Portugal e o Futuro

Sempre fui um defensor de Carlos Queiroz como Seleccionador Nacional. Depois de 6 anos em que Scolari se fez rodear de um grupo restrito de jogadores, a tão mediatizada "família Scolari", o estado de podridão e pobreza em que foi deixada a formação a nível de Selecções, goste-se ou não de Felipão, obrigava a mudanças e a uma re-estruturação drástica. Precisava-se de alguém conhecedor da "casa" e com créditos firmados na importante (e em Portugal extremamente problemática) fase de transição de um jogador de futebol de júnior para sénior, para o futebol "a sério". E para tal tarefa, penso eu, ninguém melhor que o Prof. Queiroz, bi-campeão mundial sub-20 e campeão europeu de sub-17. É nessa perspectiva que compreendo o contracto de 4 anos que foi celebrado entre Federação e técnico. Eram necessários tempo (provavelmente nem 4 anos seriam suficientes) e condições para re-organizar a estrutura da formação, de forma a suavizar o processo de transição para a Selecção AA.

Sejamos claros. O (relativo) sucesso que Portugal teve em Europeus e Mundiais na primeira década do Século XXI não se deve a Scolari, António Oliveira ou Gilberto Madaíl. Deve-se sim a uma geração única no nosso futebol, que nos deu a conhecer génios e, acima de tudo homens, como João Vieira Pinto, Rui Costa, Luís Figo, Vítor Baía, Fernando Couto, Jorge Costa, Sérgio Conceição, Paulo Sousa, Nuno Gomes, Pauleta, Jorge Andrade, entre outros. Uma geração que mais tarde foi complementada pelo Super-Porto de Mourinho (que considero ter mais mérito no segundo lugar de Portugal no Euro 2004 do que o Seleccionador brasileiro), com Paulo Ferreira, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Maniche e Deco, aos quais se juntou ainda Cristiano Ronaldo. Porém, agora, tudo isto (quase tudo) acabou. Resta uma mescla de jogadores que apesar de se terem destacado a nível de clubes, viveram muitos anos na sombra da "família Scolari". À maioria não lhes falta qualidade, falta cultura de Selecção e experiência internacional.


Foi neste contexto, de uma transição difícil mas urgentemente necessária, que se jogaram a Fase de Apuramento e a Fase Final do Mundial da África do Sul. Portugal não deslumbrou, é verdade, mas na minha opinião é falso, é irrealista, dizer-se que os objectivos mínimos não foram cumpridos. Como diz Mourinho "No eggs, no omlets!". Faltou certamente garra e audácia, como faltou também uma estrutura federativa competente e bem organizada, capaz de fechar o grupo de jogadores do assédio por parte da comunicação social. Foi nessa vulnerabilidade que começou o processo de linchamento público do qual Carlos Queiroz tem sido vítima. Foi também através da comunicação social que o maior responsável por todo este processo, o Secretário de Estado Laurentino Dias, se começou a intrometer nos assuntos da Selecção, mandando os jogadores "falarem menos e jogarem mais".


Após o afastamento de Portugal do Mundial e com o vasto número de declarações infelizes de jogadores, responsáveis e equipa técnica, a comunicação social iniciou um ataque cerrado ao Seleccionador. Vendo-se pressionado pela opinião pública, Laurentino Dias decidiu que era politicamente necessário afastar a equipa técnica, encabeçada por Carlos Queiroz. Não havendo razões de mérito desportivo para o fazer, desenterrou-se então o incidente com o ADop, onde se transformou um insulto numa grave tentativa de bloquear um controlo anti-dopagem. Onde estavam estes moralistas quando Scolari tentou agredir Dragutinovic em pleno relvado? Alguém tem dúvidas que se Portugal tivesse atingido as Meias-Finais ou a Final do Mundial não se tinha desenterrado a "c*** da mãe do Luís Horta" do baú? O resto do processo é do conhecimento público e sobre isso não me vou alongar mais.


Resta agora olhar para o futuro após a mais que provável saída de Queiroz, a qual deverá ser anunciada na reunião de hoje (quinta-feira) dos mais altos quadros federativos. O que acontecerá aos verdadeiros responsáveis pelo estado amorfo em que o futebol português se encontra? Nada! Laurentino Dias continuará no seu cadeirão pronto a apontar o dedo sempre que se levantar uma onda negativa na opinião pública em relação ao futebol e Gilberto Madaíl, que demonstrou, uma vez mais, não estar disponível para defender os interesses do futebol português, vai-se continuar a perpetuar no topo da estrutura federativa, tal como Amândio de Carvalho, por muitos considerado como o maior responsável pelo "Caso Saltillo".


A única mudança resumir-se-á então à ponta do iceberg, o lugar de Seleccionador Nacional. Olhando para as hipóteses possíveis, vislumbram-se poucas alternativas viáveis. Em cima da mesa, segundo a imprensa, estão alguns técnicos estrangeiros de créditos provados, com Luis Aragonés e Javier Aguirre à cabeça, sendo que Paulo Bento também vem sendo falado. Espero que nem uns nem outro. Os primeiros (sobre quem severá recaír a escolha) porque não são portugueses, algo que deveria ser condição necessária para se sentar no banco de suplentes. O segundo porque é mau treinador. Na maneira como olho para este problema, penso que a escolha deveria recaír sobre alguém que, tal como Queiroz, conheça o futebol português desde as bases e que tenha a tal "cultura de Selecção". Jesualdo Ferreira (não gosto do estilo, mas reconheço-lhe mérito) seria uma escolha óbvia e, para mim, a mais acertada. Conhece a "casa", onde trabalhou durante muitos anos, está numa fase madura da carreira e identifica-se com o esquema táctico primordialmente utilizado pela Selecção, o 4-3-3, que tão bem soube trabalhar no FC Porto. No entanto, o contrato recentemente assinado com o Málaga, iria provavelmente inviabilizar esta escolha. Além de Jesualdo, não encontro nenhum treinador português experiente que preencha os requisitos necessários para ser Seleccionador (Manuel Cajuda e Manuel José não me parecem boas opções). Porque não então apostar em alguém mais novo, alguém conhecedor do futebol moderno? Paulo Sousa vem fazendo um trabalho interessante em Inglaterra e passou pelas várias etapas da formação até se formar como um grande jogador nos AA's. Conhece a "casa" e tem, como poucos, "cultura de Selecção". Não seria certamente uma escolha consensual e não estará nesta altura nos planos da Federação, mas se há momento para arriscar, é agora, quando nada pode correr pior do que já está. Portugal não tem nada a perder.


No entanto, infelizmente, o escolhido vai muito provavelmente ser estrangeiro. Quem quer que seja vai encontrar uma Selecção triste, amorfa e desmotivada. Porém, encontrará também uma Selecção onde começam a aparecer soluções para os lugares habitualmente vistos como problemáticos. Na baliza, e apesar dos recentes erros, há Eduardo (não podemos esquecer o fantástico Mundial que "adormeceu" dois meses o "fantasma" que existe na baliza portuguesa), sendo que Daniel Fernandes e Rui Patrício, com tempo, também lá poderão chegar; nas laterais surgem opções de futuro, mas que já dão garantias no imediato, Coentrão e Sílvio; No meio-campo, Meireles e Tiago ganharam maturidade e experiência internacional, são opções válidas. Manuel Fernandes necessitará de maior regularidade e utilização para atingir os patamares desejados. Veloso e Amorim oferecem confiança e polivalência. Hugo Almeida (muito criticado ao início), é agora um jogador importante na manobra ofensiva da Selecção. Quaresma parece ressuscitado, Varela e Danny são boas opções, Nani tem muito para oferecer à Selecção. Resta encontrar um verdadeiro líder dentro de campo (Bruno Alves?) e enquadrar Cristiano Ronaldo neste necessário que, em termos de recursos humanos, me parece bem mais favorável do que aquele que existia há dois anos. Portugal tem tudo para dar certo. Falta, no entanto, uma estrutura federativa que crie as condições necessárias ao sucesso da equipa, e isso, infelizmente, parece que ainda vai demorar muito tempo a acontecer...

14 Passes de rotura:

Pedro Veloso 9 de setembro de 2010 às 17:20  

João, excelente post, concorde-se ou não com a maioria dos argumentos.

Ponto prévio: um homem como Queiroz (ou Jesualdo, bem lembrado!), ou alguém com competências na formação, era sem dúvida necessário depois do deserto que o Scolari (como disse o Toni ontem, o homem das bandeirinhas) deixou.

Agora, acho que o Queiroz pode ser director técnico ou seja o que for, treinador é que não. Não ganhou quase nada na carreira, não é nada lúcido do ponto de vista táctico, tem problemas com os jogadores, mas porque usa linguagem científica e agora é um wannabe metrossexual parece bom. Além de que cede completamente aos compadrios cá do burgo, senta-se na Tribuna do Dragão e Braga frequentemente, convoca Betos, Sílvios e afins por favor, etc.

Por outro lado, isto não invalide que eu discorde da tese de que isto tudo foi orquestrado. Tivesse ele ido mais além no Mundial, nada disto teria sido levantado. Mas, com franqueza, também não acho que se possa desvalorizar assim tanto a frase da "c. da mãe dele", não é propriamente um insulto dentro de campo entre jogadores. Mal ou bem, o director da AdoP, pelo cargo que ocupa, não é propriamente para ser insultado. E não me venha o Queiroz dizer com ar de sonso que estava frustrado porque não é desculpa. Até porque já não é a 1ª vez, anda sempre todo abespinhado com a crítica, pegou-se com o Jorge Baptista no aeroporto, etc. Sempre passou uma imagem de cordialidade e tipo civilizado que me parece estar bastante longe da verdade.

Quanto ao futuro, eu, ao contrário de ti, acho que de longe o melhor é um estrangeiro. Tem que ser alguém de fora, que se perceba que é completamente independente e não levante anti-corpos. Até acho que cá em Portugal há treinadores que poderiam ser, mas há sempre alguma coisa que desagrada a alguém: o Cajuda porque é assumidamente benfiquista e desalinhado com o sistema; o Manuel José porque já foi vetado uma vez pelo PC e não agrada ao Porto; o Paulo Bento porque está colado ao SCP e porque aparentemente o PC gosta muito dele; o Fernando Santos (para além de já estar ocupado) porque tem fama de ser um pouco banana, etc., etc. Só o Mourinho escaparia.

Defendo no entanto que seja um europeu, que conheça bem o nosso futebol. Aterrar cá um Aguirre do outro lado do Atlântico que nunca ouviu falar em metade dos nossos jogadores não me parece bom.

P.S. Paulo Sousa, para além de um benfiquista estar proibido de sugeri-lo para alguma coisa lol, acho que é um flop...

Tomás Pipa 9 de setembro de 2010 às 23:14  

João, ainda bem que falas nisto.

(O Queiroz acabou de ser despedido)

Eu sou defensor do Scolari, primeiro pelos excelentes resultados que teve à frente da selecção. Chegar às meias-finais dum Mundial nos dias de hoje não é brincadeira tal como à final de um Euro, independentemente de ser em casa ou não. Para aqueles que dizem "ah e tal a final era em casa" recordo só que a última vez que uma equipa organizadora foi à final de um Euro (antes de Portugal em 2004) foi a França em 1984 e entretanto o Euro já se jogou na Alemanha,Inglatera e Holanda,equipas que poderiam ter ido perfeitamente à final e que até têm mais tradição que nós nestas andanças.

Sobre o Scolari ter deixado a estrutura da selecção numa "podridão" já não sei, mas gostava de saber porque o dizes. Só porque tinha os seus jogadores de confiança?Não acho certo.

Quando o Queiroz foi escolhido, na altura pareceu-me bem, mas à medida que fui vendo o nível do nosso futebol (jogos sofríveis contra equipas terríveis) e das convocatórias comecei a deixar de ser seu apoiante. O que é que ele fez que o Scolari não fez? Mudou todos os seleccionadores das camadas jovens? Com que resultados? Qualificámo-nos para o Euro sub-17 e sub-19 e Mundial sub-20, coisa que com Scolari também aconteceu. Falhámos a qualificação para o Euro sub-21 e com Scolari qualificámo-nos e até o organizamos (pouco interesas também), apesar de termos feito uma figura ridícula com a selecção do "Penteado e Tatuagem". Portanto, eu não sei que reformulação é essa que o Queiroz fez e que dizem que traz resultados. Quais foram as novidades? Convocar Danny, Duda mais regularmente,Eduardo,Edinho?Ricardo Costa,Rolando? Sinceramente acho que com Scolari Coentrão,Rolando (ou Carriço) e Eduardo e Varela acabariam por ser chamados. Os outros (Danny,Beto,Edinho,R.Costa,D.Fernandes)também não foram nenhuns achados nem foi por eles que ganhámos mais jogos. Portanto isso da renovação e reformulação é na minha opinião uma desculpa parva. Além do mais o Ronaldo jogava o dobro com o Scolari do que com o Queiroz. Com Scolari foi o melhor marcador da fase de qualificação para o Euro 2008, com Queiroz nem um golo marcou na fase de apuramento para o Mundial 2010.

Acho que também não podemos comparar a agressão do Scolari ao Dragutinovic com a ofensa do Queiroz ao Luís Horta. Uma é em jogo e outra não e acho mt pior o Queiroz (sendo ele um técnico) dizer o que disse (q é mesmo mt baixo nível) a um médico sério do que o Scolari tentar dar um banano ao Drago, mas isso não interessa mt para aqui chamado. O castigo justo para o Queiroz na minha opinião seria uma multa, nunca levar uma série de jogos que prejudicasse o rendimento da selecção nacional. Ainda por cima o Luís Horta é português e também deve com certeza torcer pela selecção.

Tomás Pipa 9 de setembro de 2010 às 23:15  

Não acho que o Queiroz tenha que sair por ter ofendido a mãe do outro, acho que tem que sair pela falta de resultados e ambição que mostrou neste tempo à frente da selecção. A convocatória para o Mundial 2010 foi um exemplo da sua falta de motivação. 18 jogadores defensivos e 5 ofensivos é de bradar aos céus! Claro que o início da qualificação para o Euro 2012 (e não me venham dizer q era o Agostinho) também são tiros nos pés. No Mundial chegámos aos 1/8Final, provavelmente também chegaríamos lá e seríamos eliminados também com o Scolari. Mas não marcar nenhum golo em 3 jogos?! Só conseguimos marcar golos a uma equipa amadora(mesmo que tenham sido 7)?Isso não é fazer um bom Mundial, não é ter chama. Nenhum português se orgulhou da selecção, mesmo que tivessemos antingido os objectivos.

Em relação ao substituto estou como o Veloso em alguns pontos. Aragonés para mim era uma incógnita. Foi Campeão da Europa é verdade, mas gostava de saber até que ponto é que ele foi responsável por isso. Antes do Euro 2008 o Aragonés (tal como o Irureta) não passava dum M.José lá do sítio e como se viu,Aragonés saíu e a Espanha continuou a ganhar. De qualquer das maneiras, não me oporia ao Aragonés.

M.José não gosto, fala de mais e diz demasiados disparates. Acho que seria o típico seleccionador que deixaria sempre um lugar nas convocatórias reservado para uma surpresa(só para não haver ninguém a acertar nas suas escolhas).

Cajuda idem.

Aguirre estou com o Veloso, é cair aqui nitidamente de para-quedas!

Jesualdo não veria com maus olhos, mas acho que ele faz sempre o minimo, ou seja, ganha aos maus (neste caso teria ganho ao Chipre,Dinamarca e Noruega) e perde com os bons,nunca surpreende!

Fernando Santos também não desgostava,é um treinador sério e com ele os jogadores não fariam farinha. Pena estar ligado contratualmente à Federação Grega, uma federação por si só forte.

Paulo Bento sim, é o meu preferido. Está ligado à formação (bi-campeão nacional de juniores), conhece a maioria dos jogadores da selecção, não se ligaria a nenhum clube como faz o Queiroz. Acabava com esta palhaçada de Beto,D.Fernandes,Edinho,Ricardo Costa etc.. Alguém tem dúvidas que com ele é Eduardo e R.Patrício logo?Para quê inventar? Jogaríamos em 4-4-2 losango? Não acho. No Sporting PB jogou em 4-4-2 losango porque quando chegou, os jogadores que tinha eram jogadores para jogar nesse modelo e a partir daí o Paulo Bento desenvolveu esse modelo e bem.Sem resultados?Até uma Taça de Portugal ganhou resolvida pelo Tíui, acho que nenhum treinador no mundo se pode vanglorizar dum feito semelhante. F.Santos e Peseiro, seus antecessores tb tinham jogado em 4-4-2 losango e nos juniores o PB jogava em 4-3-3, portanto não acho que possamos ligar o PB sempre a um 4-4-2 losango.

João S. Barreto 9 de setembro de 2010 às 23:33  

Tomás quando digo que o Scolari deixou a estrutura numa podridão, digo-o no sentido em que à medida que os jogadores referidos foram desaparecendo por uma outra razão, não se vislumbravam jogadores com dimensão para os substituir. Neste momento, penso que já existem e deve-se à aposta de Scolari. Óbvio que também não gosto de Edinhos e Eliseus, mas quando foi a sério ficaram em casa. No Euro 2004, Scolari tinha como base da sua equipa o Porto Campeao Europeu. A unica diferença é que em vez de Derlei, Carlos Alberto e Alenitchev tinha Ronaldo, Figo, Pauleta, Nuno Gomes e Rui Costa. E tinha também o Miguel (na altura provavelmente o melhor lateral direito da europa). Não ganhar (duas vezes com a mesma equipa) nestas condições é incompetencia.

As camadas jovens é verdade, os resultados não foram bons. Mas a verdade é que o contrato era de 4 e não de dois anos o que, como disse no post, só pode ser interpretado como o tempo mínimo para se fazer uma mudança. A verdade é que hoje tens mais jogadores da selecção sub-21 que jogam em clubes da primeira divisão, o que considero importante. Aqui há também responsabilidade de alguns treinadores portugueses mais jovens que preferem apostar em jovens portugueses com talento do que brasileiros em saldos.

Ao contrário de ti, acho a agressão de Scolari bem mais grave que um insulto, mas isso depende de cada um. Se Queiroz fosse despedido pelos resultados eu não concordaria, mas seria legitimo. Pelo "caso Laurentino Dias" é ridículo. As maçãs podres continuam todas lá.

Fernando Santos (não me tinha lembrado) e Jesualdo parecem-me ser as melhores escolhas, mas parece que vai ser mesmo Paulo Bento. Isso sim é um tiro nos pés. Espero estar enganado!

Pedro Veloso 10 de setembro de 2010 às 01:46  

Estou agora a ouvir o Carlos Dinis, ex-técnico das camadas jovens da federação, a dizer que a diferença na preocupação com os escalões de formação entre Scolari e Queiroz foi...zero. Com a diferença de que o brasileiro sempre se assumiu como vindo apenas para gerir a selecção AA, e o Queiroz supostamente era o guru. Lá se foi o mito.

Tomás o P.Bento tem coisas boas que enunciaste, mas também acho que é limitado tecnicamente (mas isso o Scolari também era). É um chefão à Scolari e é por causa disso que o vão buscar. Agora, tem coisas que o Scolari (ou o Dunga no Brasil) tinha, de chefe que não olha a meios, cria um grupo coeso e elege umas ovelhas negras. Vai de certeza haver um novo caso Baía ou do género. E o Carlos Martins nunca mais irá à selecção, por mais que mereça.

Tomás Pipa 10 de setembro de 2010 às 01:49  

João, achas mesmo que há mais sub-21 na Primeira Liga hoje em dia do que no tempo do Scolari? Eu não acho nada por acaso, nem acho que tenha vindo a crescer o número de jogadores portugueses em relação aos brasileiros, tal como te disse hoje à tarde, os bons valores nacionais (das equipas pequenas claro) vão logo para o Chipre,Bulgária,Roménia,Turquia,Rússia,Ásia,etc.e mesmo os brasileiros como o Cássio por exemplo. Não tenhas dúvidas que dentro de 1/2 anos o Marinho da Naval que é um bom valor nacional também vai lá para fora.

Esqueci-me também de referir que na era Scolari, com Couceiro fomos ao Mundial sub-20 (a qualificação não foi o Couceiro) e ao Euro sub-21 (dps de uma recuperação histórica contra a Rússia no play-off),ainda ao Jogos Olímpicos sub-23 em 2004 e apenas não fomos aos Jogos Olímpicos em 2008 porque perdemos por penaltys contra a Itália no jogo decisivo.

João, mas isso dos jogadores irem envelhecendo e não haver alternativas é como? Á medida que se vão retirando há sempre novos jogadores a serem chamados...não percebi mt bem o que queres dizer

Tomás Pipa 10 de setembro de 2010 às 01:51  

Veloso, acho que estás a ser injusto em relação ao dizeres que o Paulo não vai chamar o Carlos.

Lembras-te do Scolari ter chamado o Carlos pela primeira vez? Não te lembras do PB ter dito ao Scolari "Oh Mister,olhe, leve-o!vai-lhe fazer bem". O PB gostava mt do Carlos Martins, mas quando um jogador tem oportunidades e oportunidades e continua a dar tiros nos pés, não há treinador que resista

João S. Barreto 10 de setembro de 2010 às 12:19  

Tomás, acho! É óbvio que há cada vez mais brasileiros, principalmente nos clubes da primeira metade da tabela, mas vê por exemplo Paços de Ferreira, Portimonense e Olhanense o ano passado, já vão tendo vários jogadores dos sub-21.

Pois o Carlos Diniz disse isso, mas ainda não ouvi o Oceano, Peixe ou Ilídio Vale com a mesma opinião.

Tomás o que eu quero dizer é que na era Scolari (tudo bem que tem os seus jogadores de confiança que como todos os jogadores envelhecem) não foi pensado o futuro da Selecção. Esta é a sensação que eu tenho! Os jogadores que naturalmente, ou não, vieram a substituir os antigos não foram preparados para assumir esse papel. Tiveram que o fazer em plena qualificação. Se é verdade que o Queiroz chamou Edinhos e Eliseus, o Scolari também chamou, por exemplo, Jorge Ribeiro e Rogério Matias (e o Duda e o Ricardo Costa, não nos esqueçamos!).

João S. Barreto 10 de setembro de 2010 às 12:20  

Tomás, acho! É óbvio que há cada vez mais brasileiros, principalmente nos clubes da primeira metade da tabela, mas vê por exemplo Paços de Ferreira, Portimonense e Olhanense o ano passado, já vão tendo vários jogadores dos sub-21.

Pois o Carlos Diniz disse isso, mas ainda não ouvi o Oceano, Peixe ou Ilídio Vale com a mesma opinião.

Tomás o que eu quero dizer é que na era Scolari (tudo bem que tem os seus jogadores de confiança que como todos os jogadores envelhecem) não foi pensado o futuro da Selecção. Esta é a sensação que eu tenho! Os jogadores que naturalmente, ou não, vieram a substituir os antigos não foram preparados para assumir esse papel. Tiveram que o fazer em plena qualificação. Se é verdade que o Queiroz chamou Edinhos e Eliseus, o Scolari também chamou, por exemplo, Jorge Ribeiro e Rogério Matias (e o Duda e o Ricardo Costa, não nos esqueçamos!).

Tomás Pipa 10 de setembro de 2010 às 12:49  

Mas o que é preparar os jogadores para assumir esse papel?

João, o Scolari chamou o Rogério Matias (deixa-me dizer uma barbaridade: o Rogério Matias centrava tão bem como o Beckham, só que de pé esquerdo lol) e o J.Ribeiro foi merecidamente chamado também. Podemos é falar do Bruno Vale lol,mas nunca tivemos o coração na mãos por uma possível convocatória do R.Matias a uma fase final como tivemos por uma possível convocatória do Edinho.

Tens razão, no Olhanense sim, mas o Paços?pq? Pizzi,Candeias e Romeu Torres (não sei se já foi chamado), antigamente também jogavam cá.

O que acontece é quando começa a fase de qualificação para os Euro sub-21 os jogadores que são convocáveis são todos aqueles que fazem até 21 anos até ao fim do ano em que começa a qualificação, ou seja, para o Euro Sub-21 2013 a qualificação comecerá em 2011, por isso os jogadores mais velhos que jogarão serão os de 1990 (Diogo Rosado,Diogo Amado,Wilson Eduardo,David Simão,Diogo Viana,Josué,Leandro Pimensa,Abel Pereira,João Pereira etc..), e depois podem jogar a fase de qualificação toda em 2012 alguns já terão 22 anos e na Fase Final no Verão de 2013 alguns já terão 23 anos. Sendo assim, é normal que os jogadores se vão transferindo para os clubes de I Liga à medida que avança a fase de qualificação por uma questão de maturidade dos jogadores. Quando se começa as fases de qualificação dos sub-21, se fores ver, a maioria dos jogadores são desconhecidos para a maioria dos adeptos porque ainda estão a rodar em equipas de ligas menores.

Mac 11 de setembro de 2010 às 00:13  

Li por alto os comentários.

Nunca gostei do Scolari, irritam-me as rezas, irritam-me as bandeiras, irrita-me que não tenhamos ganho nada com a melhor geração do futebol português, irrita-me que se defenda uma pessoa que perdeu uma final em casa porque não sobre proteger a equipa do eufurismo que ele proprio criou a volta dela. O Scolari não é treinador é motivador. Pode ter mostrado resultados, mas também mostrou Humberto Coelho, arrisco me a dizer que até eu com aquela equipa mostraria. Com o trabalho do Mourinho, a jogar em casa, consegiu perder 2 vezes com a Grécia. Teve apuramentos sofridos tal como Queiroz.
Esmifrou a selecção até a ultima gota, quando viu que tava acabar a Gerrção de Ouro bateu com a porta e deixou um deserto de soluções!

O Queiroz, goste-se ou não do professor, consegiu o apuramento com metade das soluções do Homem das Bandeiras, herdou a Vedeta como capitão que acha que tá acima de tudo e todos e não consegue perceber que tá a representar 10 milhões de pessoas e não é a escarrar para as camaras e a passar 90 mins a passo que nos orgulhamos dele! Perdeu Nani, perdeu Pepe! Não tem soluções ofensivas porque o brazuca não preparou o futuro! Fez uma convocatória polémica mas á falta de soluções ofensivas porque não apostar num futebol mais pragmático! Consegiu passar os grupos e por pouco não ficou em 1º, não fomos assim tão inferiores ao Brasil. Fomos eliminados pela campeã do Mundo com um golo fora de jogo! Podiamos ter passado perfeitamente? Podiamos!
Cumpriu os objectivios minimos! Não desiludiu ninguem!
Se eu acho que foram injustos com o homem? Acho. Se eu queria que ele fosse despedido? Queria mas não desta forma, e só queria não pelos resultados despoirtivos mas porque já ninguém o apoiava! Inclusivamente o palhaço do nosso capitão, que ainda antes do desfecho da reunião, vem manifestar apoio a Paulo Bento em vez de se manter caladinho!
É uma tristeza que ninguém ponha juizo no Ronaldo e que o Madail continue lá! Continua-se a ir pelo caminho mais fácil que é despedir o seleccionador!

Gosto mil vezes mais do Queiroz do que do Scolari. Sei perfeitamente que ambos são maus. O Scolari teve o apoio dos jogadores que faltou ao Queiroz. Mas não tenham dúvidas que o Queiroz percebe 1001 vezes mais de futebol que o Felipão!

Para o futuro(que está negro), espero que venha um portugês, os estrangeiros vêm pra cá receber ordenados milionários, passar uma férias, querem mostrar resultados desportivos imediatos, porque para o futuro tão se a cagar. Qual é a diferença para um brasileiro ou para um espanhol que aquando da sua saida Portugal não tenha solução alguma´! É lhe indeferente!

Pedro Veloso 12 de setembro de 2010 às 00:40  

Mac tocaste aí num bom ponto que é o vedetismo do Ronaldo, e de facto foi incrível como ele foi falar no Paulo Bento ainda tendo nós seleccionador. Mas já ninguém se espanta com as atitudes dele.

"Mas não tenham dúvidas que o Queiroz percebe 1001 vezes mais de futebol que o Felipão" Até já partilhei desta opinião, mas se formos olhar para os currículos de ambos torna-se um bocado escandaloso dizer isto lol, estamos a comparar um campeonato do mundo, taça dos libertadores, etc., com uma Taça de Portugal contra o Marítimo (não estou a contar com os Mundiais de Juniores do Queiroz).

Há aqui uma questão que acho que estamos também a confundir, que é essa história de preparar o futuro da selecção: claro que há que convocar os bons valores que vão aparecendo, mas não é o seleccionador que forma jogadores...

Tomás não te esqueças, em relação ao Carlos Martins, que não houve só questões técnicas, o Carlos chamou publicamente mentiroso ao Paulo Bento e ao departamento médico do SCP (e, ao que sei, com toda a razão, quase que lhe arruinaram a carreira, teve que se ir tratar por sua conta e risco à Alemanha).

Tomás Pipa 12 de setembro de 2010 às 01:46  

Sim, e também há que dizer que o contrato do Scolari nunca teve a ver com a preparação do futuro como foi o do Queiroz. Scolari foi pago para ganhar, não foi pago para andar com ecrans touch com programas sobre os jogos que cada jogador fez.

Mac,o Queiroz perdeu Pepe, mas também para o pôr a jogar a trinco..

Veloso, isso do C.Martins chamar mentiroso ao P.Bento é, como diria M.Cajuda,"Conversa para boi dormir". O P.Bento é o homem mais sério do futebol português a par do V.Manuel e o C.Martins tem mt que se lhe diga. De qualquer das maneiras não acho que o P.Bento caso venha a ser seleccionador (que duvido, se fosse já tinha sido apresentado) cortasse as pernas ao Carlos caso este merecesse a convocatória

Pedro Veloso 12 de setembro de 2010 às 15:07  

Não é conversa para boi dormir, sei de pessoas que conheceram aquilo que de facto o Carlos teve sempre razão na história da lesão.