Tanto futebol para tão magro resultado!


Longe dos maus resultados acumulados na década de 90 nas deslocações ao estádio do Marítimo (a "Maldição dos Barreiros"), os últimos anos têm significado vitórias gordas no Caldeirão. E ontem o desfecho deveria ter sido o mesmo, não fora a noite desastrada do Benfica em matéria de finalização. No final, apenas um golo para amostra, magro pecúlio para uma excelente exibição, sinal do cada vez mais evidente crescimento da equipa para patamares próximos dos demonstrados na época passada. Não só a nível ofensivo, com jogadas de grande qualidade técnica ao nível do melhor Benfica de Jesus, mas também pelo facto de a equipa ter somado o terceiro jogo sem sofrer golos, mérito da subida de forma dos defesas e da cada vez maior confiança de Roberto - ontem deu pontos!

Para a visita à Madeira, Jesus não contava com Pablo Aimar e Rúben Amorim, pelo que em relação à vitória no derby mexeu o menos possível no onze. Entrou apenas Nico Gaitán, para o flanco direito (ele que é canhoto), com Carlos Martins a derivar para o meio e substituir El Mago na organização do jogo ofensivo encarnado. Papel que, aliás, desempenhou de forma excelente durante todo o jogo, com aberturas para todos os gostos, raça no auxílio a Javi e grande regularidade exibicional. A selecção deve chegar esta semana, com todo o mérito. Do lado contrário, o jovem técnico Pedro Martins apresentava um 4x2x3x1 com Baba sozinho na frente, Djalma do lado esquerdo do meio-campo e um bom nº10, Danilo Dias, a seguir com atenção.

Depois de um quarto-de-hora inicial morno, começou o Benfica a tomar decididamente o controlo do jogo. Não só por iniciativa de Carlos Martins, mas também pela acção de Gaitán do lado direito; o argentino, chamado à selecção esta semana, conseguiu gizar bons lances pela direita e combinar várias vezes também com Saviola, ontem de volta às movimentações e tabelinhas perigosas a que nos habituou, dando sequência à boa segunda parte com o Sporting. O pior foi a finalização...por duas vezes falhou na cara de Marcelo (em ambas, na sequência de excelentes iniciativas de Gaitán), noutra jogada fez uma finta a mais já perto da baliza e noutra foi rasteirado na área em mais um penalty por assinalar (por falar em penalties, deve-se ter falado disso em mais um encontro à luz das velas realizado esta semana). Um penalty em que os comentadores da TVI encontraram mil desculpas para o erro do árbitro, para depois garantirem que o Maxi cometeu outro que nem o Tribunal d'O Jogo considera como tal.

No final do primeiro tempo, e com nova perdida incrível de Gaitán pelo meio, dois contra-ataques maritimistas, até aí pouco acutilantes, levaram grande perigo à baliza de Roberto - em ambos os casos, muito bem o espanhol. Teria sido trágico levar um golo à beira do intervalo. No reinício, e retomando o saudável hábito da época passada de entrar muito forte no segundo tempo, mais um par de perdidas escandalosas, desta feita obra do matador de serviço, Cardozo. Era o desespero, a fazer lembrar um célebre jogo há uns anos, era o Fernando Santos o treinador, em que empatámos a zero em casa com o Boavista com três bolas nos ferros e o William a defender tudo. Felizmente, logo a seguir um contra-ataque bem delineado, com Carlos Martins (que passe!) a lançar Saviola pela direita e este a centrar para o lado contrário, onde Coentrão dominou e rematou cruzado para o único tento da partida.

Estava feito o mais difícil, Jesus respirou de alívio e a partir daí, depois de uns dez, quinze minutos em que mantivemos o ritmo e poderíamos ter ampliado a vantagem, a equipa preocupou-se mais em garantir que não dava veleidades ao adversário de empatar o jogo. Fê-lo bem, diga-se, defendendo com tranquilidade (e o Roberto está cada vez mais confiante no jogo aéreo, algo fundamental nestas fases de chuveiro adversário), embora me pareça que depois perdemos qualidade nas transições com as substituições. Gostei do Salvio, bastante agressivo e com pormenores de qualidade, já o Jara continua a parecer-me demasiado ansioso por mostrar serviço, o que o leva a decidir mal demasiadas vezes. O Airton esteve bem ao lado do Javi.

Três pontos no bornal, um jogo muito bem conseguido, e a garantia de que vamos ter um Benfica muito forte novamente. Já estamos é atrasados face ao FCP, resta-nos pois - e a equipa para já está a responder bem a isso - fazer de cada jogo uma final e acreditar que é possível recuperar. Até porque estamos ainda na sexta jornada...Numa competição completamente diferente, a Champions, segundo embate na quarta-feira, perante um Schalke que se tenta reerguer depois de um início péssimo de época. Conta para isso, pelo menos, com excelentes jogadores e um ambiente infernal numa Genselkirchen de tão boas memórias para o futebol português e para o FCP em particular. Uma vitória seria excelente, até como tónico para a recepção ao Braga.

P.S. Parabéns à equipa de hóquei que hoje ganhou com todo o mérito a Supertaça perante o FC Porto, a ver se é este ano que lutamos pelo campeonato também nesta modalidade.

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