Assim se vê a força do SLB!

O Benfica jogava ontem na Figueira da Foz mais uma final na qual era indispensável sair com os 3 pontos. Pressionado pela má arbitragem de Artur Soares Dias em Braga, que, entre outros erros que já aqui foram falados, pôs o Braga de novo a 3 pontos da liderança.Jesus quase não mexeu no onze base, tendo apenas colocado Ruben Amorim no lugar do maratonista Ramires e lançou Weldon por troca com Carlos Martins, recuando Aimar para a sua posição de origem.
Esperava-se uma entrada forte do Glorioso para contrariar uma eventual blindagem da baliza da Naval com um autocarro, no entanto o primeiro quarto de hora do jogo mostrou os pupilos de Augusto Inácio a pressionar muito alto e apanhar desprevenidas as linhas atrasadas dos encarnados. Destaque para a boa anulação feita aos dois primeiros construtores de ataque do Benfica, David Luiz e Javi Garcia, bem como para sistemática aparição de um homem nas costas de Coentrão que estava, como é habitual, muito subido no terreno.
Esta entrada surpreendente da Naval apanhou o líder desprevenido - precisamente do lado esquerdo da sua defesa - e logo aos 2’, o falso lento Fábio Júnior (jogador bastante acima da média desta formação figueirense) conduz a bola com o seu talentoso pé esquerdo sobre uma passadeira estendida pela fraca dobra que David Luiz fez ao seu lateral e rematou por baixo das pernas de Quim para o primeiro dos 6 golos da noite. O golo mais festejado pelos meus amigos sportinguistas esta época, a avaliar pela quantidade de mensagens que recebi nesse momento. Conseguiram festejar mais que aquele golo do Mantorras frente o Boavista que lhes deu o título!
O 23 benfiquista esteve muito apático neste lance. Ainda que acredite que foi para não arriscar fazer penalty e apanhar um cartão tão cedo no jogo, acho que tinha que ter feito mais (bem como Quim – Peiser defendeu 3 bolas iguais àquela!).

Tentou reagir de imediato o Benfica por Angel Di María que, numa das suas inúmeras incursões supersónicas pelo flanco esquerdo – desta feita solicitada por um bom passe de Óscar Cardozo -, centra à procura de Weldon mas Daniel Cruz chegou a tempo de dobrar o corte meio falhado de Diego Ângelo.
Porém seria única esta iniciativa do Benfica nos primeiros quinze minutos, uma vez que volvidos apenas dois minutos Camora apareceu em boa posição para finalizar mais uma vez, mas viu Quim negar-lhe o golo e o próprio joelho a atrapalhar a recarga.
Com o Benfica muito subido à procura da recuperação no marcador, apesar de não conseguir dominar o jogo, uma recuperação de bola de Bolívia permitiu à Naval um contra-ataque perigoso com o próprio brasileiro a isolar o suspeito do costume Fábio Júnior nas costas de Maxi que não teve pernas para o apanhar e impedi-o de centrar para o 2º poste onde apareceu Bolívia, que acompanhou bem o colega que isolou, a finalizar com classe. Muito boa gente falharia este golo!
Também neste lance penso que o lateral uruguaio do Benfica poderia ter feito mais. Já nem digo a falta para não correr o risco de ser expulso, mas pelo menos ter tentado o carrinho para evitar o cruzamento de Fábio Júnior.

Aos 12’ minutos a Naval apanhava-se a ganhar ao melhor Benfica dos últimos anos. Acredito que até Augusto Inácio estivesse surpreendido por tudo ter corrido tão bem até então. Foi, no entanto, cedo demais para tamanha ousadia de marcar 2 golos a esta equipa do Benfica.

A partir dos 15’, os comandados de Jorge Jesus começaram a conseguir traduzir a vontade em perigo para a baliza adversária. Um minuto após um aviso algo tímido em que deixa Peiser antecipar-se (15’), Weldon antecipa-se de cabeça ao lateral direito Carlitos e marca mesmo numa recarga a um remate do incansável Maxi Pereira (que por sua vez já era uma recarga a um remate muito forte de Di María). Excelente reacção dos encarnados, que começavam a mostrar que os fantasmas de outras épocas não estavam presentes e a confiança reinava no seio de equipa.

Quando ainda se festejava (comedidamente) a redução no marcador, eis que Pablo Aimar marca um canto com qualidade e é de novo Weldon que aparece sozinho no coração da área adversária para finalizar com tranquilidade. Apesar do canto ter sido batido com a mestria a que El Mago habitou o mundo do futebol, aqui há culpas da defesa canarinha que deixou o matador brasileiro completamente sozinho a cabecear.
19 minutos e já estava reposta a igualdade e espezinhada qualquer força anímica dos figueirenses.

Reforçada a confiança e passado o susto, por esta altura já só se acreditava (e bem) que este seria um jogo (de 70’) que o Benfica ganharia com tranquilidade, faltava saber por quantos.

Logo de seguida, aos 21’, mais um cruzamento de classe mundial do nº10 encarnado que Luisão desvia com a bola a passar bem perto do poste esquerdo da baliza do francês Peiser. Dupla verdadeiramente temível esta que o gigante brasileiro faz com o astro argentino em lances deste tipo. Faltou o golo.

Entrava-se agora numa fase de maior descanso por parte dos encarnados, em que permitiram um canto (sem sucesso) e um remate fácil ao adversário. Era o recarregar das baterias para 15 minutos de completo sufoco no final do primeiro tempo.
Aos 34’ Cardozo viu ser-lhe negado o golo com mais uma boa defesa do guardião adversário a um cabeceamento com selo de golo.

Nota breve para uma oportunidade de Camora aos 37’ a que Quim se opôs com qualidade. Esta jogada foi fruto de um erro defensivo que tirou o treinador encarnado do sério até final da primeira parte. Foi verdadeiramente notável a quantidade de palavrões que Jorge Jesus conseguiu dizer no pouco tempo que foi filmado.Volvido 1’ chegou o momento do jogo. David Luiz recupera uma bola no meio-campo do Benfica e, mostrando ao internacional português João Manuel Pinto como se fazem este tipo de passes, isola o Di María que, perante a saída rápida de Peiser, se limita a tocar a bola por cima dele e a consumar a recuperação do Benfica. Um golo bastante parecido com aquele que o extremo argentino resolveu a final dos Jogos Olímpicos.

Até ao intervalo destaque ainda para um cabeceamento perigoso de Ruben Amorim, servido por Di María (quem mais?), e para o cartão amarelo visto por Maxi. Não sou de falar de arbitragens nem de engendrar teorias sobre influências de resultados desportivos – até porque neste espaço há uma rubrica própria para isso -, mas se dizem que Izmailov foi meditadamente retirado do confronto com o Benfica na próxima semana, o que dizer deste 5º amarelo de Maxi que dá direito a suspensão no derby? Nem falta foi! E Maxi é bem mais importante no Benfica que Izmailov no Sporting nesta altura.

A falta de qualidade dos árbitros portugueses ficou bem clara este fim-de-semana com as exibições de Artur Soares Dias em Braga e do Sr. Elmano na Figueira da Foz.

Entrou forte o Benfica na segunda parte (como é costume) e logo aos 55’ Cardozo isola Weldon (aqui ficou a dúvida se o brasileiro estava em fora-de-jogo) que consegue ir à linha e centra a bola para Ruben Amorim rematar rasteiro e forte, a obrigar Peiser a defender para a frente. Na recarga apareceu Tacuara a marcar o seu 20º golo na liga 2009/2010,o 50º golo na liga desde que chegou ao Benfica e o 70º golo de águia ao peito em jogos oficiais. Aos críticos do matador paraguaio peço que me digam qual foi o último avançado benfiquista que marcou 70 golos em 3 épocas nos últimos anos e que depois voltem a dizer que querem que ele seja vendido.

Até final os encarnados limitaram-se a controlar o jogo já a pensar na difícil deslocação a Anfield. Destaque para a bomba de Carlos Martins (que entrou para o lugar do esgotado Weldon logo após o 4º golo) à barra da baliza da Naval (merecia golo!), para um falhanço escandaloso de Fábio Júnior na tentativa de emenda a um remate de Michel Simplício defendido por Quim e para mais uma oportunidade de Cardozo a que Peiser se voltou a opor com qualidade.

Uma vitória difícil (que acabou por ser fácil) do líder isolado do campeonato que vem reforçar a crença dos seus adeptos que o título está perto. Ainda faltam disputar 15 pontos e obviamente nada está decidido, mas esta vitória, até pela forma como foi conseguida – a exigir aos encarnados que puxassem dos galões e lidassem bem com a pressão (e sem Saviola!) -, vem reforçar a superioridade encarnada e certamente desmotivar adversários.

É o 27º jogo do Benfica sem conhecer o sabor da derrota, o 26º consecutivo a marcar (já se gritou golo por 110 vezes este ano!), a 9ª vitória nos últimos dez jogos na liga e o 16º jogo seguido sem sofrer golos na 2ª parte – não restam dúvidas que as palestras de Jorge Jesus ao intervalo têm grande efeito!

Os meus destaques individuais vão para Angel Di María, que cada vez confirma mais a sua influência na boa qualidade e intensidade de jogo da equipa. Já leva 9 golos este ano em todas as competições e 7 assitências para golo na Liga! Esteve em grande hoje, como já havia estado na difícil deslocação a Matosinhos; Maxi Pereira, apesar de poder ter feito mais no 2º golo da Naval, verdadeiramente incansável no flanco direito, parece realmente que joga um Maxi na primeira parte e outro na segunda! Aos que dizem que precisamos de outro defesa direito melhor que o Maxi digo que não deve haver nenhum muito melhor que esteja disponível. O uruguaio tem as suas limitações como qualquer outro jogador, mas a sua atitude competitiva de elevado nível, capacidade de sacrifício e de trazer o Benfica para a frente quando é preciso são grandes mais valias que penso que devemos manter e aproveitar; Carlos Martins entrou muito bem no jogo, está em grande forma e isso vê-se na forma como conduz e pauta tranquila e eficientemente o futebol encarnado. Espero que mantenha o nível e que a boa forma não o faça começar a achar-se um craque de classe mundial e perder-se em situações de jogo que não interessam.
De resto, Javi imperial no meio-campo (principalmente em jogo aéreo e bolas divididas) como sempre, Quim cumpriu quando foi chamado a intervir (excepto o lance do primeiro golo, ainda que o avançado estivesse isolado), a dupla de centrais (exceptuando a falha de David Luiz no 1º golo) esteve ao (bom) nível habitual, bem como toda a equipa. Coentrão está a tornar-se um lateral esquerdo de qualidade!

Destaque também para o facto do Benfica ter os 4 jogadores com mais assitências na liga. Pablo Aimar, Angel Di María e Fábio Coentrão lideram a lista com 7 passes para golo cada e Óscar Cardozo vem logo atrás com 6.

Última nota para o facto de Jorge Jesus não hesitar em lançar jogadores menos utilizados para jogos decisivos e os resultados aparecerem. Aconteceu com Éder Luís em Matosinhos, com Kardec em Marselha, com Nuno Gomes diante do Liverpool e ontem com o camisa 19. WEL(L)DON(E) JESUS! Está claramente justificada a exigência do treinador encarnado em ter um plantel bastante vasto. Ele sabe geri-lo.

O Benfica tem agora menos de 72 horas para recuperar para o jogo de Liverpool, que vai ser uma batalha bastante difícil. Penso que se há ano para se acreditar nas nossas possibilidades é este. A equipa está confiante, tem muita qualidade e as coisas têm corrido bem. Carrega Benfica!!