Fim ou Princípio?

Última jornada da Liga Sagres. Dois jogos (ambos entre minhotos e madeirenses) decisivos para encontrar o vencedor na corrida ao 5º lugar, correspondente ao apuramento para a Liga Europa. Intrometido nesta guerra alheia, um Sp. Braga que alimentava a expectativa de ser campeão, obrigado a vencer na Choupana e a esperar por uma derrota caseira do SL Benfica.

Ao V. Guimarães bastava-lhe um empate caseiro para garantir o tão desejado 5º lugar. O Marítimo necessitava de uma vitória e que o Nacional não vencesse o Sp. Braga. No seu último jogo ao serviço do histórico da "Cidade-berço", Paulo Sérgio apostou na equipa do costume, com as novidades Leandro Silva (cujo passe pertence ao SL Benfica) e Bruno Teles na defesa. Mitchell (Van der Gaag) também não inventou. As coisas até começaram melhor para os vimaranenses com o central goleador Valdomiro (4 golos só na segunda volta) a inaugurar o marcador logo aos 15' na sequência de um livre. Tudo parecia bem encaminhado para o clube que tem a pretensão de ser o 4º grande português. Porém, ainda antes do intervalo Kléber empata a partida, colocando dúvidas no desfecho deste embate. O mesmo Kléber viria a marcar o golo da reviravolta aos 78'. Excelente segunda volta deste ponta-de-lança muito interessante que promete ser um destaque na próxima época, caso continue no plantel maritimista. Acaba a época com 8 golos. Além do avançado brasileiro, destacaram-se também Djalma (será que é neste Verão que dá o salto?) e o ex-Benfica Paulo Jorge que, agora a jogar como defesa direito, parece ter dado um salto qualitativo, sendo já falado como possível reforço do Sp. Braga. Curiosamente, o lateral direito do Marítimo acabou o jogo à baliza, devido a expulsão de Peçanha já nos descontos. Já Paulo Sérgio sai para um grande pela porta pequena.

Na Madeira, o resultado acabou por ser aquele que menos interessava a ambas as equipas, o empate. Com muitos adeptos bracarenses a viajarem até à Madeira, o Sp. Braga mais uma vez entrou bem no jogo, conseguindo criar várias oportunidades de golo, que os seus atacantes não conseguiram concretizar (talvez por causa da ansiedade), por vezes de forma escandalosa. No capítulo das finalizações falhadas, Meyong, que até foi o melhor marcador bracarense esta época com 12 golos, esteve em particular destaque. O início da segunda parte trouxe uma história diferente, com os da casa a criarem uma avalanche de oportunidades (às quais Eduardo foi respondendo bem), que culminou no golo do goleador de serviço, Edgar Silva, respondendo da melhor forma a um bom cruzamento do capitão, Bruno Patacas. Como foi seu apanágio durante toda a época, Domingos (não teve) Paciência respondeu rápido e bem, com as entradas de Hugo Viana e Rentería. O colombiano, practicamente da primeira vez que tocou na bola, marcou o golo do empate, lançado muito bem por "el Mudo" Rodriguez. Rentería ainda viria a introduzir mais uma vez a bola na baliza contrária, sendo o golo anulado por fora-de-jogo. Até ao final do jogo, os arsenalistas tentaram tudo o que tinham para vencerem o jogo, mas o Nacional manteve-se sempre muito perigoso no contra-ataque.

No final do jogo, ambas as equipas só se podiam queixar de si próprias, pois ainda que os resultados tivessem sido diferentes na Luz e no Afonso Henriques, nem Nacional da Madeira nem Sp. Braga fizeram aquilo que lhes competia para atingirem os seus objectivos. De realçar também o desportivismo evidenciado no discurso dos jogadores e Direcção bracarenses ao elogiarem a época do SL Benfica, o que infelizmente não foi acompanhado pelo seu treinador.

Com esta combinação de resultados, o Marítimo está de volta às competições europeias. Na minha opinião, pelo futebol jogado, o V. Guimarães seria o justo 5º classificado. Grande época fizeram jogadores como Nuno Assis, Desmarets, Andrezinho e Lazaretti. Talvez os encontremos (alguns deles) na próxima temporada em Alvalade ou até no Dragão (no caso do central brasileiro). No entanto, este lugar acaba por ser um prémio também merecido para Mitchell, que agarrou num Marítimo que com Carvalhal só sabia defender e colocou-o a jogar um futebol agradável e, mais importante, vencedor. Logo no dia a seguir ao jogo voltou atrás com a decisão de abandonar o clube e renovou por mais uma época. Está de parabéns.

De parabéns está também, obviamente (e principalmente), o Sp. Braga, por uma época brilhante em que acaba por não conseguir o título de campeão, mas que é premiada por um lugar entre os maiores da Europa. Resta agora observar de que forma vai ser aproveitado este momento pela Direcção bracarense. Será que vamos ter um Sp. Braga capaz de lutar pelo título ano após ano? Convém lembrar que o desastre do Boavista começou no seu maior sucesso...