Imparável


Um Benfica fortíssimo puxou ontem dos galões de líder para conquistar mais três pontos na corrída ao título, respondendo à vitória do Braga e colocando mais pressão para a deslocação do FCP a Alvalade.

Foi mais um jogo muito bom do Benfica, dando sequência à excelente exibição frente ao Hertha. A equipa apresentou-se com várias novidades: Airton foi escolhido em detrimento de R. Amorim para substituir Javi Garcia, e mais à frente nem Aimar nem Carlos Martins, mas antes uma ligeira alteração táctica, sem número dez declarado. Saviola e Éder Luiz jogaram quase lado a lado no apoio a Cardozo. Para compensar e garantir os equilíbrios defensivos, Ramires jogou numa posição mais interior do que o habitual.

Desde cedo o jogo assumiu um só sentido, o da baliza de Diego. Logo aos 4 min, David Luiz cabeceia ao poste, na primeira grande ocasião. O ritmo não era muito elevado, mas Airton jogou bastante bem, a um, dois toques, não falhou nenhum passe (é verdade que não arriscou quase nada nesse capítulo, mas fez o que tinha a fazer) e por isso garantiu boa circulação de bola. No ataque encarnado as alterações posicionais também confundiam um pouco a defesa dos anfitriões, que se limitaram a pôr o autocarro e a despejar bolas para o Pouga. Tal como haviam feito contra o FCP, aliás. Tiveram algum azar, também, na lesão de Gallo logo no início da partida.

Depois do auxiliar de Lucílio Baptista se lembrar de anular um golo inacreditável a Di María, temi que isso pudesse afectar a equipa, mas mais uma vez se mostrou a força mental dos jogadores. Como se nada fosse, elevaram o ritmo, viram-se a ganhar num golo com alguma sorte de Éder Luiz (que pouco mais se viu) e até ao intervalo podiam e deviam ter aumentado a vantagem. Ao intervalo, tal como na terça-feira passada, o resultado era escasso para o que se passara, mas novamente o Benfica entrou muito bem na segunda parte, com vários lances flagrantes desperdiçados. Jesus mexeu bem com a entrada de Carlos Martins para aproveitar os espaços que começavam a surgir - até porque o Leixões parecia dar o berro fisicamente - através da sua capacidade de passe e assim resolver o jogo. E assim aconteceu, com o ex-Sporting a participar activamente no 2º e 3º golos.

O resto foi...Di Magía. O génio argentino fez o melhor jogo pelo Benfica em termos de finalização, com um hat-trick fantástico que deve ter feito Maradona saltar da cadeira dourada que tem no La Bombonera em Buenos Aires. Como salientou JJ, está novamente em grande forma, é verdadeiramente desconcertante. Como já aqui escrevi, se às vezes ainda falha na decisão, é não tanto por ainda estar imaturo - acho que cresceu imenso desse ponto de vista - mas porque o seu tipo de futebol se presta a isso. Correr e driblar a alta velocidade nem sempre permite concluir bem, mas quando o faz é demolidor. E por isso eleva o Benfica a uma dimensão superior. Aliás é impressionante a quantidade de bons centros que ele arranca depois dos slaloms, ontem só saiu um disparatado já no fim do jogo.

Para além do anjo argentino e do Airton, que já referi, destacaria o Cardozo, ontem mal na finalização mas com assistências brilhantes, na linha do que anda a fazer ultimamente, e a melhor defesa do campeonato, que ontem esteve impecável.

Como diz a música, a jogar assim à bola tu serás o campeão.

P.S. Parabéns ao Keirrison pelo primeiro golo - a valer um ponto à Fiorentina - em Itália. As coisas não lhe correram bem cá mas sempre foi um excelente profissional e espero que agora confirme o seu potencial.

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