Entrada em Falso



Desilusão na Luz no arranque do campeão, versão 2010/2011. Perante 48 mil espectadores, o Benfica foi surpreendentemente derrotado em casa pela personalizada Académica de Jorge Costa, graças a um monumental golo de Laionel (ex-Boavista) aos 92 min.

Para esta partida, Jesus continuava sem poder contar com Gaitán, pelo que se manteve a aposta, em relação ao jogo da Supertaça, em Peixoto e Coentrão à esquerda – com a diferença de que o craque vilacondense actuou desta feita onde parece cada vez mais sentir-se melhor (lateral esquerdo), partindo detrás para, com metros, explanar a sua velocidade e capacidade técnica. Javi, a subir de forma – e quanta falta fazes, hombre! –, voltou ao seu lugar à frente da defesa, Luisão foi substituído por Sidnei e, à direita, Maxi regressou aos relvados depois do excelente Mundial, com Ruben Amorim a subir no terreno. Carlos Martins ficou no banco. A Académica, por seu turno, apresentava o habitual 4x3x3 que já desde a era Domingos é marca desta equipa, assente numa defesa sólida em que o capitão Orlando continua a destacar-se (e agora na baliza está o excelente Peiser), num meio-campo competitivo (Nuno Coelho e o brasileiro Diogo Gomes, sobretudo, merecem um olhar atento esta época) e em alas rápidos (este ano, para além do velocista Sougou, temos também Diogo Valente que tenta recuperar a carreira depois do fracasso de Braga). Uma equipa que, tal como se verificava sob a liderança de Villas-Boas, continua a gostar de ter a bola e a rejeitar autocarros. E isso é geralmente um bom princípio para se obter resultados positivos.


O Benfica entrou bem na partida, procurando introduzir a dinâmica e velocidades habituais. Nos primeiros 15 minutos, a Académica revelou dificuldades sobretudo com os movimentos entrelinhas de Saviola, que apareceu neste período ao nível que lhe conhecemos. Javi garantiu muita posse de bola e Coentrão e Peixoto apareceram em boa posição para facturar. No entanto, a pouco e pouco a Briosa foi subindo o bloco, Addy passou a esticar muito o jogo pela esquerda e o Benfica, paralelamente, começou a falhar passes atrás de passes (ai Aimar...). Ganharam confiança os academistas, que subitamente se instalavam no meio-campo encarnado, rematavam (grande bomba do ganês emprestado pelo Porto para óptima intervenção de Roberto) com à-vontade e, de bola parada, chegaram ao golo.

Fiquei frustradíssimo porque sei que, tendo o Benfica excelentes processos defensivos herdados da época passada (e com Javi, Luisão e Maxi em forma isso vai-se notar dentro em pouco), a principal forma dos adversários meterem a bola na nossa área é através de livres. Ou seja, temos que evitar faltas completamente desnecessárias que continuam a verificar-se. Desta vez tratou-se de um cliente recorrente, David Luiz, que empurrou um adversário ainda longe da área. É um defesa do outro mundo, mas a confiança desmesurada nas suas capacidades fá-lo muitas vezes querer ganhar lances em que basta contemporizar um pouco! Diogo Valente meteu a bola na área, Sidnei atrasou-se na defesa do seu espaço (ilibo totalmente Roberto, que creio não poderia chegar àquela bola) e Miguel Fidalgo atirou a contar.



Reagiram bem os adeptos (como sempre acontecia o ano passado quando a equipa estava em baixo)...a equipa é que não. Foram vinte minutos bastante fracos até ao intervalo, com muitos passes transviados, jogo muito centralizado, quase sem chegar com perigo à baliza de Peiser. E o pior é que alguns jogadores começaram a jogar sobre brasas. Casos mais evidentes, Peixoto e Sidnei, cujas sucessões de erros (o esquerdino perdeu...18 bolas na primeira parte) acabaram por levar o Terceiro Anel a manifestar-se ruidosamente. Não gosto nada disso, mas é o habitual: quando uma equipa está por cima todos são acarinhados, quando há problemas os patinhos feios são alvos privilegiados. Espero que levantem a cabeça, porque senão também é porque não têm estofo para jogar neste Clube.

Ao intervalo, Jesus fez o que se impunha, trocando César Peixoto por Jara para colocar em prática o 4x3x3 que, na ausência de Gaitán ou outro ala desiquilibrador, aparenta ser bem mais acutilante que o tradicional 4x1x3x2. E, logo no arranque, um disparate de Addy, com duas cargas duras sobre Saviola em poucos minutos que lhe valeram a expulsão, criou ainda mais condições para a reviravolta. Entretanto, Jorge Costa mexeu mas teve o cuidado, que se revelaria importante, de manter gente na frente para perturbar. Começou o Benfica a carregar, lateralizando mais o jogo, destacando-se nesse âmbito Coentrão no flanco esquerdo. Foi aliás de um grande lance do lateral, com túnel sobre um adversário e cruzamento perfeito para Jara, que nasceu o tento do empate. Faltava meia-hora, Jesus lançou também Martins para servir os avançados e parecia que mais minuto menos minuto o golo chegaria. Esteve perto, houve muitos cruzamentos, muitas bolas na área, vários remates, lances duvidosos na área...mas a verdade é que nem sempre se jogou com cabeça e que grandes oportunidades só um falhanço de Jara numa recarga e um tiro cruzado de Coentrão já em descontos. Além de que a Académica defendeu sempre muito bem e nunca descurou o contra-ataque. Num desses lances, Laionel inventou um golaço e deu os três pontos à Briosa, o que acaba por ser manifestamente injusto para o que se passou em campo mas um prémio merecido para o desempenho dos estudantes.

Choque na Luz com esta derrota em casa, algo não visto na Luz para a Liga há bastante tempo. Pela minha parte, confio muito no treinador e nos jogadores, creio que vão responder rapidamente e estabilizar no nível da época passada, mas são necessários mais dois médios para suprir as ausências de Di María e Ramires. Com o regresso de Luisão e a manutenção de D. Luiz e Coentrão, voltaremos a ter a melhor defesa de Portugal, Javi também já apareceu mais próximo do seu nível, mas o meio-campo atacante não está a carburar e disso se ressente a dupla de avançados, com pouco serviço de qualidade. Uma palavra para o tão falado Roberto, gostei bastante da exibição dele, achei-o seguro e continua a ser muito apoiado na Luz. A Comunicação Social diverte-se diariamente a gozar com ele e com o Jesus, culpando o guarda-redes de tudo desde a chuva ao sol, vamos ver quem terá razão no fim. No próximo sábado urge ganhar na Choupana, campo difícil, para voltar à luta. Para isso o campeão nacional terá, como se vê todos os dias no Seixal, o apoio de sempre dos adeptos.

1 Passes de rotura:

João 22 de agosto de 2010 às 14:38  

A Académica não se remeteu apenas À defesa e foi recompensada! Grande 2º golo, culpa do Sidnei que não atacou a bola. No 1º o benfica continua a demonstrar grande fragilidade nas bolas paradas! Ficou pelo menos um penalty por marcar a favor dos encarnados,podiam muito bem ter ganho no fim mas pagaram caro a falta de eficácia.