SLB 4-0 Académica

Bom regresso às vitórias (e às goleadas) do Benfica, em noite diluviana na Luz.

Jorge Jesus apresentou o onze que se esperava, com os destaques do regresso de Luisão e da sua voz de comando - que como sempre veio dar mais solidez à defesa encarnada, sobretudo porque a dupla com David Luiz funciona muito bem -, da recuperação de Aimar (em dúvida) e da titularidade de Rúben Amorim no papel habitualmente a cargo de Javí Garcia.

O jogo começou logo com o golo do Benfica, numa excelente tabela de Saviola e Cardozo, com o paraguaio a facturar com frieza na cara do ex-benfiquista Nereu. Com um golo cedo tudo ficou mais fácil, porque a Académica teve que dividir mais o jogo e, com isso, abriu espaços. Aliás, a Briosa fez jus à alcunha e teve uma excelente atitude, colocando em prática boa circulação de bola e as fintas de João Ribeiro. Devido a tal facto o jogo esteve efectivamente repartido por um bom bocado; o meio campo do Benfica falhou nesse período mais do que o normal, ressentindo-se do apagamento do Aimar e da menor rotina este ano do Rúben em jogar naquela posição de recuperador de bolas. Valeu que a defesa chegava facilmente para todas as encomendas.

Com a obra prima de Saviola (que deu hoje mais um recital de pormenores deliciosos), nascida de uma excelente jogada pela direita, o jogo praticamente terminou. A Académica caiu de produção na fase final da primeira parte e o Benfica continuou a controlar sem forçar o andamento (até porque o relvado se tornava cada vez mais impraticável). Na segunda parte o domínio encarnado acentuou-se, com mais oportunidades e dois golos. A Académica tentava atacar e expunha-se demasiado aos contra-golpes. Com outro relvado, a mossa poderia ainda ter sido maior. A partir do 4-0, o Benfica abdicou um pouco do jogo, que se arrastou até ao final com um par de lances de perigo da Académica.

Acabou por ser um jogo tranquilo e bem conseguido por parte do Benfica, sem deslumbrar na maior parte do tempo mas com momentos de muito bom futebol. Com a satisfação, da minha parte, por uma vitória indiscutível (quiçá por números excessivos) e a alegria de ver a equipa golear sem precisar de forçar a nota. Até porque nos deparámos com uma boa equipa, onde de facto se vê trabalho do Villas Boas (se é especial ainda é cedo para dizer, que tem boas ideias tem). Mais uma exibição sólida, depois de Alvalade e Minsk, o regresso ao topo a par do Braga (que no entanto mantém a liderança) e a evidência de que crises só noutras paragens.

Destaques individuais para, claro, mais uma demonstração de classe de Cardozo (14 golos em 12 jornadas, aliás 11 no seu caso) e Saviola, cada qual na sua função. Uma dupla de ataque demolidora, que se entende às mil maravilhas e vale 19 dos 35 golos da equipa na liga (realço que o Benfica é também a segunda melhor defesa, com 7 golos sofridos, um golo mais que o Braga). O Dí María melhorou em relação aos últimos jogos, não esteve mal mas ainda aquém do fulgurante arranque de época. E, sem particularizar, gostei bastante de toda a defesa hoje. Ou não tivéssemos voltado a ver aquele que é, neste momento, o melhor quarteto defensivo do Benfica.