O projecto do Xeque

Muito se tem falado no projecto madridista de Florentino, com o ressurgir da aposta em galácticos de valor inquestionável, e com isso talvez não se esteja a dar o destaque devido à continuação da epopeia gastadora do Xeque Mansour, que há cerca de um ano tomou conta da maioria do capital social do Manchester City. A propósito, comprou-o a outro magnata, um ex-primeiro ministro tailandês a braços com um julgamento por corrupção no país natal (e andam os benfiquistas preocupados com "papões" do tipo Prisa ou Cofina, que ao lado das personagens sinistras que desaguam no futebol inglês parecem instituições de caridade...).

A aposta de Mansour, tal qual Abramovich no Chelsea uns anos antes, era clara, fazer do City, e praticamente do zero, o maior clube do mundo. Se o ano passado a investida no mercado, mal delineada e preparada, se saldou apenas no desvio de Robinho das barbas de Scolari e do Chelsea nas últimas horas do período de transferências, já este Verão tem-nos presenteado com um ataque fortíssimo a tudo o que mexa e marque golos, com 100 milhões já gastos e um fascínio incontrolável pela posição de avançado. Roque Santa Cruz, Carlos Tevez - num golpe profundo ao rival United, que creio se ir arrepender de não ter valorizado o argentino suficientemente - e Adebayor enriqueceram um plantel que na linha de ataque já contava com Bellamy, Bojinov, Benjani, Caicedo (por quem o Sporting desespera) e Ched Evans. Se cabem todos, logo se verá, o que importava era dotar de Mark Hughes de um poder de fogo de respeito, e das dispensas depois se trata (um pouco como em Madrid, curiosamente ou não).

A par disto, uma excelente contratação para o meio-campo, Gareth Barry, e, ao que parece, Lescott chegará para defesa-central. Muito importante também, Martin Petrov estará completamente recuperado das lesões que o apoquentaram durante muito tempo.

Aceitam-se apostas para o que o City poderá fazer, para já perdeu 2-0 num particular na África do Sul, mas de facto a tarefa de Mark Hughes, ainda que aliciante, poderá ser hercúlea, porque conjugar tantos craques novos e egos (o de Robinho então...) será um problema.

Podemos tentar imaginar o que seria uma equipa titular, em 4-4-2: Shay Given indiscutível na baliza, uma defesa com Micah Richards, Richard Dunne e um central a chegar (ou talvez um recuo de Kompany para a posição que o notabilizou no futebol belga), e Wayne Bridge à esquerda; meio-campo com Elano, Ireland, Barry e Robinho; Adebayor e Tevez na frente. Com Petrov, De Jong, Shawn Wright-Phillips, Bellamy ou Santa Cruz à espreita de um lugar ao sol. Uma grande equipa em qualquer parte do mundo, embora a precisar de se reforçar na zona central da defesa.

Não sei se o projecto vai resultar, pelo menos já no ano que vem, mas vaticino um quarto lugar, com apuramento para a Champions. Atrás de United, Chelsea e Liverpool (não necessariamente por esta ordem) e à frente de um Arsenal em que mais uma vez o sr. Wenger se vai orgulhar de "estar a formar uma equipa para o futuro" e "jogar um futebol muito bonito"...pois e títulos?

9 Passes de rotura:

João 21 de julho de 2009 às 00:19  

Concordo com a análise!Aliás já temos vindo a trocar impressões sobre isto. Quem ainda se dá ao luxo de emprestar o Jô tendo em conta o que pagou por ele, diz muito do que tem no plantel. A compra de lescott, Terry o uoutro central também me parece de indiscutível prioridade. Contudo desconfio do 4ª lugar pelo treinador. Não lhe reconheço a competência que parece que goza por aquelas bandas.
Jogos como contra o sotke city em que o city perdeu por 1-0 (golo aos 40) após estar + de 50 min. sem qualquer alteração táctica decente e em que se mostrava conformado pareceram-me bastante confrangedores. Posso estar errado e, além disso, tem muitos jogadores que decidem jogos.Abraço!

João 21 de julho de 2009 às 00:26  

ps: o Stoke estava com 10 desde os 37`.

Pedro Veloso 21 de julho de 2009 às 11:52  

Pois também tenho as minhas dúvidas sobre o Mark Hughes, a verdade é que ele tem muito prestígio em face do grande jogador que foi (sobretudo no United, curiosamente), o que lhe dá alguma margem de manobra...

Anónimo 21 de julho de 2009 às 16:41  

Eu acho que não é assim que se faz uma equipa...enfim.

São demasiados jogadores bons para as mesmas posições.

W-Philips, Robinho, Petrov para 2 posições
Tevez,Adebayor,Jô,Bellamy,Santa Cruz e Caicedo para outras 2 posições.
Só digo já que este projecto não vai a lado nenhum por causa do Tévez que é dos meus avançados preferidos e não é nada vedeta, joga em qualquer lado sempre com a mesma dedicação.

Tomás

Pedro Veloso 21 de julho de 2009 às 17:20  

O Jô voltou a ser emprestado, até ao fim da próxima época, ao Everton, o Caicedo também vai ser despachado e os outros avançados "secundários" também.

Se ficarem com Adebayor, Tevez, Bellamy e Santa Cruz é um ataque muito bom em número e qualidade, claro que depois há um caso disciplinar com o Bellamy e zangam-se todos;)

Claro que são demasiados jogadores bons para as mesmas posições Tomás, também nas alas como dizes, mas aí é que se vai ver se o Mark Hughes tem pulso nas vedetas. Por outro lado, se repararmos no plantel como um todo, à parte o ataque não houve grandes mudanças no plantel, há uma base sólida que se mantém e com um extra de classe no ataque, pelo que isto até pode resultar bem

Anónimo 21 de julho de 2009 às 20:49  

Vamos ver, eu adoro o Barry..

Tomás

Duarte 24 de julho de 2009 às 18:25  
Este comentário foi removido pelo autor.
Duarte 25 de julho de 2009 às 01:21  

Desculpa o atraso no comentário Pedro, mas a verdade é que a minha vida pessoal e profissional tem-me impedido de participar no blogue de forma regular. De qualquer modo, parabéns por mais um bom e pertinente post.

Pela primeira vez concordo inteiramente com o Tomás. Acho que o plantel do City está altamente desequilibrado. Faz-me lembrar um pouco o Porto de Co Adriaanse pois ambas foram equipas construídas da frente para trás. É impressionante o leque de avançados que os blues de Manchester dispõem, mas para o meio campo só vejo Gareth Barry e eventualmente Ireland com capacidade para render o exigível num clube com tanto dinheiro.

Não concordo com a crítica subentendida que fazes ao Arsenal de Wenger. É das equipas que mais gosto de ver jogar e, enquanto teve possibilidade para isso, foi conseguindo ombrear com o Manchester em Inglaterra. Depois, com o crescimento do Chelsea e a retoma do Liverpool, ficou inevitavelmente para trás porque a capacidade financeira é incrivelmente menor. Tenho pena que por exemplo este milionário árabe que tanto gastou no City não tenha apostado no Arsenal, até porque seria um investimento seguramente mais barato, visto que qualidade têm os gunners que chegue e sobre, seriam precisos alguns retoques no plantel e já agora, para quem acredita, an presença em full-time de um bruxo que evitasse as lesões dos jogadores (ainda se lembram de Rosicky e Eduardo? Eu às vezes esqueço-me que eles ainda existem).

Pedro Veloso 25 de julho de 2009 às 22:27  

Obrigado Duarte. De facto eu sou bastante crítico do Arsenal. É bem observado isso de a ascensão de Chelsea e Liverpool complicarem a vida dos gunners, mas eu acho que não é só falta de dinheiro, acho que é teimosia do Wenger em apostar em gajos que, em muitos casos, não vão dar em nada, sobretudo ligados à "escola francesa". Jogadores como Song, Djourou, Silvestre ou Bendtner não os queria no Benfica, quanto mais lá. Não percebo mesmo o Wenger às vezes, este ano até o Real Madrid recusou por ser um desafio muito grande!Pois, é muito mais cómodo jogar para o quarto lugar em Inglaterra...
Bom e confesso que ele também me irrita particularmente desde as guerras com o grande Mourinho:)