Futebol Internacional

Num fim-de-semana de grandes clássicos por toda a Europa, o mais esperado era sem dúvida aquele que possibilitou o confronto directo entre os dois melhores e mais mediáticos jogadores da actualidade, Messi e Cristiano Ronaldo. Falo, obviamente, do Barcelona vs. Real Madrid.O embate de hoje foi um bom jogo de futebol, com várias oportunidades para cada uma das equipas e em que no final o Barça, na mesma semana em que, jogando sem Messi e sem Zlatan, banalizou o Inter de José Mourinho, mostrou a razão pela qual é considerada a equipa que joga melhor futebol na actualidade, ao terminar uma das semanas mais difíceis e decisivas desta fase da sua temporada com a imposição de derrotas, jogando sempre o seu bom futebol, aos seus adversários directos.

A equipa de Pellegrini entrava no jogo como líder, consequência da boa época que tem vindo a fazer na Liga e de alguns “desaires” do seu adversário directo. Veio com a lição bem estudada - jogando com a defesa bastante subida (aproveitando a capacidade de recuperação, em velocidade, de Pepe) para tentar afastar o mais possível da sua área o futebol espectacular e perigoso dos catalães e colocando 4 unidades a meio campo (Lass, Xabi, Marcelo e Kaká, este último o mais ofensivo dos quatro) para igualar o número de homens que o Barça teria nessa zona do campo (em consequência das constantes “descidas” do génio Andrés Iniesta da posição em que iniciou o jogo (no papel), extremo esquerdo, para se juntar a Xavi, Keita e Busquets nas saídas para o ataque, sempre através do seu futebol apoiado e espectacular) - querendo limpar a imagem deixada em confrontos directos pelo duplo desaire da época transacta (um deles por números bastante humilhantes) e provar em campo, especialmente neste jogo (!), que está bastante mais forte. Está realmente mais forte (e em crescendo) este Real em relação à época passada. Já não se deixou banalizar, não passou os 90 minutos à procura da bola, e conseguiu mesmo, como eu esperava, pôr em sentido os comandados de Guardiola por diversas vezes, pressionando bem a meio campo, conseguindo ter bastante posse de bola (mais na primeira metade), e saindo com a qualidade que os seus jogadores têm quer para ataques organizados, quer para contra-ataques rápidos, liderados ora por Cristiano, ora por Kaká. O treinador chileno optou por lançar na equipa titular C. Ronaldo, solto na frente, ao lado de Higuain, enquanto Pepe Guardiola deixou Ibrahimovic no banco, guardando-o para a maravilha que ele viria a fazer, e lançou o já recuperado anão argentino de início.

Na primeira parte CR9 dispôs da ocasião mais clara de golo. Após uma grande jogada de Kaká, em progressão rápida, bem ao seu estilo, este oferece o golo de passadeira vermelha ao melhor jogador do Mundo e este, só com Valdés pela frente, não consegue introduzir a bola na baliza. De resto, que me recorde, mais nenhuma oportunidade tão clara, tendo ambos os guarda-redes, ou os respectivos quartetos defensivos, conseguido controlar todos os lances de ataque adversários com relativa facilidade. Digna de registo a importância que Lass(ana) Diarra tem nesta melhoria da pressão a meio campo que o Real tem demonstrado este ano. Joga com o número 10 nas costas mas é um autentico pitbull, incansável.

Na segunda parte deram-se, para mim, os dois momentos do jogo. A entrada do gigante sueco Zlatan Ibrahimovic, aos 50’ (para o lugar do melhor e mais arrependido jogador de andebol da actualidade)
e a expulsão de Sergio Busquets, aos 63’. Foram para mim os momentos do jogo porque Zlatan, mesmo não estando na sua melhor forma, trouxe outra capacidade de batalhar dentro da defesa adversária (coisa que Henry já não dá, jogando naquela posição) e de criar perigo - tendo necessitado apenas de 6 minutos em campo para fazer uma obra de arte com a facilidade digna de um predestinado, precisamente no meio da (até então quase intransponível) defesa merengue - e também porque após a saída forçada e infantil de Busquets a equipa da casa passou a jogar com os sectores mais coesa e sólida (com a bola em seu poder) e conseguiu controlar o jogo durante uma boa parte (20/25 minutos) do segundo tempo, circulando muito a bola e cansando o adversário na procura da mesma, afastando assim quase todo o perigo que os jogadores visitantes poderiam criar com a bola nos seus pés - excepção para um cabeceamento perigoso de Ronaldo e uma outra investida ofensiva que Pique trava (em penalty?). Isto até à entrada nos últimos 15/20 minutos.
No último quarto de hora, já sem Ronaldo em campo (saiu aos 66’ para dar lugar a Benzema – e se Pellegrini o tirou por alguma outra razão que não seja o seu esgotamento físico, terei que o considerar pior treinador do que considerava até à entrada para este jogo, pois o português estava a ser dos melhores da sua equipa), e com a entrada de Raul, os madrilenos fizeram o último forcing em busca do ponto que garantiria a liderança isolada do campeonato. Assalto final esse que foi traduzido em alguns pontapés de canto (num deles Benzema falhou um golo à boca da baliza, após um desvio de cabeça de Raul ter enganado Puyol) e em jogadas dentro da área blaugrana, que acabaram por ser controladas, com maior ou menor dificuldade, pela defesa capitaneada (e bem) por Carles Puyol. Nesta fase do jogo, destaque ainda para duas oportunidades desperdiçadas pelo Barça, contra a corrente do jogo. Uma em que Abidal rematou cruzado ao lado, depois de ter sido desmarcado com mestria (para variar) por Xavi, e outra de Lionel Messi, esta verdadeiramente escandalosa e "ofensiva" para Dani Alves, que fez um passe magistral.

Destaques:
- Grande exibição de Daniel Alves tanto a defender como, especialmente, a atacar. Já durante a semana, diante do Inter, tinha sido dos melhores, e hoje voltou a mostrar que está em grande forma.
- Zlatan voltou a mostrar o porquê de ser considerado, quase unanimemente, como o melhor ponta de lança do Mundo. Fez com que o golo que marcou parecesse fácil, tal foi a calma com que o marcou.
- Cristiano Ronaldo, obviamente ainda longe do seu melhor nível, está de volta. Na minha opinião foi, a par de Kaká, o melhor da sua equipa.
- A entrega que o capitão Raul continua a mostrar mesmo jogando menos tempo do que pretenderia e já com a idade a pesar um pouco. Um grande capitão!

Digamos que o resultado é justo, mas, na minha opinião, também se aceitaria um empate com toda a tolerância.
Parece-me que o Real não vai fazer a vida fácil a este Barcelona na Liga até ao fim da época... Resta-nos esperar para ver.

Derby Londrino:

Só uma pequena alusão a este outro grande embate, em que o Chelsea de Ancelotti consumou o seu passeio na Liga Inglesa até ao momento, ao derrotar com grande classe um dos adversários directos na sua própria casa com um resultado perfeitamente esclarecedor (0-3). Enorme exibição de Drogba (fez-me hesitar ao escrever que Zlatan era o melhor ponta de lança da actualidade) e grande concentração defensiva de toda a equipa, muito coesa e forte tacticamente. Permitam-me destacar também Anelka, dizendo que está realmente o jogador de topo que tanto prometeu vir a ser. É titular (praticamente) indiscutível nesta grande equipa e está um jogador muito completo, que tanto desce para ajudar em tarefas defensivas, como descai para as alas e aparece na zona de finalização com uma frieza notável!

Fala-se muito do Barcelona com toda a razão, mas este Chelsea, não jogando um futebol tão espectacular, é também uma grande equipa! Tem jogadores de nível mundial em todas as posições, muita experiencia e um plantel vasto com muitas e boas opções. Gostava de ver um novo confronto entre estas duas equipas, que para mim são, sem dúvida, as melhores da actualidade, na fase mais avançada possível da Liga dos Campões.

Itália:
José Mourinho e o seu Inter responderam bem ao "banho de bola" que levaram durante a semana, derrotando um dos seus adversários mais fortes e continuando, a par da antiga equipa do treinador português, o passeio tranquilo na Liga.

17 Passes de rotura:

Pedro Veloso 30 de novembro de 2009 às 11:39  

Muito bom post Manú. Também vi o clássico de Madrid com os mesmos olhos, e assumo alguma frustração pela derrota do Real, o meu clube em Espanha, em virtude do que fez na primeira parte. Deveria ter ido para o intervalo a ganhar. Depois, na segunda parte, a perder e por isso forçado a jogar em ataque organizado, pareceu muito menos capaz de ameaçar o Valdés.

Em Londres o melhor plantel do mundo marcou a sua superioridade e classe. Torço para que ganhe tudo este ano, que já chega de infortúnios nos últimos anos. Drogba (para mim, e na sequência do que escreveste, melhor do que Ibracadabra) e Anelka sempre em grande, só o Mikel quando joga é que continua sem convencer.

Última nota para um desaparecido em combate que ressuscitou ontem: Klaas-Jan Huntelaar, o craque holandês finalmente mostrou a sua categoria com dois golos fora de horas, o segundo dos quais uma obra prima...Será que vai a tempo de evitar a venda/empréstimo em Janeiro? O Borriello é bom, mas aquele ataque em clara subida de forma "pede" o velho Huntelaar a concluir as jogadas de Pato, Seedorf e, claro, Ronaldinho.

Tomás Pipa 30 de novembro de 2009 às 11:51  

Em Espanha não vejo o Real a subir tanto de produção como vocês dizem. Nem Lass Diarra,nem Arbeloa, nem Marcelo me convencem. Aquilo é são 4 defesas, 2 médios e depois 4 gajos lá pa frente para fazerem o que querem (Higuaín,Ronaldo,Kaká e Marcelo). O Real poderia ter estado em vantagem não fosse a enorme defesa de Valdés. Depois contra 10 e a perder Pellegrini tirou..CR9! Cansado? Não me pareceu estar, antes pelo contrário..

Busquets continua na minha opinião a ser o jogador que destoa ali, não tem qualidade para jogar no Barcelona. Quanto ao futebol aprsentado pelo Barça, tudo para dizer. É maravilhoso, quem gosta de futebol tem que andar apaixonado por Dani Alves,Xavi, Iniesta e Messi como eu ando. Aquilo que eles fazem é um verdadeiro baile, foi brilhante a rabia que fizeram no fim.

Quanto ao derby londrino, só vi o resumo por causa da tal lei das 16h/18h. Pareceu-me um Chelsea, que ao contrário do que o Veloso pensa é a minha equipa em Inglaterra, demasiado forte. É óbvio que gosto menos deles agora que não têm o Mourinho, mas o bichinho ficou. Também gosto obviamente do Man Utd e do Arsenal cada vez mais por causa do seu futebol espectacular. Não gosto que as equipas comprem os melhores jogadores do mundo, ou os melhores jogadores de outras equipas. Ir buscar Ibra ao Ajax, Ronaldo ao Sporting, Van Persie ao F'Noord, Adebayor ao Monaco, Lampard ao West Ham,Káká ao São Palo,Pato ao Inter e Rooney ao Everton tudo bem, apoio. Agora Ibra,C.Ronaldo,Káká, Eto'o, Henry e transferências desse género já não apoio.

O Inter, apareceu a jogar muito no Domingo, boa exibição de Quaresma (a aparecer a titular), Milito e Eto'o (q falhanço) muito bem. Cambiasso,Samuel e Lúcio enchem-me as medidas também.

Manú 30 de novembro de 2009 às 14:11  

eu tambem fiquei admirado que ele tivesse tirado o ronaldo, pois nao me pareceu cansado. mas a verdade é que veio de lesao mais ou menos prolongada e acho que ele sabe da importancia que o ronaldo tem (ainda este fds disse que ele era insubstituivel), pelo que nao o tiraria se ele nao estivesse mesmo esgotado de ter dado tudo durante o tempo que esteve em campo.
ainda assim, eu tinha tirado arbeloa ou marcelo.
quanto ao arbeloa, concordo que é um jogador demasiado mediano para jogar numa equipa que se quer de altissimo nivel. marcelo acho que ontem teve num dia mau, ele tem jogado mais que aquilo, e pelo que tenho visto esta a crescer muito como jogador a jogar a meio campo.
quanto ao lass nao consigo concordar contigo, é muito importante o trabalho que ele faz no meio campo, é incansavel e da a segurança que aqueles criativos precisam.
claro que ainda nao se compara a maquina do barça que ja esta junta ha anos, mas a equipa esta a crescer e olha que ter ali o xabi alonso faz com que nao seja esses 2 medios e 4 gajos la na frente, estao mais ligados e a melhorar na minha opiniao. vamos ver como reagem agora.

quanto ao futebol do barça nada a dizer mesmo, que show! esses craques fazem que quase nem se repare na menor qualidade do busquets, que ta ali mm pa bater em tudo o que mexe.

Tomás Pipa 30 de novembro de 2009 às 14:43  

Manel, vê o Lassana jogar e depois vê o Song e vê a diferença. Song é bastante superior

Manú 30 de novembro de 2009 às 14:57  

vi ontem o song e vi o lassana. nao os comparei em lado nenhum, mas pelo que vi ontem, ainda que em futebois muito diferentes, lassana pareceu me mais interventivo no jogo, song um bocado mais apagado e certinho (estilo o mikel). prefiro o diaby ao song

Manú 30 de novembro de 2009 às 15:02  

confesso que tenho acompanhado mais o diarra que o song, mas sempre que vi o song jogar esta epoca nao fiquei impressionado.
grande naquele meio campo era patrick vieira!

Tomás Pipa 30 de novembro de 2009 às 15:13  

Nem me compares o Mikel ao Song. Mikel é um robot, Song é mais o estilo de Pat.Vieira

Pedro Veloso 30 de novembro de 2009 às 15:15  

Sinceramente não vejo o Barça a jogar continuamente as maravilhas que dizem, nos últimos três jogos jogou muito bem com o Inter mas com Bilbau e Real nem por isso.

Obviamente CR9 saiu porque veio de lesão, já devia estar programado. Devem ter reparado que ele saiu com o ar mais natural do mundo, ao contrário do que acontece normalmente (fica sempre chateado).

Tomás, gosto muito do Lass, porque não o aprecias? Só acho que tem uma coisa má, dá pau de criar bicho (aliás ontem foi expulso).

Tomás Pipa 30 de novembro de 2009 às 16:56  

Não é médio defensivo para o Real. As equipas grande têm que ter um médio defensivo que saiba jogar como o Pirlo,Mikel,Song,Carrick,Touré,Veloso etc.

Manú 30 de novembro de 2009 às 20:36  

eu gosto do lass precisamente pq acho q ele sabe jogar. nao é um pirlo nem um veloso, mas deve a tecnica o que cobra em entrega ao jogo.

Anónimo 30 de novembro de 2009 às 22:18  

fazer um destaque a Néné, pelo golo de belo efeito, creio que se tá a tornar num pl que os "grandes europeus" já devem andar com o olho em cima

Pedro Veloso 30 de novembro de 2009 às 23:29  

Manú, nem creio que o Lass fique a dever muito à técnica, tem óptimos pés!

Manú 1 de dezembro de 2009 às 00:16  

veloso estava obviamente a compará-lo a pirlo, veloso e outros trincos que primam pela qualidade tecnica. obvio que tem jeito o diarra

Anónimo 1 de dezembro de 2009 às 00:16  

Nenê

Pedro Veloso 1 de dezembro de 2009 às 00:24  

O golo do Néné ontem fez lembrar o bilhete ao Rui Patrício na última jornada da Liga passada, impressionante. Agora também se critica muito os grandes portugueses por o terem deixado escapar, mas a verdade é que todos o queriam, o que se passou é que ele saiu por 5 milhões, uma verba elevadíssima naquele contexto.

Tomás Pipa 1 de dezembro de 2009 às 11:21  

Exacto, 5M€ por um gajo do Nacional é muito para um clube grande, mas a qualidade paga-se meus amigos!

Anónimo 1 de dezembro de 2009 às 12:23  

repito: Nenê