Jogo Sujo

Alguns extractos do livro "Jogo Sujo" de Fernando Mendes:

«Em determinado período da minha carreira cheguei a um clube que tinha uma grande equipa, um belíssimo treinador e um presidente carismático . Para além destas qualidades, existiram outros ingredientes que facilitaram o nosso percurso vitorioso. Devo dizer que antes de ir para este clube nunca tinha tido qualquer experiência com doping (pelo menos conscientemente)»

+ «Os incentivos para correr eram sempre apresentados pelo massagista. Passado pouco tempo de estar no clube, ele aproximou-se de mim, e de outros novos jogadores (...) Disse-me claramente que aquilo que ia dar-me doping (...) Com o passar do tempo assumi os riscos e tomei doping de todas as vezes que me foi dado . (...) Nunca vi um único colega insurgir-se perante essa situação»

+ «No meu tempo, o doping era tomado de duas formas: através de injecção ou por recurso a comprimido . Podia ser antes do jogo, no intervalo, ou com a partida a decorrer, no caso daqueles que saíam do banco (...) A injecção tinha efeito imediato, enquanto os comprimidos precisavam de ser tomados cerca de uma hora antes do jogo (...) Em alguns clubes onde joguei tomei Pervitin, Centramina, Ozotine, cafeína , entre muitas outras coisas das quais nunca soube o nome. (...) Nos jogos importantes era sempre certo (...) Quando se sabia que não iria haver controlo antidoping, nunca falhava».

+ «Lembro-me de um jogo das competições europeias contra uma equipa que tinha três campeões do mundo no seu plantel . Um deles era um poderoso avançado no jogo aéreo. (...) Apanhei-o várias vezes no meu terreno de acção. Ele era um armário, com um tremendo poder de impulsão. Mas nesse dia eu saltei que nem um louco e ganhei-lhe quase todas as bolas de cabeça (...) O meu segredo: uma pequena vacina, do tamanho de meia unha, chamada Pervitin». + «Depois do apito final, as bolinhas eram retiradas do congelador e colocadas ao lado das outras dentro de um saco. Quando o médico ia escolher o atleta que tinha de ir ao controlo [antidoping], já sabia que não podia tirar nenhuma das bolinhas geladas [que eram as dos jogadores dopados ].»

+ «Quando jogávamos em casa, costumávamos estagiar no Hotel Alfa, em Lisboa. Numa dessas estadas, e já com Toni ao leme da equipa [do Benfica ] os três russos [ Iuran, Kulkov e Mostovoi ] tinham o esquema muito bem montado. Durante a noite, iria parar à porta do hotel uma carrinha carregada de prostitutas com o objectivo de tornar o estágio mais divertido.»

+ «Durante os estágios era fácil subir com uma mulher desconhecida para o quarto e ter uma boa noite de sexo . Podia ser uma empregada de hotel, uma hóspede ou uma amiga a quem se ligava para aparecer. Com algum cuidado, o jogador nunca era apanhado. Pelo menos, das vezes que fui à Selecção, nunca apanharam ninguém .»(relvado.aeiou.pt)

Os adeptos do Porto ligavam o presidente do Benfica as confissões de Carolina Salgado no seu livro, e que teria sido incentivada a “mentir”.
Agora as declarações de Fernando Mendes no seu livro.
Apesar de não referir nomes, penso que para bom entendedor meia palavra basta…
Foi também Vieira a incentivar tais confissões?
O que move Fernando Mendes a confessar tudo isto?
Até quando se irão ficar a rir sem que nada seja feito?

7 Passes de rotura:

Duarte 29 de junho de 2009 às 18:23  
Este comentário foi removido pelo autor.
Duarte 29 de junho de 2009 às 18:25  

Número Dez, percebo que o livro esteja a ter o impacto suficente que motive um post sobre ele aqui no Sector Ofensivo.

Receio, pelo que pude depreender das considerações que teces no fim, que te tenhas baseado em informação proveniente em grande parte do Jornal Record.

Pois bem, convém esclarecer que Fernando Mendes não se referiu ao FCP, directa ou indirectamente, em nenhum momento do seu livro. Ele desmistifica isso completamente em entrevistas à SIC e ao Público. Mais, diz que antes de jogar no Porto ouvia muitas histórias que ligavam o clube azul e branco a coisas menos ortodoxas. Pois bem, ele diz que não é vedade de todo, tece elogios rasgados a toda a organização do FCP, do presidente aos adeptos.

A equipa com quem ele jogou e que tinha no seu plantel 3 campeões mundiais foi o Inter, equipa esta que de resto foi eliminada pelo Boavista, clube ao qual ele se referia como estando envolvido em casos de doping. Por curiosidade, esses 3 campeões mundiais pertenciam à selecção alemã que saiu vencedora do Itália 90 e eram Matthaus, Brehme e Jurgen Klinnsman. Este último era o tal "avançado poderoso no jogo aéreo".

Quando li estas declarações no Jornal Record (conhecido pelo seu ódio empedernido ao FCP) fiquei com a mesma ideia que tu. Depois percebi que não e mesmo quando ele fala num "presidente carismático", era a Valentim Loureiro que se referia.

Tinha e tenho do Fernando Mendes a melhor das impressões e só lhe aponto o facto de só agora fazer estas revelações. Mesmo que o Porto fosse o alvo deste livro, não deixaria de ser curioso ver que os benfiquistas em peso se levantariam para o aplaudir, como fizeram com Carolina Salgado. Se assim fosse haveria um elo de ligação entre estas duas pessoas, já que ambas insultaram o Benfica e ambas seriam agora idolatradas por boa parte dos seus adeptos. Carolina Salgado fê-lo à vista de todos no novo estádio da luz. Fernando Mendes também, só muda o local e o ano, pois em 1999, se a memória não me falha, o Belenenses, clube onde jogava então o lateral esquerdo, foi ao antigo estádio da Luz arrancar um empate. Fernando Mendes marcou um golo e no final disse aos jornalistas que "estava feliz por ter ajudado o FC Porto a ganhar mais uns pontos a este clube foleiro". Fernando Mendes disse-o tout court, mas para o conteúdo do livro não tem nada a ver, é apenas uma curiosidade.

Duarte 29 de junho de 2009 às 18:34  

Quanto aos casos do Yuran, Kulkov e Mostovoi... deste último não posso falar porque não o conheci pessoalmente. Porém o Yuran e o Kulkov viviam bem perto de casa dos meus avós quando jogavam no Porto. Eu era miudo, mas lembro-me de serem jogadores com um talento fora do comum. Só que também me recordo das festas que davam até altas horas da madrugada com muito alcoól e mulheres à mistura. No final das festas pegavam nas mulheres e atirvam-nas pelas escadas a baixo.

Em relação ao doping no Boavista, sei perfeitamente que existia em grande escala. Conheço casos principalmente nas épocas 96/97, em que tiveram uma segunda volta espectacular e 97/98. Se nessa altura já houvesse Sector Ofensivo, estaria em perfeitas condições para avançar com essas informações em primeira mão e com testemunhas que me ajudassem num eventual processo judicial.

Pedro Veloso 30 de junho de 2009 às 01:30  

Ponto prévio: ao contrário de ti, Duarte, eu detesto o Fernando Mendes precisamente pelo que o relataste sobre "tirar uns pontos ao clube foleiro", em que por sinal até jogou:)Mas sinceramente também porque sempre o achei péssimo profissional.

E também detesto este diz-que-disse, se presenciou estes factos todos devia ter falado na altura própria ou então pelo menos agora mencionava nomes. Quando li o Record pensei de facto que se estivesse a referir ao FCPorto mas agora que bem nos elucidaste acho que faz todo o sentido ser o Boavista Duarte

Duarte 30 de junho de 2009 às 02:07  

Na mouche Pedro.

Portanto e só para que não restem dúvidas, o "clube que tinha uma grande equipa" era o Boavista, estou de acordo com ele, o "presidente carismático" era Valentim Loureiro, goste-se ou não também concordo e o "treinador belíssimo" era o Manuel José, aí já não concordo, mas percebo que o diga, afinal ele foi treinado por ele, eu não, nem o conheço pessoalmente.

Também considero condenável que só agora tenha dito estas coisas, até porque vem enterrar ainda mais o Boavista. Bater em mortos é fácil, o difícil é fazê-lo enquanto estão vivos, nisso concordo aboslutamente contigo Pedro.

Quanto ao Record é um exemplo do mau jornalismo desportivo que se faz em grande parte da Península Ibérica. Este jornal procura ser uma imitação barata da Marca em Espanha, com um pouco de Correio da Manhã à mistura (jornal que pertence ao grupo Cofina, tal como o Record). Pelos vistos o povo gosta. É o jornal desportivo mais lido, já ultrapassou A Bola e está a uma distância considerável do O Jogo. O facto de ter um site mais atractivo que os outros pode ter pesado, mas não é só por isso, até porque A Bola remodelou recentemente o seu site e este também está muito apelativo.

Neste caso, o tendenciosismo foi gritante porque era óbvio que, pela descrição que o Fernando Mendes faz do clube onde viveu o maior caso de doping da sua carreira, o público em geral ligaria ao FC Porto. Por isso o antigo internacional português fez questão de referir como ponto prévio que não era o Porto. O Jornal Record omitiu isto para lançar a algazarra, aliás é só ver o feedback na caixa de comentários da notícia.

Pensei escrever um post para esclarecer este natural equívoco, mas o Número Dez antecipou-se e eu faço agora o esclarecimento.

Numero Dez 30 de junho de 2009 às 04:10  

As minhas desculpas por ter atacado sem dó nem piedade os adeptos do F.C. Porto. Mas como o Duarte falou, muitos de nós fomos induzidos em erro. Em boa hora esclareceste a história aqui no sector!cumps

João 30 de junho de 2009 às 17:33  

Mais um circo...