço C.Ronaldo, para mim o melhor a par de Casillas que evitou goleada. Apesar de não ter sido excepcional, lutou, driblou e correu bastante. Com um meio campo que pouco produziu, coube ao português empurrar a equipa para a frente mas grande parte dos seus esforços não tiveram sequência por falta de apoio da equipa. Não foi perigoso nos livres mas criou (–os) oportunidades e ganhou alguns duelos. Este foi um daqueles jogos em que considero que o Real não merece o Ronaldo que tem. Realço também Marcelo que desequilibrou em alguns momentos e Guti que fez bem a transição do meio campo para o ataque enquanto esteve em campo. A defesa esteve francamente mal, facilmente trespassada quando o Barcelona aumentava a pressão.

Deste modo, o Barcelona recebeu ontem o Deportivo na 32ª jornada com 3 pontos de vantagem, vencendo facilmente por 3-0 com golos de Boyan, Pedro e Yaya Touré. O Real manteve a perseguição vencendo o Almería por 2-1 com golos de Ronaldo (grande golo e exibição) e Van der Vaart, num jogo aberto e interessante com bastantes oportunidades para os dois lados.

Na restante Liga, o Valência distanciou-se de Maiorca e Sevilha na luta pela Champions e o Atlético de Madrid de Simão e Tiago continua a desiludir, acumulando duas derrotas nas duas últimas jornadas.

La Liga: 1-FC Barcelona 83 (32 J.); 2- Real Madrid 80; 3- Valência 59; 4- Maiorca 52; 5-Sevilha 51; 6- Athletic Bilbao 48