Passeio em Belém

Sempre a somar. Num fim de tarde de sol à beira-Tejo, uma maré vermelha pintou as bancadas do Restelo, "o estádio que nunca enche". Tal facto, além de bonito, não é de todo despiciendo, pois para o Benfica significa praticamente jogar em casa todas as jornadas - uma força-extra. Tive pena de não poder estar presente.

A equipa soube corresponder mais uma vez e nem precisou de forçar muito a nota para vencer facilmente o clube da Cruz de Cristo. Para isso muito contribuiu ter-se voltado a marcar cedo, o que é meio caminho andado para a vitória: obriga o adversário a mudar o plano de jogo - que inicialmente passa sempre por jogar na retranca para o pontinho - e cria espaços para Aimar e Cª jogarem como tanto gostam. De sublinhar, nesse sentido, a capacidade de aceleração que Ramires impõe ao jogo, permitindo transições rapidíssimas, aliado ao facto - e não quero com isso parecer ingrato ou ter falta de memória, longe disso - de Javi Garcia, depois de recuperar a bola, a entregar muito mais rapidamente do que o Katso fazia (já para não falar de Yebda). Além de serem também mais-valias em termos de finalização. Duas enormes contratações, de dois jogadores jovens mas com qualidade e maturidade imensas; bem valem o que custaram.

Mas permitam-me que regresse ao golo madrugador, nascido exclusivamente da classe, persistência e confiança do pequeno Saviola. Acho que meio estádio quando o viu arrancar só com azuis pela frente pensou "o que é que este gajo vai fazer?", mas a verdade é que conseguiu! Aliás, já não é a primeira vez (ocorreu amiúde nos jogos de pré-época) que o argentino conduz contra-ataques sozinho com enorme sucesso. Cá em Portugal, onde se preferem os avançados especialistas em jogar de costas para a baliza, calculo que não seja muito apreciado.

Relativamente ao jogo em si, o golo a abrir acabou por "matar" um pouco a primeira parte. O Benfica abrandou o ritmo, embora pudesse ter aumentado a vantagem se tivesse conduzido melhor alguma das inúmeras hipóteses de contra-ataque que teve nos primeiros 45 minutos. O último passe - onde Aimar ontem não esteve tão feliz como ultimamente - não saía muito bem, ressentindo-se do facto de Cardozo estar pouco menos que parado (vários foras-de-jogo) na maior parte do jogo, criando poucas soluções. Confesso que me irritei um pouco com alguma displicência no primeiro tempo, porque embora com uma defesa forte e manietando facilmente o Belém, a verdade é que descansar com 1-0 é perigoso - sem fazer nada por isso os azuis iam empatando num lance fortuito em que Yontcha aparece na cara de Quim, que salvou com uma boa defesa. A propósito, desde há muito tempo que não sentia o ex-bracarense tão confiante e concentrado. Gostei muito e espero que seja para continuar. Porque senão há Júlio César de quem - ao contrário da maioria dos benfiquistas - espero muito.

Ao intervalo o Jesus deve ter dado um tratamento estilo Secador do Ferguson aos jogadores e eles trataram de arrumar o jogo no início do segundo tempo. Bom golo, com excelente passe do Rúben Amorim - ai mister, o que fazer com ele? Podemos jogar com 12? - a desmarcar Saviola e este a oferecer o golo a Cardozo ao segundo poste. A fazer lembrar os golos do Torneio de Guimarães, excelentes movimentos colectivos que são sempre bonitos de se ver.

Com 2-0, o Belém entregue e avenidas incríveis abertas na defesa azul, que - louve-se a intenção - tentou arriscar mas com isso ainda piorou o cenário, a questão passou a ser somente quantos o SLB marcaria. Chegou aos quatro, sendo que o último creio que se deva considerar fora-de-jogo. Mas isso é questão para a análise habitual da arbitagem noutro post. Só tive pena de ainda não ter sido desta que Keirrison se estreou a facturar em jogos oficiais. Como qualquer ponta-de-lança, está claramente a precisar um golo para moralizar - porque da poda (facturar) sabe ele.

Destaque final para o regresso do Maxi, uma recuperação em tempo recorde que ainda vem equilibrar mais o onze. Se com R. Amorim já se carrila tanto caudal ofensivo pelo flanco direito, ajudado por Ramires e Saviola, com um lateral rotinado como Maxi ainda mais forte pode ser aquele flanco.

3 Passes de rotura:

Tomás Pipa 15 de setembro de 2009 às 13:32  

Boa exibição do SLB, mas aqui o nosso comentador parece que está a falar do Barça! Veloso, disfarça o entusiasmo eheh!!

Um golo fora de jogo, outro que o árbitro podia marcar também fora de jogo (apesar de não ter sido)

SLB muito forte, FCP normal,ou seja, forte e um SCP fraco como sempre o foi nas ultimas épocas..portanto vamos ter campeonato!
Honra seja feita aos vários golos que houve esta semana!

Pedro Veloso 15 de setembro de 2009 às 18:01  

Hmm agora ao reler se calhar concedo que exagerei um bocadinho, mas só na adjectivação, porque é tudo verdade:)

Numero Dez 15 de setembro de 2009 às 21:11  

Assino por baixo das tuas palavras pedro! Tómas tens uma certa razão mas nós benfiquistas somos pessoas que nos entusiasma-mos muito e falamos muito com o coração...;) A onda vermelha que tem acompanhado este inicio tem sido impressionate, e prevejo uma onda ainda maior a medida que o campeonato vai avançando, e é essencial que isso aconteça.