Cada vez mais perto

Derby à chuva numa Luz que registou a 2ª melhor casa da época (a seguir à recepção ao Braga), com o Benfica a voltar aos bons resultados, a segurar a vantagem de 6 pontos sobre os minhotos e a vencer desde já, pela primeira vez desde há anos, o mini-campeonato entre os grandes, que institucionalmente se designa por COPA BES (se é que isso ainda existe).

Do lado encarnado, a maior surpresa foi a inclusão de Éder Luís em detrimento de Weldon na frente de ataque, com Luisão a passar no último teste e a alinhar de início, enquanto no Sporting Carvalhal optou por uma abordagem mais conservadora, preferindo o 4-2-3-1 com João Pereira a ala em vez do 4-4-2 em que Saleiro concerteza figuraria ao lado de Liedson. Uma estratégia que se viria a revelar boa para anular ofensivamente a equipa da casa na primeira parte, mas que inversamente também se revelou curta para o Sporting poder aspirar a mais.

O Benfica entrou bem, com 10 minutos mais pressionantes, mas rapidamente o Sporting acertou as marcações, comandado por um excelente Pedro Mendes a liderar um meio-campo povoado. Com o passar dos minutos, o Benfica jogava mal, com apatia, desinspiração e erros individuais (nomeadamente dos jogadores do meio-campo) pouco vistos ao longo da temporada; valeu que a equipa percebeu que o Sporting estava melhor e mais tranquilo, baixou o bloco e colocou em prática a sua boa organização defensiva. Apenas nos dez minutos finais se viu algum Benfica, com duas ou três jogadas perigosas e maior controlo do jogo.

O intervalo foi, como sempre, um bom tónico, Aimar entrou para o lugar do apagadíssimo Éder Luiz e a segunda parte trouxe-nos o Benfica dominador desta época, que empurrou o Sporting para trás e marcou as diferenças entre as equipas. Aimar foi de facto decisivo, conseguiu desta feita enquadrar-se naquela posição de 2º avançado em que não costuma ser tão eficaz como a nº10, Ramires e Di María elevaram também o nível de jogo e com isso os laterais começaram a aparecer como habitualmente a apoiar. Paralelamente à subida de rendimento benfiquista, o Sporting (estranhamente?) demonstrou grande perda de fulgor físico na 2ª parte e nunca conseguiu impor a mesma pressão que praticara nos primeiros 45 minutos. E se Carvalhal tinha montado bem a equipa, demorou uma eternidade a reagir quando o Benfica tomou conta do jogo...

Cardozo, depois de vários minutos em sofrimento, assumiu a responsabilidade de se manter em campo e decidiu num excelente desvio à matador numa jogada em que há grande mérito de Ruben Amorim e depois também, do outro lado, de Fábio Coentrão. O golo tranquilizou ainda mais a equipa, que aproveitou depois a classe de Aimar para aumentar a vantagem, bem preservada até ao final.

Em suma, um triunfo justo, em que o mau primeiro tempo benfiquista e uma boa estratégia permitiram ao Sporting algum ascendente (pouco incisivo) na 1ª parte, sendo que depois na 2ª parte o SLB trouxe a habitual competência do balneário para se impor com naturalidade e, nos últimos 20 minutos, com algum brilho.

Melhor em campo para mim David Luiz, esteve excelente (inspirado pela bonita tarja dos pais), mas o destaque do jogo vai naturalmente para Pablo Aimar. El Mago apareceu ao seu melhor nível e com isso o Benfica está sempre perto da vitória. Destaque também para os jogos em esforço de Luisão e Cardozo (este com o bónus do golo), exemplos de vontade e abnegação. Do lado leonino, o melhor foi de longe, a meu ver, Pedro Mendes, bem secundado por Daniel Carriço.

Nada está decidido, mas foi sem dúvida um passo de gigante, e mais uma confirmação de que, como qualquer campeão, este Benfica reage sempre bem aos (poucos) resultados menos bons.