Raul Meireles, Selecção e Porto.



Como explicar rendimentos tão distintos do mesmo jogador no espaço de semanas?

No Porto, Meireles é um inegável exemplo de raça, carácter e crer, que o leva a usar a braçadeira de capitão quando Bruno Alves não está em campo. Nos últimos tempos tem sido um dos jogadores, que transitou do ano passado, mais criticados.

Inserido no habitual 4x3x3 de Jesualdo Ferreira, Meireles perdeu este ano o seu companheiro Tetracampeão, Lucho Gonzalez. Não sou daqueles que defende que Raul “desaprendeu” de jogar sem El Comandante a seu lado. Defendo que tanto ele, como a equipa técnica do FC Porto, ainda não encontraram a melhor forma de dinamizar um meio campo demasiado frágil e sedento de um companheiro definitivo para Fernando e Raul Meireles.


A nível táctico, parece estar sempre algo preso ao realismo do seu treinador. A jogar demasiado perto de Fernando, sem liberdade posicional preocupando se em excesso na recuperação da bola e quando a procura entregar aos companheiros da frente, já percorreu demasiado espaço com ela nos pés, desgastando-se em excesso. Fala-se em “questões físicas”, mas não vejo esse problema na selecção. O que vejo na selecção é um jogador de enorme entrega, que recupera, corre, procura espaços, muda de flanco com o seu bom passe longo, executa passes de ruptura, e um jogador que só no jogo de ontem deve ter aparecido mais vezes na área que em todos os jogos oficiais do Porto.

Mas afinal, o que leva Raul Meireles a ser “dois jogadores diferentes” num sistema táctico aparentemente idêntico?

Na minha opinião o problema está naquilo que o treinador (Jesualdo ou Queiroz) procura do jogador e quem está atrás de si (Fernando ou Pepe).Jesualdo não vê Fernando com capacidade de sair a jogar, progredir no terreno com bola (trabalho que os grandes 6 fazem: Redondo, Pirlo, Essien…) apenas lhe confia a tarefa de recuperação de posse de bola (que executa com distinção). Logo, origina um desgaste desnecessário em Meireles, que é obrigado a defender/recuperar a bola, transporta-la até ao ataque e entrega-la aos jogadores mais adiantados, e quando tenta chegar á frente, já não tem frescura física para procurar espaços ou aparecer na área.Queiroz por outro lado, confere o trabalho de recuperação de bola naquele espaço do campo, quase na totalidade a Pepe, juntando lhe Meireles quando Portugal não tem bola. Quando a recupera, vemos o luso-brasileiro com a cabeça levantada a sair a jogar, libertando o interior, Meireles, da necessidade de “inventar” espaço e percorrer metros em posse, concedendo lhe muita liberdade posicional, o que levou o jogador ontem a aparecer na zona de finalização e a defender quando era preciso.


Ontem assisti a uma exibição muito agradável de Raul Meireles, algo que não se tinha assistido esta época de Dragão ao peito. Motivação poderá ser parte do problema? Talvez, mas sendo vice-capitão esse problema não deveria existir. Podemos achar estranho, um jogador ter exibições tão distintas em sistemas quase idênticos, mas o que espero ver em breve, e já no próximo Porto x Chelsea, é se as movimentações de Meireles terão mais liberdade e o levam a pisar terrenos mais adiantados dando dessa forma, azo à sua maior criatividade. Algo que ele ontem provou que gosta e é muito útil a cumprir...

A conferir dia 25 de Novembro no Estádio do Dragão.

6 Passes de rotura:

Tomás Pipa 19 de novembro de 2009 às 16:09  

Olha que eu acho que é por ele estar a fazer mais o lugar do Lucho quando joga o Guarín, e quando jgoa o Belluschi ele fica muito mais atrás

Pedro Veloso 19 de novembro de 2009 às 17:11  

Bom post Vasco, sobre um tópico interessante como são as oscilações de rendimento de um jogador.

É difícil arranjar uma teoria, até porque, Tomás, eu acho que ele tem jogado mal sempre, independentemente de ser mais a frente ou atrás. Nomeadamente em termos de passe, onde ele costumava ser muito bom! E isso não tem a ver com questões tácticas.

Manú 19 de novembro de 2009 às 18:05  

eu acho que meireles este ano tem estado mal em todas as posiçoes , tanto no porto como na seleçao. quanto a mim esta fora de forma.

tacticamente mostra ser experiente e cumpridor, mas nao tem jogado o que se espera dele. e ontem na primeira parte preparava se para mais uma exibiçao daquelas q se fazia questionar queiroz por ele ser totalista, mas na segunda parte la se encontrou e foi um dos melhores, finalmente!

gosto da sua raça e capacidade de luta, mesmo quando nao esta inspirado a atacar, por isso nunca contestei que ele tivesse sido constante opçao de queiroz. embora tenha questionado a sua permanencia em campo nos segundos 45' em alguns jogos.

espero que nao o continue no porto, claro

Pedro Veloso 19 de novembro de 2009 às 19:48  

Eu a ideia que tenho, e corrigir-me-ás se estiver enganado Vasco, é que mais do que estar insatisfeitos com o Meireles (até porque deve ser um jogador querido por eles), os adeptos do FCP estão é descontentes com o Jesualdo que, tal como acontecia com o Lucho quando estava em baixo, é quase sempre incapaz de tirar o Meireles quando ele está mal!

v.a.s.c.o. 19 de novembro de 2009 às 20:51  

Talvez. Mas o problema é quem colocar no seu lugar... E nós adeptos, percebemos agora, a razão pela qual Jesualdo não tirava Lucho de campo.

Pedro Veloso 20 de novembro de 2009 às 01:08  

Têm o tractor colombiano, Freddy Guarin! Parece-me pensar pouco, é acelerado demais a jogar, mas não tem estado mal na minha opinião. Já o Tomás Costa acho bastante fraquinho