Liga dos Campeões - 2ª Mão Quartos-de-Final

A Europa do futebol parou mais uma vez para ver as suas maiores estrelas jogarem. Inter, Barcelona, Bayern Munique e Olympique Lyon traziam a vantagem da primeira-mão, mas nada estava ainda decidido.
O Inter de Mourinho havia vencido em casa a primeira-mão da eliminatória por 1-0, fruto de um golo de Diego Milito. O CSKA Moscovo, pela primeira vez nos quartos-de-final desta competição, procurava dar a volta ao resultado de modo a continuar a fazer história. Durante a semana muita se falou do relvado sintético e do Inverno Russo, só faltava mesmo chegar o tão esperado futebol. Do lado do Inter, Mourinho não popou ninguém, fazendo entrar o seu "onze" habitual, com o capitão Zanetti, que fez uma exibição de grande classe, de regresso à titularidade do lado esquerdo da defesa e Sneijder, recuperado de lesão, a ocupar o seu lugar no vértice mais adiantado do meio-campo nerazzurri. E em boa hora o fez, pois foi ele que aos 7' sentenciou o jogo com um golo de livre em que a bola passa por baixo da barreira, deixando o guarda-redes Akinfeev sem reacção. Vitória justíssima de um Inter que dominou quase sempre as operações, muito tranquilo e a controlar o seu adversário mantendo a posse de bola, bem à moda de Mourinho. Não deve porém deixar de ser destacada a excelente equipa do CSKA, que lutou sempre por um resultado melhor, mas acabou por não ter hipóteses ao sofrer um golo muito cedo e ao ver Chidi Odiah ser expulso aos 49'. No plantel russo, há três jogadores com grande potencial e que vão certamente ser falados durante muito tempo: O trequartista Dzagoev, herdeiro natural de Arshavin, um jogador tecnicamente muito dotado e que apresenta potencial para se afirmar no futebol mundial; o checo Necid, um ponta-de-lança com excepcional faro de golo e Keisuke Honda, que por sua vez poderá substituir Nakata no futebol japonês, dotado de uma imaginação enorme e grande qualidade de remate (no campeonato russo já leva 2 golos em 3 jogos).
Em Camp Nou, Barcelona e Arsenal, consideradas por muitos como as equipas que melhor futebol praticam na Europa, encontravam-se depois de um empate a 2 no Emirates Stadium. O Arsenal via-se então na obrigação de marcar, mas tinha contra si uma onda de lesões que deixou de fora deste jogo elementos fundamentais da estratégia de Wenger como Gallas, Fabregas e Arshavin. Do outro lado, de notar também as ausências de Ibrahimovic, Henry e do capitão Puyol. Adiantou-se no marcador o Arsenal por Bentdner (3º melhor marcador da Champions) aos 18', num contra-ataque rápido iniciado numa excelente recuperação de bola por parte de Diaby. Mas esta era a noite de Messi. O melhor jogador do mundo fez uma exibição histórica, ao assinar um poker, incluindo dois golos (o 1º e o 3º) completamente opostos no modo de execução, mas igualmente espectaculares. É incrível com grande parte das jogadas de perigo do Barça começam e acabam nos seus pés, a bola parece ter uma atracção especial por ele. Não é exagerado dizer que podia ter feito mais golos neste jogo. Cristiano Ronaldo que me perdoe, mas Messi é neste momento o melhor jogador de futebol do Mundo. Ao Arsenal não restou alternativa se não conformar-se com a derrota por 4-1, pouco ou nada havia a fazer contra o furacão Lionel.
No "Palco de todos os sonhos", disputou-se aquele que era talvez o jogo mais aguardado da eliminatória, entre o Manchester United e o seu rival europeu Bayern Munique. A rivalidade entre dois dos maiores colossos europeus não é nova e viveu o seu apogeu na final da Liga dos Campeões 98/99, em Barcelona, com a lendária e dramática vitória do United alcançada para lá dos 90' com golos de Sheringham e Solskjaer. Um dos mais marcantes momentos da "vida" desta competição. Era com sentimento de vingança que os alemães procuravam defender a vantagem de 2-1 alcançada a ferros na primeira-mão. Na equipa da casa, Sir Alex Ferguson deu o dito por não dito e lançou mesmo Rooney no "onze" titular, depois de durante a semana ter dito que não estava preparado para apostar num jogador lesionado. Tudo começou bem para os Red Devils, com o irlandês Gibson a marcar logo aos 3' colocando a sua equipa em vantagem na eliminatória. Nani também quis desde logo deixar a sua marca no jogo, com um sublime golo de calcanhar aos 7' e com outro golo aos 41'. Ainda antes do intervalo, Olic, um dos jogadores mais importantes do Bayern esta época, reduziu para 3-1, relançando a esperança entre as hostes germânicas. Ainda assim, ao intervalo o jogo parecia estar controlado pelos ingleses, pois Nani e companhia dominavam a seu bel prazer. Puro engano. Aos 50' o jovem lateral "português" Rafael da Silva é expulso e a corrente do jogo inverte o sentido. O Bayern começa a dominar por completo e o Man Utd só esporadicamente chega perto da baliza de Butt, que nunca se mostrou totalmente seguro, pertencendo mais uma vez a Nani as duas melhores oportunidades para aumentar. Aos 74', O Bayern chega ao golo sem surpresa pelo inevitável Arjen Robben num espectacular remate de primeira na sequência de um canto. O "jogador de cristal" volta a ser decisivo depois de ter marcado também o golo da vitória frente à Fiorentina. Não fossem as constantes lesões e estaria no top-5 mundial. Resultado final de 3-2, favorável aos alemães devido aos golos marcados fora de casa. No fim do jogo, Sir Alex teve um comportamento que de Sir tem pouco, dizendo que a forma como Rafael foi expulso é "típica dos alemães".
Finalmente, Bordeaux e Lyon (separados apenas por um ponto na Ligue 1) disputavam a vaga francesa nas meias-finais da competição. A equipa da casa via-se obrigada a ganhar, fruto do vitória do Lyon na primeira-mão por 3-1 (2 golos de Lisandro). A equipa de Gourcuff e companhia tentou fazer uso do factor casa para dar a volta à eliminatória e dominou grande parte do jogo, com algumas boas oportunidades, invarialvelmente paradas por Lloris ou pelo poste. Apesar do domínio, o golo solitário de Chamakh foi insuficiente e o Olympique Lyon mantém o estatuto de melhor equipa francesa nas competições europeias.


Nas meias-finais teremos então os jogos Lyon-Bayern e Barcelona-Inter. No primeiro, defrontam-se duas equipas que já se encontraram várias vezes nos últimos anos, sendo que o favoritismo é repartido. A eliminatória entre Barça e Inter é vista por muitos como uma final antecipada, onde vão defrontar aqueles que são provavelmente os dois melhores treinadores da actualidade. Em campo estarão alguns dos melhores jogadores do Mundo. São também duas equipas que têm visto os seus destinos cruzarem-se desde a mega transferência que envolveu Ibrahimovic e Eto'o (e Maxwell num negócio em separado), pois já se defrontaram na fase de grupos desta competição. Em perspectiva está também uma possível final entre mestre e aprendiz, leia-se Van Gaal e Mourinho, não necessariamente por esta ordem.

7 Passes de rotura:

Pedro Veloso 9 de abril de 2010 às 12:15  

O Ferguson foi ridículo, aceito que estivesse frustrado porque creio que o Man Utd foi superior no conjunto das duas mãos, mas queixar-se da expulsão é ridículo, como se o Rafael tivesse sido mal expulso. E nem foi um alemão que o conseguiu expulsar, foi o Ribery.

Van Gaal pode ser louco mas continua a ter resultados por onde passa, excelente. Espero ver o Bayern na final.

Do outro lado, vamos lá ver o que o Mourinho consegue fazer. É azar, depois de passar com classe o Chelsea e o CSKA, o Barça não estar do outro lado do quadro, mas nada é impossível. E sobretudo o Inter pode jogar tranquilo, o que pode correr a seu favor, porque o favoritismo está todo do lado da melhor equipa do mundo, ainda para mais com o Messi a jogar desta forma...

Tomás Pipa 9 de abril de 2010 às 13:39  

Foi uma grande semana de Champions, fiquei muito satisfeito com a qualidade dos jogos do Barça e Bayern.

O Messi para mim é o melhor jogador de todos os tempos!Para ser oficial tem que ganhar um Mundial e não acredito que o faça este ano por causa de ....Maradona!
Haveria de ser o Hiddink,Mourinho,Lippi ou Capello o seleccionador argentino e o Messi tornar-se-ía inultrapassável!

Deve ser muito frustrante para o Arsenal. Faz tudo certinho, com certeza que tinha uma estratégia para parar La Pulga só que depois....Poker!

Quanto ao Inter, tb vi o jogo e gostei. O Inter está muito forte este ano na Champions. No campeonato tem vacilado, mas não acredito que o Scudetto fuja.

Vai ser um duelo muito equilibrado,nem sei em quem apostar. Se por um lado está o melhor jogador do mundo (que faz mesmo a diferença),do outro está o melhor treinador do mundo. E eu não gosto de apostar contra Mou..

O Bayern fez grande joga a partir da expulsão de Rafael. Tem dois jogadores galáticos, para mim no top20 mundial: Robben e Ribery. Fazem o que querem de qualquer defesa. O problema é que um, como diz o João e muito bem, é de Cristal, o outro já está farto de estar em Munique e só joga o máximo na Champions.

Olic é meio tosco, mas a verdade é que já leva 13 golos. Está a viver uma 2ª vida aos 30 anos depois de ter renascido no HSV e ter passado metade da carreira sobrevalorizado no CSKA.

João 9 de abril de 2010 às 19:21  

o Robben, mesmo com a época de lesões,se for à final vai sorrir ao Barnabéu! O mou para passar vai precisa de uma grande vaca, não obstante ser um génio. Depende de muito mas é sempre possível! Se a final for Bayern x Barça num dia normal entram 4 no Butt, aquela defesa é relativamente fraca.

João 9 de abril de 2010 às 19:22  

E bem mencionado Barreto, mais uma vez o Ferguson revelou o mau perder característico.

João S. Barreto 9 de abril de 2010 às 21:48  

Tomás acho que ainda não se pode dizer que Messi é o melhor jogador de sempre, não só por não ter ganho um Mundial. Não nos podemos esquecer que Maradona ganhou a Liga Italiana com uma equipa de uma qualidade muito inferior ao Barça de Messi. Para mim Maradona é ainda e provavelmente continuará a ser o melhor de sempre. E não me falem do Pelé...

João 9 de abril de 2010 às 22:07  

O titulo de melhor jogador de sempre será sempre bastante difícil de atribuir ou impossível para mim, não só pela subjectividade da comparação mas principalmente pela falta de imagens e as realidades diferentes od futebol conforme as épocas. Comparar Ronaldo a Messi, Messi a Cruijff, até a Maradona é relativamente possível pois temos bastantes imagens e transmissões televisivas e até as viagens,as bolas, chuteiras e os relvados não variavam muito. Agora se quisermos comparar com Pelé ou Eusébio ou Puskas, por exemplo (mas principalmente o 1º), o que temos?Muito menos imagens, as que há são bastantes piores e as transmissoes televisavas idem, as chuteiras eram uns matacões, as bolas piores, os campos também, as viagens e consequente desgaste eram muito mais longas, até o futebol era muitíssimo mais violento, então para as grandes estrelas tecnicistas era uma selva..podemos comparar um fenomenal Messi a fintar 5 defesas e a marcar golo, com chuteiras e equipamento de vanguarda, relvado bom e contenção na violencia dos defesas, com um fenomenal pelé a fintar à "brinca na areia" 3 defesas que entram a matar (para o que hoje seria expulsão e sumarissimo), com uma bola pesada e uns matacões nos pés, mutias vez sem analgesicos para lesoes?Acho que é impossível!porque se dantes o futebol em muitos aspectos era menos tactico e os avançados benefeciavam com isso, as dificuldades inerentes à fisioterapia e medicina, confdiçoes de pratica de futebol, viajens e a violencia no jogo prejudicavam-nos em muito. É muito mais fácil hoje um Ronaldo ou Messi fintar um defesa do que dantes, porque dantes a violencia era quase gratuita, qualquer defesa tinha potencial para arrumar a carreira de um jogador tecnicista.

João S. Barreto 10 de abril de 2010 às 02:02  

João tens razão nessa perspectiva. Contudo na altura de Maradonas e Cruyfs ainda assim não havia tanta protecção aos atacantes como há hoje em dia. E como dizes, em termos tácticos o futebol beneficiava o ataque, havia mais espaço para jogar (o 4-4-2 é uma "invenção" dos finais da década de 70). Mesmo com tudo isto, das imagens disponíveis da altura que não são muitas, vi Eusébio fazer coisas mais impressionantes do que Pelé!