A Caminho de Madrid

De Munique e Milão, vinham vantagens (de 1-0 e 3-1, respectivamente) para as equipas que jogaram a primeira mão destas meias-finais da Liga dos Campeões em casa, que deixavam ainda grandes dúvidas sobre quem iria ocupar as duas vagas para a grande Final do Santiago Bernabéu.




Olympique Lyon - Bayern Munchen

Ainda que importante, a vantagem de um golo trazida pelo Bayern, não permitia aos bávaros descansarem sobre o resultado, principalmente quando o adversário em questão era uma equipa que este ano já havia eliminado, por exemplo, o poderoso Real Madrid.

Não podendo contar com Ribery, Van Gaal colocou Altintop de inicio, promovendo também uma maior consistência no meio-campo. Na defesa a novidade foi Daniel Contento (apenas 19 anos) ao lateral esquerdo. Do lado contrário a grande baixa era Toulalan, também expulso na primeira mão. O Bayern apresentou-se muito bem preparado mentalmente e foi sempre superior à equipa da casa, praticando um futebol de surpreendente boa qualidade. Aos 26', aquele que viria a ser o homem da noite, Ivica Olic, marca o primeiro para os alemães depois de boa combinação de Robben e Muller pela esquerda. Já na segunda parte, Cris borra a pintura e é expulso de forma muito infantil, vendo dois amarelos no mesmo minuto. A partir daqui pouco havia a dizer sobre quem seria o vencedor, mas o Bayern fez questão de exercer e intensificar o seu domínio fazendo mais dois golos pelo avançado croata, que deste modo conseguiu um hat-trick. Aos 30 anos Olic atravessa agora a melhor fase da sua carreira. Van Gaal consegue assim chegar mais uma vez a uma Final da Champions. Porém, muito provavelmente não poderá contar com uma das suas maiores estrelas, pois Frank Ribery foi suspenso por 3 jogos. Fase complicada na vida do francês.

Barcelona - Internazionale

Em Camp Nou, sob um ambiente escaldante, jogava-se aquela que era por muitos vista como uma Final antecipada. Se a vantagem estava do lado dos pupilos de Mourinho, todos sabemos a facilidade que este Barcelona tem para marcar golos.

As adversidades para a equipa do "Zé Mário" começaram bem antes do jogo. O autocarro demorou mais de uma hora a fazer um percurso pequeno entre hotel e estádio. A equipa chegou ao estádio debaixo de insultos e assobios e, pior que tudo, Pandev que estava na equipa titular para este jogo, lesionou-se no aquecimento. O treinador português tinha como opção alternativa Mariga, mas segundo ele o kenyano ainda não tem estaleca para estas andanças e por isso entrou Chivu, que jogou perto de Cambiasso, numa atitude assumidamente de contenção.

A estratégia do Inter foi patente desde o apito inicial e manteve-se ao longo dos 90 minutos. Os italianos limitaram-se a jogar em cerca de 25 metros do campo, com um bloco muito baixo, procurando os lançamentos longos, invariavelmente à procura de Milito (Diego). Este por sua vez tinha como função sofrer faltas ou controlar a bola, sempre tentando quebrar o ritmo do Barcelona. Além da linha de 4 defesas, Mourinho colocou Chivu entre Cambiasso e Thiago Motta, com Eto'o, Sneijder e Milito muito recuados. Nos momentos defensivos, Eto'o era practicamente um segundo defesa esquerdo e o mesmo acontecia com o avançado argentino à direita. As coisas ainda se complicaram mais com a expulsão prematura e duvidosa de Motta logo aos 28'. Se jogar com onze frente ao Barça era difícil, com 10 parecia impossível. Contudo, os nerazzurri foram extremamente competentes nas suas tarefas, entregando a posse de bola quase totalmente ao Barça, que no entanto não conseguia encontrar o caminho para a baliza de Júlio César. Foi impressionante a forma como os italianos ocuparam os espaços. Evitando as marcações homem-a-homem, o Inter conseguiu anular as individualidades do Barcelona. Durante todo o jogo parecia que os jogadores blaugrana estavam à espera que Messi aparecesse, limitando-se a fazer o seu "tika-taka" desta vez muito pouco eficiente, mas esta não era a sua noite. Assim, só com as entradas de Bojan e Muntari (sim, do Inter) e com a passagem de Piqué para ponta-de-lança é que o Barça, contra o relógio, conseguiu criar mais perigo, acabando mesmo por marcar o golo da esperança, num trabalho de classe do melhor central europeu da actualidade, Gerard Piqué. O Barcelona ainda introduziu a bola mais uma vez na baliza por Bojan Krkic, mas foi anulado (bem) por mão de Touré.

Para desespero dos adeptos da casa, Figo e Mourinho saíram vencedores e vão marcar presença, eles sim, em Madrid. Il Speciale aproveitou para festejar à sua maneira, o que provocou o desagrado das gentes do Barça, nomeadamente Valdés. Muito feia a atitude dos responsáveis catalães, ao ligarem a rega no local onde o Inter festejava esta importante vitória. Como Mourinho disse antes do jogo "Estar na final de Madrid para o Barcelona não é um sonho, é uma obcessão".

Mourinho, pela maneira como organizou tacticamente a sua equipa, foi o grande responsável por esta vitória, mas há que enaltecer a exibição, acima de todos, de Cambiasso, mas também de Maicon, Zanetti, Samuel, Lúcio, Eto'o e Milito. Pela negativa, os 3 jogadores que entraram no decorrer do jogo (Córdoba, Mariga e Muntari) não se mostraram à altura dos seus colegas e tenho a convicção que mais minuto menos minuto o Barcelona acabaria por marca.
A recepção aos jogadores em Milão foi apoteótica e merecida.


Santiago Bernabéu

O tão aguardado confronto entre professor e aluno, Van Gaal e Mourinho, dois treinadores que já venceram esta competição, está então marcado para o dia 22 de Maio pelas 19:45, em Madrid. Curiosamente o ponto comum destes dois treinadores é o Barcelona. Espera-se um grande jogo de futebol, de duas equipas muito distintas, mas igualmente competentes e cujas maiores estrelas, Sneijder e Robben, foram "escurraçadas" do palco onde se vai desenrolar este jogo épico e regressam agora em busca de glória.

7 Passes de rotura:

Tomás Pipa 30 de abril de 2010 às 16:08  

Vibrei com o jogo do Inter como se fosse um jogo do Sporting! Mourinho é mesmo o melhor do mundo!

O Olic é um avançado bem trapalhão que eu não gosto muito. Já ganhou a Taça Uefa pelo CSKA.

A final da Champions para mim será entre Robben e Mourinho. Um reencontro muito especial também

Luís Marques 30 de abril de 2010 às 16:34  

O último treino do Inter em Milão, antes do Barça-Inter, foi mais ou menos assim:

-Quem quiser ir a Barcelona está proibido de jogar à bola. – disse José Mourinho.
-Desculpe lá, Mister, não estou a perceber.
-Para jogar à bola está lá o Barcelona. Nós vamos para ganhar a eliminatória.
-Ganhar sem jogar? Mas assim perdemos.
- Por isso é que o Special sou eu. Se queremos ganhar não podemos jogar.
-Então o que é que fazemos?
-Deixamos o Barcelona jogar, dar três ou quatro toques, e tiramos-lhes a bola.
-É aí que contra-atacamos.
-Não, entregamos a bola aos tipos.
-E depois?
-Depois deixamo-los dar três ou quatro toques e tiramos-lhes a bola.
-E não atacamos?
-Isso é jogar e nós vamos para não jogar.
-E se correr mal?
-Eu é que sou o Special One, se corresse mal eu era só o Normal One. Perto do fim do jogo até podemos deixar os gajos marcarem um golo para dar um frisson à coisa e torná-la mais especial.
-E correr, podemos?
-Quanto menos melhor, eles que corram, nós não somos uma equipa de atletismo. Perceberam?
-Mais ou menos.
-E tu, Quaresma, percebeste?
-Percebi, Mister, a gente chega lá e parte aquela ***** toda, nem os deixamos tocar na bola, mostramos aos gajos que quem sabe jogar somos nós.
-Bem me parecia que ias ver o jogo da bancada para aprenderes a não jogar demais. E tu, Balotelli, percebeste?
-Claro, Mister, se for preciso andar à porrada eu parto aquela ***** toda e mando os adeptos dar uma volta.
-Bom, tu vens connosco e ficas no banco, pode ser que venhas a ser preciso. Mais alguém quer jogar à bola? Não? Então bora lá ganhar a eliminatória.

Anónimo 30 de abril de 2010 às 17:09  

O LÍDER FALOU:

E as declarações do líder dos Super Dragões, a principal claque do FC Porto, ontem, à Antena 1, deixam antever um clima difícil. "Vai ser um jogo difícil e, por muito que eu tenha boa vontade, que a polícia tenha boa vontade e que toda a gente tenha boa vontade, depois de todos os acontecimentos e de tudo... o que se passou neste campeonato, é normal que todos os adeptos se sintam revoltados e com os nervos à flor da pele", atirou Fernando Madureira, que deixou mais um aviso: " Vamos tentar que as coisas corram pelo melhor, mas vai ser muito difícil."

Certo é que os agentes da polícia destacados para o FC Porto- -Benfica de domingo vão ter muito trabalho para assegurar que a ordem pública seja mantida.

Anónimo 30 de abril de 2010 às 17:37  
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Pedro Veloso 3 de maio de 2010 às 00:59  

Manu excelente análise do Barça-Inter, uma palavra para Cambiasso, que esteve monstruoso!

Pedro Veloso 3 de maio de 2010 às 11:59  

Manel não acho que Sneijder e Robben tenham sido escorraçados, o Real precisava de fazer não sei quanto € em vendas depois das quantias gastas em Benzema, CR9, Kaká, Albiol, etc.

João S. Barreto 3 de maio de 2010 às 12:11  

Veloso fui eu que ecrevi lol escorraçados porque foram muito importantes em anos anteriores (apesar das lesões) e de repente passaram a ser dispensáveis. Claro que ninguém os pontapeou dali pra fora!